Matar o que está me matando

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Não olhe assim pra mim meu bem, sabe que não consigo resistir aos seus olhos... Seus olhos castanhos me enfeitiçam...

Seungmin estava cansado, havia chegado do trabalho a pouco, apenas teve tempo de tomar um banho e ir para a cozinha. Tomava seu costumeiro chá de hortelã enquanto comia torradas e simplesmente deixava a mente descansar do dia estressante. Foi surpreendido ao ouvir três batidas na porta, não estava esperando ninguém, afinal, era uma segunda-feira como qualquer uma, as 21:40. Pensou em quem pudesse ser, mas a essa altura do campeonato já não tinha esperanças de ser.

Se levantou e foi até a porta, a abrindo e ficando em silêncio processando um pouco por alguns segundos.

- Boa noite...?

- Oi.

Disse em automático e deixou Changbin entrar, ele parecia tão desconfortável quanto o dono da casa. Fechou a porta atrás de si e desatou a falar irritado.

- Changbin qual o seu problema caralho? Você some do nada, literalmente do nada, quando eu ligo diz que está com um amigo, e não me responde, por quase três semanas seu arrombado?! E agora você vem aqui como se nada tivesse acontecido?! Sabe como eu fiquei preocupado?!

Changbin deixou as flores que trazia consigo sobre a mesa e o olhou, suspirando, em pé no meio da cozinha.

- Eu precisava de um tempo pra pensar. Me desculpa.

- Um tempo pra pensar?! Caralho eu cheguei a pensar que você tinha se matado seu porra! Era só ter falado pra mim que queria ficar sozinho!

- Benzinho, não precisa gritar. Eu tô aqui, eu voltei.

- Vai se foder... Vai se foder, Changbin, nunca mais faz isso...

Seungmin estava chorando? Sim, ele estava. Estava aliviado por finalmente ver o mais velho, com raiva pela atitude do mesmo e triste por sufocar seu pitoco. Mas ele estava de volta, e havia lhe trago peônias cor-de-rosa.

Fofo, Seungmin pensou quando viu as flores na mesa.

Changbin se aproximou tentando não o deixar mais desconfortável e suspirou.

- Está me deixando maluco, Seungmin. Não chore por favor dói.

Ele limpou as lágrimas do mais novo enquanto dizia cabisbaixo.

- Eu estava na casa de Han Jisung, minhe melhor amigue, bom, melhor amigue com privilégios. Não via a muito tempo, e eu estava ficando doido dentro de casa e pensando só nas mesmas coisas e na mesma pessoa. Passei uns dias na casa delu, e estou de volta, me desculpe por não ter avisado nem respondido você, eu achei que não faria muita diferença se eu simplesmente fosse.

Seungmin o olhou e limpou o rosto.

- Fez merda, voltou e agora quer me comprar com peônias cor-de-rosa, Changbin? Eu nem conheço esse Jisung aí...

- Ele não fez nada que eu não quisesse comigo ok? As peônias são do meu canteiro ok? Não fale mal das minhas queridas. Não é pra te comprar, não tem como fazer isso com você, só quis te agradar um pouco, não posso?

- Não, estou chateado.

- Kim Seungmin.

- Estou realmente. Eu amei suas flores, mas não muda que estou chateado. Eu pensei que não quisesse me ver mais e que estivesse fugindo de mim, e agora você aparece com outra pessoa? Porra mano se for sumir me avise, preciso saber se vai ir embora da minha vida ou se vai voltar.

- Não vou embora da sua vida de bom grado por nada, benzinho. Eu voltei pra matar o que estava me matando. Eu senti sua falta.

Tocou o rosto do mais novo e lhe fez um carinho.

- Eu também senti sua falta... Que bom que voltou.

Seungmin sorriu um sorriso mínimo e descansou o rosto na palma da mão do mais velho.

- Ficou feliz em me ver é?

- Não pensa que estou de bem com você não viu seu folgado.

- Tudo bem, fique chateado comigo pelo tempo que precisar, ok?

- Desgraçado.

Changbin riu e Seungmin o olhou nos olhos, seus olhos castanhos eram tão bonitos e apaixonantes, riu também, e o abraçou apertado, por muito tempo, ficaram os dois abraçados no meio da cozinha, em silêncio, até Seungmin quebrar o silêncio em uma dúvida.

- O que fez com esse Jisung?

- Nada de incomum.

- Disse que ele tem privilégios.

- É, sabe, duas pessoas trans nesse mundão de meu deus, é meio difícil achar alguém que queira realmente ter algo conosco por repulsa. Além de amigos e parceiros de dodói, nós as vezes temos... Algo.

- Algo?

- É, algo. Já foi bem mais frequente.

- Entendi.

Tiveram o diálogo enquanto Seungmin servia uma xícara de café para o mais velho.

- Ele pensou que estivéssemos namorando.

- Parecermos namorados?

- Ele disse que sim, nos vemos muitas vezes na semana, conversamos muito, trocamos textos e falamos de dificuldades. Somos carinhosos um com o outro e nos preocupamos. Foram esses os motivos dele ter achado que namoramos. Mas ele riu logo depois e disse que você perdeu pra ele porque ele me tem a mais tempo.

Seungmin ficou quieto de braços cruzados olhando qualquer coisa menos o mais velho naquela cozinha, enquanto Changbin ria e bebericava a bebida quente e olhava o rosto bonito do mais novo.


Seungmin matou a saudades do seu pitoco, mas agora estava com ciúmes do tal Jisung. E Changbin matou a saudades do seu benzinho, mesmo que agora estivesse pensando mais do que antes nos olhos apaixonantes de Seungmin.

Só de madrugada - Seungbins Onde histórias criam vida. Descubra agora