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Assim que foi proferida tais palavras, tudo ficou em silêncio, havia um zumbido firme no meu ouvido que vinha direto do meu peito, e eu não conseguia acreditar que outras pessoas não conseguiam ouvir, era tão forte.

Agora eu sabia o que significava silêncio ensurdecedor.

O pior de tudo isso, é que por mais que negasse qualquer uma dessas loucuras, que pelo visto, a última coisa que são, é loucuras, é que a vida da minha mãe Coraline, estava em risco.

E por mais que não fosse por minha culpa, pois não recorreria a culpa, ela só me atrapalharia nesse momento, ainda era por minha causa de forma indireta. Eu não queria aquilo, mas quem ia querer?

Tantos mistérios, tantas coisas não ditas para serem descobertas. Ler isso através de um livro, nos enche de emoção, de sentimentos bons que explodem dentro do peito por ter um mundo inteiro a descobrir dentro de várias páginas, mas acontecer na vida real, enche de sentimentos, mas não bons.

Eu não sabia por onde começar, em quem confiar, em como prosseguir, em livrar minha mãe da morte, ou livrar todos da morte se for realmente verdade o que foi dito por Ágatha.

Meu coração retumbante dentro do peito não me deixava formar pensamentos concretos, apenas confusões, quando sentir minhas pernas amolecendo, sentir braços ao redor da minha cintura, carregando todo o peso do meu corpo a qual não conseguia mais carregar com minhas próprias pernas.

Meu corpo inteiro estava tremendo, e não era de frio, era de uma dor extenuante de confusão e ansiedade.

Sentir que está tudo fora de controle e que nada na sua vida faz sentido, que talvez tudo esteja errado, assim como eu mesma, sentir que nada está andando conforme devia caminhar, em resumo, tudo está acontecendo e você não sabe nem o que está acontecendo exatamente, ou melhor que isso, você não consegue nem pensar de forma concreta no que está acontecendo, transforma o ser humano em uma pilha com excesso de energias levando a pifar.

Eu estava tão confusa, eu estou tão confusa que eu não conseguia nem dizer para onde meus pensamentos estava indo, nem o que falar, não sabia nem se ao menos estava respirando direito.

Virei o meu rosto devagar para a fonte daqueles braços e era Emmett, ele agarrava-me com gentileza e força, me puxando para sentar na cadeira mais próxima, eu não conseguia ouvir mais nada mas sabia que iniciou-se um movimento intenso em volta de mim, e eu não conseguia entender qual era, meu coração batia tão rápido que meus ouvidos foram tapados, e meu corpo não obedecia mais o meu cérebro.

Li pela boca de Emmett as palavras “fique aqui” assim que fui colocada confortavelmente na cadeira, seu olhar era de pavor e formava duas bolas grande pra fora pelo jeito que ele abria os olhos complementarmente de pavor.

Algo realmente havia acontecido e nesse momento a atenção não era nem a mim, que estava passando mal, e se era algo pior do que isso, com certeza deve ter sido um absurdo improvável.

Serpentear em EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora