School

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Sana faltou uma semana de aula com a permissão e atestado de sua médica, Jihyo. A menor achava que era melhor ter certeza de que a loira estava realmente bem.

Você é muito fofa preocupada. — Foi a única coisa que Sana disse depois da falação sem fim sobre o quanto era importante que ela ficasse quieta em casa porque a doença podia piorar e se ela pegasse chuva de novo poderia ficar com pneumonia...

Jihyo dizia isso como se houvesse decorado o nome de todas as doenças possíveis. Sana parou de escutar e apenas ficou olhando como a testa de Jihyo ficava franzida quando estava preocupada e a mão com o termômetro sacudia nervosamente.

A maior esticou o braço para apertar as bochechas da menina que estava sentada a sua frente na cama, que desviou como se a mão dela queimasse ironicamente sua temperatura já tinha diminuído, mas não o suficiente para a menor — e fez uma careta de desgosto.

- Não me chame de fofa.— Jihyo revirou os olhos se levantando da cama.

- Poxa Hyo... Assim, você me magoa.

- E nem de Hyo! - A garota se virou para a loira que tinha um sorriso brincalhão. — Eu só não te puxo para aquela escola porque não quero arriscar que você piore. E come esse sanduíche pelo menos, ou acha que eu não vi você jogar aquela banana pela janela?

- Como você sabe? - A maior perguntou.

- Eu sei de tudo, Sana. — Jihyo sorriu. - Agora come isso logo antes que eu seja obrigada a enfiá-lo na sua boca como eu fiz com aquele remédio.

- credo.

Os pais de Sana estavam muito ocupados com o trabalho e em fingirem que não tinham uma filha para se preocuparem com a vida escolar da garota, capaz que nem lembram mais onde a filha estuda. Provável que se lembrariam só quando alguém os amarrasse em algum lugar e obrigassem a prestar atenção no que falariam. "Vocês têm uma filha, o nome dela é Sana, a garota vai para escola que vocês pagam, mas nem sabem o bairro onde ela fica. Ah, ela moraria com vocês se parassem em casa."

Em contrapartida, a escola se preocupava com a aluna problema. Minatozaki Sana estava bem longe de ser uma aluna perfeita que ficava naqueles quadros bregas no corredor onde estava escrito "aluno do mês" - na opinião de Sana, aquilo era mais para "bullying do mês". — Mas as notas da garota não eram ruins, não, eram horríveis.
Aparentemente ela aplicava a regra de "para que aprender se não vou usar na minha vida" em todas as matérias e aulas.

Matemática era estranho e só piorou com as letras. Literatura era uma mistura de palavras com livros muito grandes e textos muito mal escritos feitos por ela. História, um monte de caras com barbas declarando guerras e não deixando os índios em paz. Geografia e a falta de interesse pelos países alheios e mal resolvidos. Física e química era algo sem sentindo que inventaram. Educação Física era simplesmente muito cansativo.

E Ciências... QUE MERDA É AQUELA. Tantos sistemas e órgãos, plantas, tudo que Sana não conseguia compreender. É definitivamente a pior matéria para ela.

Todas as matérias eram as piores para ela. A escola era um dos piores lugares para ela. As pessoas de lá eram as piores para ela.

E, mesmo só podendo ser vista e interagir com ela, Sana viu em Jihyo uma oportunidade daquele lugar não ser tão horrível.

MINATOZAKI SANA. - O grito de Jihyo causou um arrepio na espinha de Sana. Parecia o seu pai quando estava bravo. Ela saiu do banheiro, tinha acabado de tomar um banho. Se deparou com a morena sentada no chão de seu quarto, com folhas nas mãos.

Provas.

A loira mordeu o lábio inferior e olhou para o lado, desviando o olhar.

- Quantos pontos valiam essa prova e porque você arrancou?

Dez. — Ela respondeu nervosa, batendo o pé no chão.

- Qual é seu problema com Ciências? - Jihyo perguntou atônita.

- Ciências! - Sana respondeu indo na direção de sua cama. Lá ela se sentou e cobriu o rosto com as mãos, envergonhada. — Eu não consigo entender Jihyo...

Ela realmente não queria que a menor conhecesse o seu lado burro do qual ela se envergonhava. Ela já sentia como se a park tivesse uma lista cheia de defeitos dela.

E ela não queria isso.

Ei, Sana, desculpa... — Jihyo falou se sentando ao lado da garota e colocando a mão em seu ombro. Não devia ter mexidos nas suas coisas, eu...

- Tudo bem, você ia conhecer meu lado burra mais cedo ou mais tarde. — Sana retirou as mãos do rosto e olhou fixamente para frente.

- Não se chame de burra Sana, você só tem dificuldade na matéria.

- Grande diferença. - Riu sarcástica.

-Eu tenho uma ideia. — Jihyo anunciou. - Eu posso tentar te ajudar a estudar.

- Mas o que você sabe sobre Ciências?

- Eu vou aprender, vamos aprender juntas.

E nessa semana que a Minatozaki ficou sem ir na escola, ela e a Park estudaram juntas. A prova seria segunda e a matéria era extensa. Jihyo descobriu ter uma facilidade extrema em Ciências, e tentou transmitir isso ao máximo para Sana. Que conseguiu aprender o que não entendia em anos.

Jihyo, com sua inteligência e paciência conseguiu - coisa que surpreendeu ambas - ensinar a Sana. A presença de Graças a sua anjinha.

Jihyo também era agradável, o que tornava tudo melhor. Ela inventou piadas, trocadilhos e tudo ao seu alcance para ajudá-la, e funcionou. A loira se esforçou como nunca. Queria dar orgulho a pelo menos alguém.

E uma semana depois de estudar todos os dias e ter as musiquinhas em sua cabeça, Sana seguiu na
direção da escola acompanhada de Jihyo, revisando a matéria e finalmente entendendo-a. Na escola, como sempre fingiu não existir nos corredores, acompanhada da morena. Aos professores explicou que estava doente e não ficou surpresa quando esses disseram ter tentado contatar seus pais, mas não conseguiram.

Mas ficou surpresa quando, ao pegar aquela prova, não sentir como se ela estivesse em outra língua e soube responder as perguntas.

Porque sabia as respostas. Não tentou colar ou inventar, porque sabia.

No final da prova, Sana se virou para trás. Na cadeira atrás de si — vazia pela ausência de um aluno naquele dia — Jihyo a olhava com ar de ânimo. Sana o fez um sinal de positivo e Jihyo sorriu em resposta. Ambas realmente felizes e com sorrisos que chegavam a atordoar uma a outra.

Sana sentia que tinha ido bem, graças a menor, Jihyo, Doutora Park, Hyo. Que mal tinha aparecido em sua vida e já estava a tornando boa de uma forma que nunca imaginou que seria.

Guardian Angel - 𝒮ahyo ! Onde histórias criam vida. Descubra agora