O velório de Glinda e Ariadne foi feito ao mesmo tempo, no mesmo lugar, pelo estado do corpo, a família das duas decidiu que era melhor serem cremadas, e depois jogadas a beira do mar de um litoral. Foi encantado o corpo de delito e todos os responsáveis por situações assim para que alegar morte natural e liberar toda a papelada para fins de falecimento.
Como podíamos atravessar daqui pra ali, rapidamente estávamos no litoral e rapidamente já havíamos espalhado suas cinzas no mar e retornado. Não podíamos ficar muito tempo dando bobeira fora da biblioteca, onde era nosso único lugar ainda seguro no momento.
Sobre nossos assuntos pendentes, depois que o tal espírito deixou o corpo de Fionnuala, deixamos submersos no fundo da mente para nos preocupar com uma coisa após a outra, primeiro.
E o que era mais importante naquele momento era consolar a perda dos que ficaram para trás e dar algo digno aos que se foram.
Depois de tudo que havia acontecido, decidimos – os responsáveis pois o meu Coven não teve opção de voto sobre esse quesito – nos mudar definitivamente para a biblioteca, para nossa segurança e a segurança de quem nos rodeava pois os demônios da luxúria nos rastreava pelo cheiro e matava sem escrúpulos qualquer um que estivesse na frente.
Os meninos foram encarregados de montar camas simples para que apenas pudéssemos dormir assim que retornamos, assim eles foram atrás de comprar o necessário logo que voltamos do litoral e já começaram a montar tudo.
E com o sequestro da minha mãe, deixou as coisas mais intensas, pois agora o Coven dela estava se unindo ao meu até que a minha mãe, Coraline fosse resgatada.
De fato a preocupação uma com as outras era de fato verdadeiro, talvez tenha sido pela união que as bruxas conseguiram resistir aos preconceitos, catástrofe e massacres desnecessários. Talvez não, acredito de fato nisso, é o que dizem da união fazer a força, não é mesmo?
Em meio ao tumulto da organização, não foi citado mais nenhuma pesquisa, nenhuma energia, nem demônios da luxúria, nem a minha mãe, nem a mim. A culpa ainda me corroía, mas o meu Coven não me deixava me render a isso, demonstrando como estávamos unidos, por mais que ainda não tínhamos nos conhecido completamente de fato. E às vezes faziam isso apenas chamando meu nome para que apressasse o passo, ou perguntando o que Lena estava falando, onde ela estava, se preocupando se eu estava com fome, com sono, com apenas um abraço de lado ou como estava me sentido, esse ponto especialmente era por Emmett, ele se tornou obsessivo em saber se eu estava bem. Não sei se era possível alguém se sentir bem naquele momento.
Por mais que tenha permanecido os dois Coven juntos e que fosse formado parte de família um dos outros, ainda estávamos devidamente separados, cada um para os seus lados.
— Vocês tratam de pesquisar e descobrir sobre a situação dos poderes da Ronnie, e nós, trataremos de descobrir o paradeiro de Coraline. – disse a mãe de Gavin, com autoridade, agora sabia que se chamava Hilda. Hilda Martin. Ela me parecia ser uma mulher dura como pedra, mas ao mesmo tempo uma boa mãe, pois uma olhadela para Gavin era o suficiente para ele obedecer em silêncio.
— E se mantenham calmos, e seguros. – Zacarias agora falou. Pai de Glinda. Zacarias Nuse.
Com abraços afetuosos, beijos ou até olhadelas como a Hilda e seu filho Gavin, despedidas breves foram feitas antes que todo o Coven da minha mãe desse as costas, seguindo para as escadarias e entrando em um portal. Depois do que havia acontecido com Ariadne e Glinda, e a tensão que tomou conta, despedidas afetuosas se tornou comuns, a cada saída sem saber se haverá retorno se tornou um impulso para demonstração sem receio algum, de sentimentos.
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Serpentear em Escuridão
FantasíaRonnie Osborne, é uma artista aspirante a escritora e descendente de uma Bruxa de Salém. E com isso, desde criança, ela aprendeu a conviver com o fato de que não era apenas uma criança comum, mas uma criança que via fantasmas. Após se abrir com sua...