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Assim como não tive esforço algum para dormir, não tive ao acordar, piscando várias vezes contra a luz que batia na janela ao lado da minha cama.

— Pra que essa luz! – resmunguei, piscando mais uma vez.

— Agora pronto, quer apagar a luz do sol também querida? – respondeu Lena, que não havia saído do meu lado.

Rastejei-me para fora da cama como um soldado em combate pronto para atirar e dei um salto para fora da cama.

— Você sabe que eu sou um fantasma né? Você poderia só rolar e sair.

— Muito antiético. Não existe educação alguma em atravessar uma pessoa, sendo ela fantasma ou não.

— Como disse, você é patética! – dessa vez a gargalhada se juntou saía porta a fora.

Fui em direção ao quarto ao lado e minha mãe não estava mais presente ali, segui até ao banheiro que ficava do lado direito dos quartos e lavei o rosto, fazendo minhas higiene, após sair, virei para seguir o corredor até a sala, entrando pela porta a direta que assim como na porta da entrada, dava para a sala de jantar, que continha apenas uma mesa redonda e uma estante branca com portinholas feitas de vidro, estava repleta de bugigangas que nunca tive sequer coragem ou vontade de cutucar para descobrir.

Segui até o final da sala de jantar e entre na cozinha, que era longa e extensa, ao qual dava para uma outra porta de madeira branca com vidros, igual a da entrada, ali dava para a varanda.

Preparei minhas torradas, joguei meu cereal na tigela cor de âmbar, depois entupi de leite para que o cereal nadasse sobre ele, e com minhas mãos cheias, segui até a sala de jantar e me sentei para comer.

Lena já estava sentada na ponta da mesa, a qual me sentei na cadeira da ponta extrema.

— Come, morta de fome.

— Você diz isso porque está literalmente morta.

— Você sempre usa isso como argumento me refutando.

— Se é um fato, e sendo fato, preciso usá-lo – zombei, enfiando uma torrada na boca.

— O que pretende fazer a partir daqui? – ela mudou de assunto, tornando o tom mais sério.

— De verdade? Não sei – fiz uma pausa enquanto engolia o pedaço da torrada e enfiava uma colherada de cereal com leite a boca. — Pensei em pedir ajuda a minha mãe, ela certamente poderia me dizer o que fazer, mas a mulher sumiu.

— O que lhe puxou, me deixou muito intrigada, nunca tinha ouvido sequer falar naquilo – Já havia levado mais duas colheradas a boca nesse meio tempo.

— E você é uma bruxa que foi morta por abertamente ser bruxa.

— Ei, não abertamente assim, apenas fui tola de confiar os meus segredos a um homem para poder casar com todas as cartas na mesa.

— Não poderei lhe refutar. Ser uma pessoa de segredos, e misteriosa deixa tudo mais picante e sensual.

— Isso na sua visão perturbadora, não existe segredos no casamento.

— Deve ser por isso que com o tempo há divórcios então, o segredo de ter um bom relacionamento é poder desvendar o mistério de conhecer as camadas da pessoa.

— Por isso que você não dura meses com ninguém, quando descobre tudo, fica entediada.

— Fui completamente refutada. – admitir minha derrota enquanto dava a última colherada no cereal.

— Querida! – ouvi a voz da minha mãe atrás de mim.

— Sim? – virei o olhar para ela enquanto terminava de comer a torrada.

— Ah que ótimo que já está tomando café, termine de comer rapidamente, e se arrume, pois iremos a biblioteca das bruxas, anunciei que você tinha ascendido ao seu poder.

— Você fez o quê? Biblioteca? Das bruxas? Como isso é possível?

— Verá. Ora, vamos! – me apressou.

Serpentear em EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora