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- Querida.

- Sim, Lena. - Respondi a minha melhor amiga, a minha querida amiga fantasminha. Esse era seu nome, simplesmente Lena.

- Querida, você precisa se levantar dessa cadeira, você senta-se toda torta a todo momento, coloca os pés em cima da mesa, o teclado em cima das pernas, e depois se pergunta porque está com dores nas costas.

- Para de ser chata, ninguém manda você invadir minha privacidade a todo momento, sabia que o quarto de uma menina é algo que não se pode entrar assim?

- Está sendo patética, eu sou uma fantasma, não existe privacidade para mim.

- Pois devia. É antiético invadir quartos.

- Não há mais nada que eu não tenha visto mesmo... Lembro-me daquele rapaz... - Interrompi imediatamente, uma das coisas que mais odeio, era quando Lena se lembrava de meus antigos relacionamentos, e ela sabia disso.

- Ora por favor Lena! - A repreendi, que a fez soltar uma gargalhada.

- Você vive com rapazes para cima e para baixo, se envolvendo fisicamente com um aqui e ali, mas odeia que falem deles, eu não compreendo.

- Porque homens são um erro, o problema é que gosto de usufruir do erro, mas não lembrá-los por toda minha vida.

- Como se tornou tão rancorosa? - ela abriu um sorriso malicioso e eu revirei o olhar.

- Aprendi com as melhores: você e mamãe. Vocês são terríveis.

- Eu tenho motivos, fui traída por um, que levou a minha morte precoce na mão de outros. Mas aquele padre teve o que merece...

- Não comece. - Revirei a pupila pela circunferência ocular. Já tinha ouvido aquela história milhares de vezes, se não for multiplicando por três.

- Hoje é sexta-feira 13. - Ela comentou, mudando de assunto.

- E daí?

- Não se faça... Você sabe que é um dia mais que especial, primeiramente porque você nasceu numa sexta-feira 13 e segundo porque hoje é seu aniversário e terceiro que é um dia muito forte para nós bruxas.

- Ver fantasmas não me torna uma bruxa. - Me levantei, me esticando por inteira como um gato, apenas ouvindo os estalos dos meus próprios ossos.

- Tecnicamente, torna sim, mesmo que não aceite seus poderes, e não tenha invocado a Es... - Interrompi novamente.

- Não fale essa frase. - Apontei para ela e depois fui até onde estava pendurado a minha toalha, depois seguindo corredor a fora até o quarto, sabendo que a fantasminha camarada estava flutuando atrás de mim. - Não farei nada, estarei trabalhando.

- Naquele lugar asqueroso cheio de velhos asquerosos que ficam te olhando como um pedaço de carne?

- Esse mesmo. - Ela fez um som de "asc", demonstrando sua repulsa.

- Eles são nojentos! Como não conseguem olhar para si mesmos no espelho e identificarem que são velhos e se fosse eles no corpo de uma mulher jovem odiaria ser comida pelos olhos?

- Nunca sequer tiraram um minuto do seu próprio dia para pensarem em tal coisas, apenas nós mulheres somos amaldiçoadas com tamanha inteligência. - Fechei a porta do banheiro, sabendo que Lena a atravessaria sem dificuldade e comecei a me despir, começando pelo meu short e blusa, conjunto de um babydool da Malévola, depois minha peça íntima inferior, pois estava sem nada por cima e adentrei ao box, fechando e imediatamente ligando a torneira, sendo assim invadida pela enxurrada de água quentinha que soltava um vapor que invadia todo o banheiro.

Serpentear em EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora