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AVISO DE GATILHO
o início do capítulo (até a primeira quebra
de tempo) possui descrição gráfica
de fraturas expostas e gore.
leia com cautela.

A escuridão residia em todos os lados, Newt sentia o peito doer como se alguém repousasse sobre seu coração. Faltava ar, era desesperador.

Um pequeno ponto brilhou muito longe dali, quase imperceptível pelo breu, mas soou como um suspiro esperançoso para ele. Levantou do chão, apegando-se ao menor sinal existente de algo além daquele negrume. Seus pés estavam descalços e gelados, as mãos também já roxas pelo frio, com nada cobrindo o corpo além de uma camiseta branca e calça jeans.

Newton sempre disse que, tal qual Dante em A Divina Comédia, seu inferno também seria gélido. Aquilo tudo era assustador e mesmo que tentasse não demonstrar (apesar de estar sozinho), estava completamente apavorado.

A dor na cabeça alastrava-se pela nuca e tudo que o garoto queria era o fim daquele vasto "nada". Seus passos já eram muito mais apressados do que no início e o brilho não era mais tão fosco.

Uma pequena passagem era o impeditivo para a chegada até aquele clarão, muito estreita.

Ele adentrou com as pernas quase grudadas e a cabeça abaixada contra o peito, diminuindo a si mesmo de forma que fosse suficiente para chegar ao outro lado. Seus ombros eram encolhidos e parecia que a cada pequeno passo, aquele local se tornava menor.

A densidade do ar era inimiga de seus pulmões comprimidos, tudo doía, chegar em seja lá qual fosse a fonte daquela luz já não parecia valer tanto a pena, mas era impossível voltar.

O estalido de um osso de seu braço quebrando o causou desespero completo, desespero esse que implorava por um grito enclausurado que Newt não conseguia libertar. Mais sons. Mais ossos quebrados.

Não sentia os joelhos, sua cabeça era cada vez mais pressionada contra o peito e nem entendia como ainda conseguia caminhar naquela situação.

Uma poça de sangue se formava nas paredes de pedra, descendo até seus pés e inundando o pouco que era visível do chão escurecido. Aquilo era sensação de quase morte, era a única explicação possível.

Algo pareceu permitir por segundos que seu sofrimento escoasse para fora de seu corpo esmagado, foi quando ele finalmente conseguiu chorar e gritar pela dor.

Em seguida, um empurrão pareceu atingi-lo, mais semelhante a um atropelamento dos feios. Como um boneco desarticulado, o corpo magro do loiro caiu feito uma bomba no chão e outro berro inundou sua garganta.

Os olhos castanhos mal conseguiam ficar abertos diante daquilo, parte de si perguntava o motivo de estar passando por isso, o motivo de ter convivido durante tanto tempo com vultos e vozes que ele não conseguia explicar, o motivo de ser diferente e nunca ter conseguido formar grandes laços porque parecia que ele era errado.

Um zunido afligente rodou o ambiente, parecia vir de dentro de sua própria cabeça, era como se seus ouvidos fossem explodir a qualquer momento.

Em um último curto relance, Newt observou a fonte da luz que o levou até aquela situação penosa e ah, como ele estava arrependido daquilo, pois agora estava em frente a sua própria lápide.

Acordar após um pesadelo daqueles provavelmente era uma das piores experiências que Newton havia tido. Seu corpo estava inundado de súor, suas articulações doíam pela tensão e o moletom de malha grossa o sufocava.

Arrancou aquela blusa de si e encolheu as pernas contra o peito momentaneamente. Não se sentia seguro nem acordado e nem dormindo, nenhuma medicação parecia capaz de resolver aquilo.

my sweet fallen angel | newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora