Um casal quase perfeito

Capítulo 32

"Algumas verdades, por mais que pareçam assustadoras, têm o poder de transformar o medo em esperança e a dúvida em amor." 

– Nicholas Sparks, O Guardião.

Pov Harry

Eu nunca estive tão nervoso em toda a minha vida. Cobrir brigas, entrevistar políticos corruptos, até enfrentar minha mãe quando decidir largar o negócio sua agência para trabalhar com meu pai, sim. Eles tem uma pequena competição somente entre eles, já que minha mãe tem uma agência de modelos e meu pai e dono de uma revista, eles ficam competindo para ver qual das crianças vai acompanhar eles. O Henry resolveu ser agenciado pelão minha mãe, enquanto eu sempre fui a sombra de Pedro montgomery, meu pai – mas nada disso chega perto da ansiedade que sinto agora. Hoje é o dia em que vou contar para Ariel que sou seu pai.

Desde que Cassie saiu da minha casa a dois dias atrás com raiva depois da nossa briga, não trocamos mais do que algumas mensagens. Ela pediu um tempo para preparar a Ariel, hoje preparei um piquenique na casa do lago, Ariel acha que sou um príncipe e não quero estragar isso dela, então resolvo aparecer em um dos cavalos, não sou muito bom em cavalgar, mas acho que vai dar certo. Emma trouxe elas cedo e ajudou a organizar tudo.

O vento suave que vinha do lago fazia as folhas das árvores balançarem preguiçosamente. O sol brilhava no céu azul, e a casa de campo da minha família parecia algo saído de um cartão-postal. Apesar do cenário perfeito, meu coração estava acelerado. 

À distância, eu podia ver as duas – Ariel e Cassie – brincando perto da margem do lago. Ariel estava tentando capturar borboletas com uma rede improvisada, enquanto Cassie observava, com aquele sorriso que eu costumava conhecer tão bem. Havia uma ternura no olhar dela enquanto assistia nossa filha brincar.

Mas eu não estava pronto para pensar nisso. Não hoje.

Tentei focar no plano que tinha elaborado na minha cabeça. Ariel é uma criança cheia de imaginação, sempre sonhando com contos de fadas e aventuras. Então, decidi que, se eu fosse contar algo tão importante, faria de um jeito que ela jamais esqueceria.

— Tudo bem, garoto, está na hora. — Murmurei para o cavalo branco que tinha preparado para a ocasião. Ele era um dos favoritos do estábulo da minha família, um animal majestoso, quase como um personagem saído de um conto de fadas.

Guiei o cavalo em direção ao lago, onde Ariel e Cassie estavam. Conforme me aproximei, ouvi o riso animado de Ariel. Quando ela finalmente me viu, montado no cavalo, seus olhos se arregalaram e ela deixou a rede cair no chão.

— Um cavalo branco! — ela gritou, pulando de empolgação. — Igual ao das histórias!

Cassie se levantou, surpresa, mas não disse nada. Seu olhar era uma mistura de curiosidade e cautela, mas, pela primeira vez em muito tempo, não havia hostilidade.

— Oi, princesa Ariel. — Sorri para ela enquanto parava o cavalo a poucos metros de distância. — Quer dar uma volta?

— Eu posso? De verdade? — Seus olhos brilhavam de emoção.

— Claro que pode. Toda princesa merece andar de cavalo.

Ela correu em minha direção, e eu desci do cavalo para ajudá-la a subir. Quando Ariel estava segura na sela, Cassie se aproximou.

— Você tem certeza disso, Harry? — ela perguntou em voz baixa.

Assenti.

— Não tem mais como adiar.

Cassie suspirou, mas deu um leve aceno de cabeça antes de se afastar novamente.

Depois de dar algumas voltas lentas com o cavalo, Ariel desceu e correu de volta para o piquenique. Eu a segui, sentando-me na grama ao lado dela. Cassie estava a alguns passos de distância, observando em silêncio.

— Ariel, posso te contar uma coisa? — perguntei, tentando manter minha voz calma.

— O que foi? — ela perguntou, ainda sorrindo, o rosto iluminado pela empolgação do passeio.

— Lembra que você disse que seu pai era um príncipe como os dos contos de fadas?

Ela assentiu com a cabeça, os olhos fixos em mim.

— Bem, ele já salvou muitas princesas pelo mundo, agora ele voltou para a princesa principal da historia dele - ela coloca a mão na boca como se estivesse em choque. 

— Você e meu pai? — ela perguntou, surpresa.

Eu respirei fundo, sentindo a tensão crescer.

— Sou eu, Ariel. Eu sou seu pai.

O rosto dela se transformou em uma mistura de surpresa e felicidade. Ela piscou algumas vezes, como se estivesse tentando entender o que eu tinha acabado de dizer.

— De verdade? Você é meu pai?

— Sim, de verdade. — Sorri, sentindo meu coração se derreter com a alegria em seus olhos.

Ela me abraçou com tanta força que quase me derrubou.

— Eu tenho um pai! Eu sempre quis um pai! — ela gritou, rindo.

— E eu sempre quis você, Ariel — sussurrei, abraçando-a de volta.

Cassie se aproximou, os olhos marejados. Ariel correu para ela, ainda rindo.

— Mamãe, você sabia? O papai é o Harry!

Cassie riu, ajoelhando-se para abraçar Ariel.

— Sim, meu amor. Eu sabia.

Aquele momento era perfeito, tão perfeito que por um instante eu esqueci de tudo – das brigas, das mágoas, do passado. Tudo o que importava era o presente, aqui com Ariel.

Enquanto assistíamos Ariel correr em volta do cavalo, rindo e inventando histórias, me aproximei de Cassie.

— Obrigado por isso, Cassie.

Ela me olhou, surpresa, mas apenas assentiu.

— É o que Ariel merece. Eu sei que errei, nunca vou poder me redimir por isso, mas pela nossa filha, para que ela cresça com uma vida mais normal possível, quero ter uma boa convivência com você, deixar os problemas de lado e ser uma família de verdade, principalmente quando estivemos com ela. 

Eu não sabia se algum dia conseguiríamos superar tudo o que aconteceu, mas, por Ariel, estava disposto a tentar.

E, pela primeira vez, senti que estávamos no caminho certo.

Passamos o dia inteiro brincando no lago, ela andou de cavalo varias vezes, brincou com a Maya. Até fez Cassie eu andamos juntos de cavalo, e confesso que foi o dia mais feliz da minha vida, estou ao lado das duas mulheres que mais ano na vida, mas infelizmente não posso dizer isso a ela, depois de tudo, não posso perdoa-la. 

Ela está na sala agora, folheando um livro colorido sobre princesas que Cassie trouxe. Já Cassie, está na cozinha ajudando a terminar o jantar. Nossa trégua é frágil, como um fio de seda a se romper, mas estamos fazendo isso pela Ariel. Só por ela.

— Harry, o molho está pronto. Pode levar pra mesa? — Cassie pergunta, sem me olhar.

Assinto em silêncio, levando uma panela para a sala de jantar. Tente evitar qualquer tipo de conversa desnecessária. Não que eu ainda fique com raiva – embora parte de mim esteja –, mas porque não quero estragar o clima leve. 

— Hora do jantar, Ariel — digo, sorrindo para ela.

Ela pula do sofá animado, com a mesma energia que parece nunca acabar.

—É macarrão? Eu amo macarrão!

Cassie aparece com o restante das coisas, e nos sentamos. A mesa está quieta, o som dos talheres contra os pratos preenchendo o silêncio. Ariel fala sobre o desenho que assistiu hoje e como quer ser uma princesa um dia. Eu a observo, encantado pela forma como ela enxerga o mundo com tanta simplicidade. Minha filha é perfeita, de todas as formas possíveis.