Foi como se o mundo estivesse parado por um segundo. Sua respiração descontrolada, mãos trêmulas e a sensação de que iria vomitar pelo tanto que seu estômago se revirava era as únicas coisas que e ainda a matinha presa à realidade.
Por favor Jihyo comece a rir por favor me diga que é uma piada Hyo me diga que é apenas uma brincadeira eu juro que não vou ficar brava...
Mas Jihyo não falou nada.
Ela apenas ficou parada, chorando e esperando alguma reação da garota em sua frente, que estava desacreditada demais para fazer qualquer coisa.
- Como assim...? - Sana sussurou. Ela havia entendido, havia entendido muito bem. Mas uma parte de si dizia que talvez houvesse uma pequena chance de tudo ser um mal entendido, uma parte que brilhava em esperança e que ela nunca deixaria ninguém apagar. Que ela nunca deixou ninguém apagar desde o momento em que Jihyo surgiu em sua cozinha.
- Me diga que eu entendi errado, por favor. - Pediu desesperada e avançou na direção da menor, tomando suas mãos de forma exagerada. - Por favor me diga que não é o que eu estou pensando... - E ela não se importaria se Jihyo mentisse, porque quem sabe se ela mentisse, aquilo poderia se tornar a realidade. Ela preferia viver uma mentira, a pior delas, do que viver sem a razão dela ainda estar ali. Essa era a verdade, era para ela e para Jihyo, e isso sempre foi o bastante para Sana.
Mas Jihyo não mentiu.
- Sana... - Levantou o olhar banhado em lágrimas na direção da mais alta, entrelaçando seus dedos com força enquanto ainda a encarava. - Eu...eu...
- Eu não preciso delas! - A interrompeu. - Eu prefiro perder todas elas do que perder você. Você sempre foi mais para mim do que elas. Elas são minhas amigas, eu gosto muito delas mas Hyo, eu amo você!
Ambas prenderam a respiração. Os corações pulando dentro do peito como se fossem rasgá-lo.
- Não é assim que funciona, Sannie...
Sana não queria ver Jihyo chorar, doía demais e tornava tudo ainda mais verdadeiro. Ela agradeceu então quando foi puxada para um abraço caloroso e pode fechar seus olhos com força, desejando que tudo desaparecesse ali. Que tudo não passasse de uma grande mentira.
- Você não vai, eu sei que não vai. - Disse ainda colado a anja, que não tinha vontade de a soltar. Poderia ficar ali para sempre, com os braços ao redor do pescoço de Sana e com seu corpo próximo do dela.
- Me perdoa, Sana... Eu devia ter te avisado mais, não podíamos ter nos envolvido tanto...
- PARA! - E seu grito repentino fez com que se afastassem. Jihyo com os olhos levemente arregalados. - Isso não ajuda, só me deixa pior! Eu sei que nada teria mudado, não importa quantas vezes você disesse. Eu continuaria te amando e você também! - E Jihyo se aproximou dela agora, com um olhar que transmitia dor. Sana deixou mais lágrima escorrerem livremente. - Não vai embora Jihyo, por favor. Eu faço o que precisar! Se for preciso falar que eu te amo ou algo assim, eu falo, eu grito até perder a porra da minha voz, porque eu te amo. - Ela fechou os olhos e suspirou. A voz ainda mais embargada. - Por favor, fica comigo.
- Oh, Sana... - E então a menor novamente atirou seus braços em volta do pescoço de Sana, só que dessa vez a puxou para um beijo, um beijo que por ela nunca seria interrompido.
Um beijo intenso como se fosse a última vez.
As mãos firmes de Sana ao redor da cintura da menor a seguravam com força, a prendendo contra a parede, mostravam o quanto ela estava com medo de que a anja escapasse, simplesmente desaparecesse. a manter presa contra si parecia ser a única alternativa, pelo menos era disso que Minatozaki tentava se convencer. Mas, aquela parte dela, que ela sempre fazia o máximo para esconder dentro de si cobrindo com seus sentimentos conturbados, sabia que não era suficiente. Sabia que nada daquilo fora. Sabia que havia algo forte o suficiente para fazer Jihyo querer ficar, mas também sabia que não havia e nem houvera algo forte o suficiente para fazer com que ela ficasse.
E agora Sana não tinha um definição para suficiente, porque se nada daquilo fora, o que era?
Talvez o amor não era suficientemente forte como todos diziam que era.
- Hyo, por favor... - Sana pediu pela última vez, com os olhos ainda fechados e segurando o rosto da menor próximo ao seu, sentindo a respiração curta dela bater em seu rosto. O gosto de Jihyo ainda deslizava por seus lábios e por sua língua, mas agora ele estava diferente. Antes tão doce e agora tão... amargo. Sim, ela podia sentir o doce no fundo, mas agora ele também estava amargo.
Quando haviam se tornado essa tragédia agridoce ?
- Eu te amo, Sannie. - E dessa vez foi Jihyo que disse, resolvendo não a repreender por usar aquele apelido que ela no fundo sempre gostara. Levou uma das mãos até o rosto de Sana e acarenciou. Não pode evitar deixar um beijo ali, e logo após isso subiu sua outra mão para as madeixas loiras da garota, que prendia a respiração, embriagada com os toques e ainda atordoada com a ideia de que aquela poderia ser a última vez. - Me perdoa, por favor...
E Sana foi abrir os olhos para que pudesse ver o rosto da garota uma última vez, mas elanão conseguiu. Era como se algo queimasse suas retinas ao tentar abrir, a forçando a ficar de olhos fechados. De repente, ela percebeu que não estava mais segurando a cintura de Jihyo, e que o calor que a mão da menor transmitia ao seu rosto havia sumido.
E desejava ter ficado com os olhos fechados para sempre quando os abriu e se deparou com... nada.
- Jihyo? - A chamou olhando ao redor. - JIHYO! - E dessa vez sua voz urgente e desesperada tomou conta de toda a casa, quando ela saiu correndo desajeitada na direção dos cômodos para a encontrar. Devia estar brincando, por favor, ela só devia estar brincando. - HYO? JIHYO?
O andar de baixo estava vazio. Ela abriu a porta da sala e foi até o meio da rua, olhando ao redor tentando encontrá-la.
Não encontrou.
Seus olhos transbordavam em lágrimas que ela não fez questão de segurar. Era como se tudo que ela não tinha chorado em todos esses anos estivesse finalmente saindo.
Voltou correndo para dentro de casa, deixando a porta aberta, e subiu até seu quarto. As pílulas que estavam na bolsa de Jihyo haviam sumido junto da mesma. O short dela que havia parado no chão na noite passada também.
Desceu novamente para a sala, tropeçando em seus próprios pés como se estivesse bêbada. Desejando que Jihyo ainda estivesse lá.
-Hyo..?
Ela não estava.
E aos olhos de Sana aquela casa nunca parecera tão vazia.
As pílulas haviam sumido. O short também. Jihyo também, e foi isso que deixou Sana ainda mais tonta. A realidade a atingira e a botara contra a parede, e mesmo assim ela demorou alguns segundos para perceber que agora... ela estava sozinha de novo.
E então se permitiu chorar. Simplesmente chorar e tentar fazer com aquela dor saísse por meio das lágrimas. Mas ela sabia que não iriam, era impossível.
Apenas chorou.
E por um momento, no auge de sua dor, quando estava sentada no chão da sala com suas mãos cobrindo seu rosto e seu corpo se manifestando em soluços, desejou que nada daquilo tivesse acontecido.
O pensamento desapareceu com a mesma velocidade que surgiu, trazendo agora a vontade de se dar um soco. Não era egoísta, não era tão ridícula. Não jogaria tudo aquilo pelo que passaram no lixo se tivesse a chance. Sim, doía. Mas doía porque a amava, Sana sabia disso.
E não abriria mão disso por nada nesse mundo.
Ela dormiu minutos depois, vencida pela exaustão. As costas ainda apoiadas na parede e o último pensamento antes de adormecer focado na sua anjinha. A porta aberta para que Jihyo pudesse entrar quando voltasse.
Mas o vento fez seu trabalho, e com um sopro leve e delicado foi fechando a porta lentamente até que ela bater e separar o mundo lá fora com a confusão lá dentro, bloqueando todos aqueles sussuros de confirmação que fariam Sana arrancar suas próprias orelhas para que não precisasse os ouvir.
Ela não gostava mais da verdade.
Aprendera que a verdade normalmente podia machucar bem mais do que a mentira.
E a verdade era que Jihyo não iria voltar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardian Angel - 𝒮ahyo !
Novela JuvenilMinatozaki Sana não se considerava a menina mais sortuda do mundo, nem perto disso. Seus pais não lhe davam nenhuma atenção e a garota não tinha amigas para pelo menos preencherem o tempo que ela passa sozinha apenas com as paredes escutando seus de...