Capítulo 8

1.5K 216 151
                                    


Simone estacionou o carro e desceu tirando o casaco. O dia tinha cido difícil, não tinha comido nada desde o café.

Os boatos e perguntas sobre o seu casamento não fizeram as coisas melhorarem, e sua paciência já tinha esgotado.

Pensou em ligar para saber como Soraya estava durante o dia, mas como ela mesma havia dito aquilo era um casamento de mentira, e esse tipo de coisa só era feita em casamentos de verdade.

Abriu a porta e sentiu a casa perfumada. Logo reconheceu que era cheiro de Thronicke. Virou-se para trancar a porta e só então percebeu um vaso de flor. Um vaso que não estava ali antes, e que não era para estar ali.

Flores lembraram enterro, e enterro lembrava seus pais. Simone bufou sem um pingo de paciência. Ela definitivamente odiava flores.

- Simone? É você? - a voz animada dela vinha da cozinha - Venha, preparei o jantar.

Ela respirou fundo caminhando em direção a cozinha. Pela primeira vez, depois de muito tempo alguém lhe esperava para jantar.

Soraya, com o cabelo preso em um coque, estava vindo em sua direção, com os seus olhos brilhando de alegria.

- Espero que goste de panqueca. - ela disse pegando sua mão, a puxando para cozinha
- Queria agradecer por ontem. Foi muito gentil. - ela disse sorrindo - Hoje, aproveitei o dia para me familiarizar com a casa e meio que tentei dar um pouco de vida a ela. Estava tão escura e fria. Espero que não se importe.

O que ela queria dizer com dar vida? - Simone se perguntou.

- Onde prefere se sentar? - perguntou quando chegaram a cozinha.

Simone não respondeu, estava ocupada olhando a "vida" de Soraya.

-O que significa isso? - ela perguntou franzindo o cenho.

- Isso o que?

- Esse mato todo na minha casa. - Simone disse seria sem alterar a voz. Soraya puxou a mão como se alguém tivesse lhe dado uma chibatada.

- Oh, a casa estava tão sem cor e eu não tinha nada pra fazer. Espero que não se importe.

- Eu me importo. - ela a cortou.

- É que bom...eu as acho tão bonitas e delicadas, e pense que... - Simone a cortou de novo.

- Eu não gosto delas, só servem para atrair bichos.

- Oh, quanto a isso não se preocupe, eu posso cuidar que isso não aconteça. Eu pensei que você... - ela a cortou mais uma vez.

- O que você não pensou é que a casa é minha e que antes de sair mudando as coisas, tem que falar comigo. Não gosto de flores. - ela declarou.

Naquele momento Soraya teve certeza de que se lhe tivesse arrancado um dedo, não doeria tanto.

Até ontem a casa era "nossa" Soraya pensou. Sentia raiva e estava magoada, eram apenas flores, tudo bem, mas a intenções dela eram as melhores.

Alguns segundos de silêncio se passaram até ela se pronunciar.

- Você tem razão. - ela disse olhando para todos os lados menos de Simone. - você está coberta de razão. Pode apostar que a partir de hoje, vou ficar no meu lugar. - ela disse ressentida - Amanhã mesmo retirarei todas as flores. - prometeu - O jantar está pronto.

Anunciou se retirando da cozinha.

[Se eu soubesse, tinha colocado veneno na  comida.]

Simone soltou um palavrão baixinho. Agora os lindos os de Soraya não brilhavam mais de alegria. Nem se quer brilhavam.

Amor por Contrato- Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora