Trigésimo segundo capítulo!

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Eu continuei sentada, esperando Pedro entrar pela porta. Eu nem imaginava qual seria a reação dele, então não tive coragem de olhar pra ele quando ele a abriu, esperei ele vir falar comigo.
- O que você fez? - ele gritou
- O que eu fiz? O que sua mãe fez, que você quer dizer né? - eu disse com raiva
- Ela disse que você a irritou - ele me olhou confuso
- Ela também te contou que ela me deu um tapa na cara? - eu estava furiosa
- Não - ele parecia sem palavras
- Pois é. Agora você já está sabendo. - eu sorri e me virei
- O que aconteceu, me conte com calma - ele se sentou do meu lado
Eu expliquei tudo, cada detalhe do que ela disse e do que eu falei, ele só me escutava com um olhar compreensivo até que eu terminei.
- Mas você não precisava ter falado isso com ela né amor - ele me olhou
- Olha, eu sei que ela é sua mãe e que você tem que defender ela, mas me falar que eu fui errada, depois de ela ter enchido meu saco? Pelo amor de Deus Pedro! - eu disse
Ele ficou calado, foi a primeira vez que eu chamei ele de Pedro desde que a gente está junto. Acho que isso deixou claro que eu estava nervosa e que nada que ele diria me acalmaria.
- Tá ok amor, vocês duas que se entendam. Vou ficar esta noite aqui com você - ele sorriu
- Aqui na casa da Ana? Não acho que seja uma boa idéia.
- Podem ficar, vocês dois são super bem vindos aqui - finalmente Ana disse alguma coisa.
Continuei sentada, tentando esquecer o que tinha acontecido e que tinha estragado totalmente meu sábado.
Ainda estávamos calados quando Ana deu a idéia de vermos um filme e logo Pedro topou. Ana chamou Matheus, que não demorou muito a chegar e assistimos á uma comédia romântica, com pipoca, chocolate e muito refrigerante. Pedro se deitou no meu colo e assistimos todo o filme naquela posição, demos várias risadas e eu consegui chorar com o final do filme. Por um momento, parecia que estava tudo perfeito. Mas só parecia.
Depois que o filme acabou, ainda fiquei deitada com Pedro, trocando carinhos e beijos, que por um instante eu pensei em largar por causa de uma briga boba. Sim. Uma briga boba, que com certeza teria conseqüências. Afastei o máximo que pude esses pensamentos ruins sobre o que aconteceria daqui pra frente e ajudei Ana a organizar nossa cama na sala.
Pegamos vários colchões e várias cobertas, que resultaram em duas camas de casal bem improvisadas, mas que dariam perfeitamente para uma boa noite de sono. Como ainda não era a hora de dormir, pois tinha acabado de começar a escurecer, jogamos baralho, fizemos várias brincadeiras e de tanta insistência da Ana acabei tocando violão pra gente no final da noite.
Eu tive inveja da Ana. Inveja boa, claro. Inveja da paz que ela tinha dentro de casa, de seu relacionamento com sua mãe e com seu pai. Todos viviam bem, felizes, ela não precisava esconder nada deles... Pelo menos era o que parecia. Perceber isso só me fez sentir mais falta da minha mãe, da MINHA familia e de todas as minhas amigas da outra escola. Mas durou pouco, porque olhei pra frente e vi Pedro, sorrindo e brincando com Matheus, uma cena que me fez sorrir também. E a Ana, que me abrigava na casa dela esta noite, porque realmente se importava comigo, minha amiga. É, pensando bem eu tive sorte de conhecer essas pessoas e delas terem se tornado tão especiais em pouco tempo. O que seria de mim sem a Ana ? Aonde eu estaria uma hora dessas se não fosse ela ? Não quis imaginar.
Ela me chamou para ir ao seu quarto e me emprestou um pijama lindo, todo branco com bolinhas azuis. Me troquei e voltei pra sala, onde Pedro já estava deitado e com um short que provavelmente era do Matheus, ou do pai da Ana. Não perguntei, só me deitei ao lado dele.
- Vocês estão bem aí ? - Ana perguntou
- Sim amiga, obrigada viu? - eu sorri
- Nada, agora eu e meu love vamos pro quarto - ela piscou, nós rimos
- Boa noite - Matheus disse
- Boa noite gente - Pedro respondeu
- Boa note - eu disse
Ana e Matheus saíram da sala e foram pro quarto, o pai e a mãe de Ana já estavam em seus quartos.
- Estranho como as coisas acontecem, ontem tava tudo tão bem... - ele me fazia carinho
- É né... Mas não podemos fazer nada amor. - eu o olhei
- Eu posso, posso te pedir desculpas pela minha mãe. Ela é uma boa pessoa só que as vezes ela... - ele disse e eu preferi terminar a frase
- Ama meu pai demais. - eu sorri
- É... Demais... - ele me puxou pra perto dele
Nos beijamos devagar, enquanto minha mão alisava seu braço e seu rosto. Eu queria gravar na minha memória aquele momento, aquele beijo e aquela pele. Vai que acontece alguma coisa de novo e eu tivesse que me mudar pra longe dele? Não restariam nada, só as lembranças... Eu precisava daquilo, eu precisava sentir aquele cheiro, aquele gosto, aquele toque porque eu literalmente não sabia o dia de amanhã. Não demorou muito para começarmos a fazer amor, bem baixinho ele sussurrava palavras de amor no meu ouvido e tampava minha boca, me impedindo de gemer ou gritar qualquer coisa que acordasse os pais da Ana ou ela e o Matheus. Não demorou muito para chegarmos ao clímax, mas também não podíamos ficar fazendo amor por muito tempo. Foi muito gostoso e enquanto ainda estávamos ofegantes ele me jurou.
- Eu sempre vou te amar, tá? - ele me beijou.
Adormecemos. Quando acordei, Ana já havia acordado e estava tomando café com Matheus no sofá. Acordei o Pedro antes mesmo de me levantar, dei bom dia aos meninos e fomos para o banheiro. Ana já tinha preparado tudo, tinham 2 toalhas e 2 escovas de dentes, daquelas que sobram na compra do mês, sabe? Tomamos um breve banho, me troquei no banheiro mesmo e coloquei a roupa que eu havia chegado na tarde de ontem. Acho que Pedro também fez o mesmo, não reparei.
Tomamos café junto com Matheus e Ana, e escutei meu celular tocar. Já tinham várias ligações do meu pai, acho que ele estava desesperado por notícias, pois meu pai nunca foi de me ligar tanto assim. Retornei e ele atendeu.
- Oi pai - eu disse
- Oi filha agora você pode me falar onde você está? Onde passou a noite? Com quem? Pedro também não dormiu em casa, estamos preocupados - ele atropelava as palavras
- Nós dormimos na casa da Ana. - foi só o que consegui dizer
- Ana? Aquela sua amiga? O Pedro também? - ele continuava afobado
- Sim pai, Pedro dormiu aqui também. Ele passou a tarde com a gente e já estava muito tarde quando ele quis ir embora, então Ana preferiu que ele dormisse aqui. Pra mim ele tinha avisado - olhei pra Pedro
- Ah então tudo bem, vou avisar a mãe dele. - ele estava calmo
- Tá. - eu disse, ficamos calados por um instante
- Será que dava pra você ir daqui a pouco na nossa padaria pra gente conversar filha? Acho que... - ele disse e eu o interrompi
- Claro pai, te encontro la as 11. - eu disse
- Ok, beijo - ele disse
- Beijo - eu desliguei
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