Aviso:Este capítulo pode conter gatilhos!
Eu carrego meu saco de ossos por ai, o tempo inteiro, pedindo socorro com meus gestos, e falhando miseravelmente em ao menos tentar abrir minha boca, então em um grito silencioso e desesperado que ecoa em minha mente, peço ajuda novamente com olhares, para que pelo menos uma mísera alma se compadeça do meu pobre e cansado corpo.
Corpos com cortes doem, quase o tanto quanto a saudade.
|Seungmin POV|
Eu sinto minhas costelas quando toco meu corpo, a pele arde em uma sensação de alívio e desespero, choro em agonia e falsa esperança e que um dia algo melhore, mas sei que nada melhora.
Nada melhora para mim.
Minho e Changbin já tentaram me convencer a procurar ajuda, mas não preciso de ajuda, não preciso, nunca precisei, desde pequeno resolvo as coisas a sós, não preciso de ajuda porra nenhuma.
Minhas entranhas de contorcem eu me remexo e me deito nos lençóis sujos e do vermelho vibrante, vermelho vibrante que cheira a cansaço. A cansaço e a Seo Changbin, que não se importava com nenhuma bagunça por mais grande que fosse. Ele simplesmente olha em meu rosto e abre os braços para um abraço apertado e aconchegante, onde ele diz baixo perto de meu ouvido que tudo vai ficar bem.
Me deito no peito cansado, chiando, ouvindo o coração bater acelerado, seus panos o apertam os seios, suas mãos bonitas me fazem um carinho, sua boca bonita me dá um beijo na testa, suas pernas bonitas envolvem minha cintura, e ele, ele é todo bonito, com seu rosto bonito, sua alma bonita, me faz sorrir em meio a tanta tristeza e feiúra.
- Deveria me deixar cuidar de você.
- Eu deveria?
- Sim, benzinho, deveria.
Ele me faz curativos nas coxas e braços. Troca meus lençóis, joga lâmina e algodões sujos no lixo e me dá um beijo na testa.
Ele me aconchega em seus braços e me faz um carinho nos cabelos dizendo novamente que vai ficar tudo bem.
Ingenuidade a minha.
...
Essas são as lembranças que eu tenho de Seo, desde a última fez que nos vimos. A duas semanas atrás.
Estava puto, puto porquê o filho da puta sumiu sem mais nem menos, tá que nosso último encontro não foi dos melhores, talvez até um dos piores, mas puta merda.
- O que foi que tá com essa cara de cu em?
Minho me perguntou enquanto brincava com os gatos da vizinha da frente, que estavam novamente em minha cozinha.
- Estou pensando, só.
- Pensando no baixinho gostoso né? Pode falar, eu sei que é.
- Vai se foder.
- Porra, Minnie, você já tentou pelo menos ligar para ele?
- Você acha que não? Ele só disse que foi pra casa de um amigo e sumiu aquele desgraçado.
Minho sofre que nem um filho da puta pra conseguir terminar a faculdade de veterinária, pagar o carro e se sustentar tudo ao mesmo tempo, somos amigos desde o primeiro ano do ensino médio. Ele é um bom amigo, e mesmo que muito ocupado, as vezes toda tardes como essa para nos vermos.
Ele prolongaria a conversa se não me conhecesse. Apenas ficou quieto me fazendo companhia. Sabia que não estava afim de conversar sobre aquilo.
Estou frustado, puto, e com saudade. Muita saudade.
|Changbin POV|
- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- O que acha de mim?
- Como assim?
- É, o que acha de mim? Do meu corpo?
- Seu corpo é lindo, Changbin, andrógeno na medida certa, masculino mesmo que feminino, mesmo você sendo baixinho, eu acho seu corpo incrível. Mas não é isso que define o que você é. A maioria das pessoas podem olhar pra você e achar que é só mais uma garota assustada com seus problemas internos, mas eu sei que você é um homem forte. Muito forte.
- Por que não sinto que isso é verdade?
Ele me olhou pela primeira vez entre aquele diálogo.
- Nós não somos nossos corpos Changbin.
- Você parece esquecer disso.
- É porquê esqueço quando se trata de mim.
Eu o olhei triste, seus olhos me liam, era estranho, mas bom.
...
Infelizmente, esse foi o último diálogo que tive com Seungmin, a duas semanas atrás, durante o café da manhã. Desde então, acabei por passar as semanas com Jisung, tentava ao máximo não mexer no celular, pois sabia que Seungmin ligaria de novo e de novo. E eu não atenderia novamente.
Jisung pegou o cigarro dentre meus lábios e sorriu após tragar, ainda me abraçando, nu como estávamos em sua cama.
- Não foi ver seu namoradinho hoje? Ele vai ficar com ciúmes em saber que a gente tava fodendo, não acha?
- Primeiro, ele não é meu namoradinho, boboca. Segundo, ele infelizmente não sente nada pra mim, nós somos só vizinhos.
- É que vocês tem se visto todos os dias a semanas já, nem tem vindo me ver.
Elu fez um bico e então dei um selinho no mesmo, pegando meu cigarro de volta.
- Me passa o número dele, vou ter uma conversinha com esse, bobão.
- Vai querer é pegar ele. Não vou passar nada.
- Poh Binnie, quem divide multiplica.
- Ele não... Ele é diferente... Não quero que ele se apaixone por você, você não presta.
- Seu cu!
Eu ri ao me sentir ser empurrado, ê mais nove e eu somos amigos a tantos anos que nem lembro com quantos anos nos conhecemos. Bom, amigos com alguns bônus, volta e meia depois do trabalho nos encontramos assim, abracadinhos trocando beijinhos e dividindo um cigarro depois de uma transa. Acho que no ensino médio nos aproximamos ainda mais após nos assumirmos trans um para o outro.
- O que tanto pensa baixo?
Elu me diz com aquela voz de cafajeste e eu olho em seu rosto calmamente.
- Será que um dia a gente vai parar de transar?
- Bate na madeira! Deus me livre!
- Jisung você é ateu.
- E você também. Eu espero que não, Binnie.
Eu suspirei e em um silêncio me recolhi, meu corpo estava na cama e minha mente estava em Seungmin pela vigésima vez somente naquele dia. Porra estou cansado de me esconder como um rato. Se Jisung soubesse o quanto eu penso em Seungmin talvez elu me mate.
Jisung olhou para mim, e tentou me distrair. Talvez elu saiba sim o quanto eu penso em Seungmin, e, talvez não me mate. Elu me olhou e riu, logo me cutucando.
- O que tanto pensa, puta?
- Muita coisa na caxoleta, puta.
Será que Seungmin havia pensado em mim durante esse tempo? Caraio mó saudade.
É, talvez Seungmin ficasse com ciúmes sim, se ele ao menos soubesse onde Changbin estava durante essas últimas duas semanas, mas a única coisa que ele estava sentindo naquele momento era saudades. Saudades do seu pitoco.
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Só de madrugada - Seungbins
FanfictionPalavras, sentimentos, emoções e toques nessa história de dois vizinhos só são mostrados e demonstrados depois da meia noite... Ou não. 18+ por conteúdo sensível como automutilação, agressão, idealização suicida, conotação sexual, e uso de drogas...