No dia seguinte, fui pra aula e fiz a prova. Conversei um pouco com o Felipe, contei pra ele da boate que eu tinha ido com a Maria no fim de semana. Ele me deu idéia de uns lugares bacanas pra gente ir, e prometeu que nos chamaria pra sair com ele qualquer dia desses. Fui pra casa depois da aula e fiz o de costume. Quando comecei a arrumar a casa, liguei o rádio e estava tocando a música que mais me fazia lembrar o Pedro. Uma que ele cantou pra mim uma vez, enquanto a gente tomava banho... Sem parar de fazer minha faxina, chorei um pouco. Sem ligar se alguém fosse ouvir ou ver, cantei e chorei ao mesmo tempo. Quando minha cota de choros por hoje acabou, limpei meu rosto e ri daquela situação
- É definitivamente o fundo do poço viu! - eu conversei sozinha e ri
Senti que as coisas começaram a melhorar. Eu já ria do que tava acontecendo, isso significava muita coisa. Mas dentro de mim, dentro do meu coração estava tudo do mesmo jeito. Ainda não tinha cicatrizado. E eu sinceramente não sabia se tinha começado a cicatrizar, mas eu esperava que sim.
A semana passou, e no dia do jantarzinho da Ana e do Matheus fui pra casa dela ajudar a arrumar as coisas. Ficou lindo, e quando tava quase na hora dele chegar eu fui embora. No outro dia, ela chegou rindo e até mais feliz, só pela cara dela eu já sabia que a noite tinha sido ÓTIMA. Ela me contou sobre a noite e estudamos, como sempre.
O tempo começava a passar, e eu começava a fazer coisas como estudar, sair com a Maria e conhecer gente nova pra ver se aquele menino saía da minha cabeça. Ou pelo menos se saísse do meu coração, já tava de bom tamanho.
E o tempo passou. Na escola, o clima era de despedida e não se falava de outra coisa a não ser a festa de formatura do povo do terceiro ano. Como só o povo do terceiro ano podiam participar, eu não fiquei empolgada. Durante dezembro e nas férias, eu saía muito com a Maria e passava uns dias na casa da Ana. Teve até um dia em que chamei as duas pra ir lá em casa pra elas se conhecerem. Como eu já esperava, elas se adoraram.
O Pedro, se querem saber, me ligou várias vezes. Quando meu nervosismo pertimitia eu atendia e conversava um pouco com ele. Sempre a mesma coisa: eu chorando, ele chorando e nós dois fazendo juras e juras de amor. Por fim, meu pai pegou meu chip e concluiu que atender os telefonemas dele definitivamente não me fazia bem. Era sempre a mesma coisa, uma ligação e uma semana de sofrimento! Ele me ligava, falava que me amava, a gente chorava, e eu ficava mal. Sentindo saudade, sentindo amor, sentindo aquele vazio que só ele conseguiu deixar em mim.
Quando o Natal se aproximou demais, pra ser mais precisa, num sábado antes da véspera, fui fazer compra com meu pai para a ceia que ia ser na casa da mãe da minha madrasta. Eles sempre se reuniam no Natal, e eu gostava dos parentes dela, eles sempre me trataram bem.
- Filha, pega pra mim essas coisas que estão na lista - ele me entregou um papel
- Ok - eu fui em direção ao arroz
- O Pedro ligou pra mãe dele e diz que vem passar o Natal conosco. - ele me olhou
Na mesma hora,deixei a lista cair. Senti uma descarga elétrica, daquelas de quando a gente toma um susto, sabe? Não sei quanto tempo durou, só sei que quando me abaixei pra pegar o papel meu pai ja tinha pegado algumas coisas e colocado no carrinho.
- Se você não quiser passar o Natal comigo, eu vou entender. - ele disse
- Tudo bem pai. - consegui dizer essas palavras
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Era só meu irmão...
RomanceLuiza, 14 anos, morena dos cabelos longos, um corpo de dar inveja e uma personalidade muito forte. Sua mãe faleceu quando tinha 6 anos e seu pai se casou quando tinha 10. Seu relacionamento com seu pai era ótimo, com sua madrasta nem tanto, mas com...