𝐌𝐨𝐫𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐦 𝐨 𝐑𝐞𝐢 [HIATUS]

𐂂𝐗𝐕𝐈𝐈𝐈𐂂

Holli poderia ter seus diversos momentos controversos, mas, em tempo algum, ela precisou fabular coisas para que acreditassem nela. Porém naquele instante, as palavras proferidas pela princesa pareciam flechas que foram direcionadas a nós dois, e propositalmente, todos os movimentos do até então, agitado salão, foram bruscamente suspensos com aquelas simples falas.

Tendo ideia de como era o gênio de Holli, eu poderia, sem muitas dificuldades, acreditar que ela queria apenas fazer uma algazarra, ou causar uma emulação entre mim e Zadkiel. Eu realmente não queria ter que acreditar naquilo, mas de imediato me veio à mente o dia em que eles dois tiveram um breve desentendimento, e se me lembro bem, ela teria dito sobre algo que havia acontecido entre os dois em seu último baile de comemoração. E da mesma forma, certo dia eu estava a caminho da sala de leituras quando ouvi por poucos segundos um outro desentendimento entre eles.

Todos os olhares voltaram-se para nós dois, especialmente o de Holli e Zadkiel, no tempo em que mirei meus olhos nos do mais alto ao meu lado, pude perceber que aquilo que Holli tinha dito, não era de fato uma inverdade. Talvez houvesse alguma boa satisfação para tal coisa, porém sempre fui alguém com pouca responsabilidade, e sempre seguia pelo primeiro caminho que minha mente trilhava.

E era exatamente aquilo que eu faria, não ouviria as explicações, se elas realmente fossem concretas.

--Anne, não foi isso....--

--O que ela disse, aconteceu?-- pergunto antes que ele conclua sua frase.

--Sim, mas.....--

Novamente não dou à ele a chance de explicar-se, mas dessa vez não bloqueio sua frase, levo minhas mãos cobertas pela luva às barras do comprido vestido e as puxo para cima, deixando meus pés livres para correm mais depressa em direção a saída do salão. Quanto mais afastava-me do local, mais era possível escutar-se os altos brados que Zadkiel e talvez outros davam.

Eu havia por um instante, desprendido minhas mãos do tecido apenas para impulsionar os grandes portões para frente e voltar a correr, mas não continuei em frente, contornei o castelo e segui depressa para dentro da floresta. Por boa sorte, o sol ainda não havia ido, mas por mais alguns minutos a escuridão tomaria toda aquela imensa floresta.

Eu corria por entre as árvores, alguns galhos ralavam a pele exposta dos meus braços, minhas mãos apenas afastavam as coisas externas que me machucavam, pois não tinham a capacidade de fazer o mesmo com aqueles pensamentos e falas que transitavam minha mente. Poucos segundos depois de todas aquelas grandes árvores me cercarem, um curto chuvisqueiro instalou-se no ambiente, e provavelmente esse era o meu dia de mais sorte, pois aquele chuvisco logo fez-se uma pesada chuva.