10°

14 2 0
                                    

Como fui ordenada a fazer, assim fiz, enfiei o resto de torradas na boca e levei os meus pratos a pia, em passos com grande velocidade, já havia pego outras roupas e tomado um banho rápido.

Vesti uma calça preta que havia rasgos no joelho nas duas pernas, uma camisa preta estampada com símbolos que só um leitor lembraria deles, Os instrumentos mortais. Finalizei com minha bota, que era outra pois a que calçava ontem estava em um poço de sujeira, porém com a aparência idêntica. Saí do banheiro e minha mãe já estava sentada no sofá, me aguardando enquanto estava concentrada na sua própria leitura.

- Estou pronta minha senhora.

O olhar dela se levantou ao meu e colocou um marcador de página no livro, o fechando e o deixando sob o sofá, levantando-se sem demora, seguiu na minha frente até as escadaria, adentrando a garagem enquanto eu abria os portões, logo ela saiu com o carro e eu os fechei, entrando no carona.

Recostei no banco e permaneci em silêncio enquanto Lena não parava de falar um só segundo no banco traseiro. Para uma morta, ela tinha muita energia para tagarelar sem parar com assuntos aleatórios.

Senti o tranco do carro ao estacionar depois de longos quarenta minutos em voto de silêncio.

- Chegamos?

- Sim.

Não esperei por ela e apenas saí do quarto, batendo a porta ao sair e logo Lena já estava ao meu lado.

- Uma biblioteca? - ela atenuou.

- Pelo visto sim. Ela me trouxe pra uma reunião do clube do livro.

Ouvi a gargalhada da minha mãe atrás de mim, ao virar, me deparei com ela fechando a porta do carro, o trancando. Seguiu a minha frente até para a direção contrária da entrada, pelos fundos, havia uma porta de madeira vermelha levemente escondida pelas plantas que o rodeavam. Plantas muito bem cuidadas devo acrescentar, quem cuidava delas, a cuidava como seus nenéns.

Ela deu duas batidas, e depois arrastou as unhas pela porta por cerca de quinze segundos e depois virou para mim.

- Lembre-se disso.

- A senhora que manda.

Ela voltou o olhar para frente assim que a portinhola se abriu, vi feições de um rosto dentro dela e logo foi fechada, abrindo a porta.

- Querida Coraline Osbourne.

- Sim, eu mesma. E essa é minha filha, Ronnie.

- Prazer conhecê-la, sua mãe falava muito de você.

- Mas ela nunca falou de vocês, desse lugar.

- É porque somos proibidas de revelar nossos segredos, ou forçar uma descendente a se envolver sem que ela queira.

Ela deu espaço para que possamos entrar enquanto falava, fechando a porta atrás de nós. A parede era inteiramente cinza, e descia numa escada até uma parede com luz azul faiscante, como uma eletricidade, porém ali não havia fios e nada que indicasse sinais de eletricidade por ali.

Minha mãe seguiu na frente, indo em direção a parede de luz azul bebê faiscante, e desapareceu após segui em frente.

Apenas olhei para Lena e depois para a parede.

- Ela pode ir também, querida.

- Você pode vê-la? - perguntei sobressaltada.

- Sim. Eu não consigo ver fantasmas como você, que ver de um tudo. Eu só vejo as almas de bruxas. Olá, Lena Howe, é um prazer conhecê-la.

- Como sabe meu sobrenome?

- Como disse, consigo ver a alma de bruxas - ela abriu um sorriso terno - E com isso consigo ver sua fonte de escuridão, assim identificou imediatamente de qual família ela pertence. Foi por isso que fui escolhida para cuidar da biblioteca das bruxas.

Ela seguiu na frente e adentrou pelas faíscas. Era nossa vez. Minha e de Lena.

Serpentear em EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora