{07}-Amigos

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Me dê um ou dois dias
Pra pensar em algo inteligente
Para escrever uma carta para mim mesma
Pra me dizer o que fazer
-Happier Than Ever-

- Um responsável? — Soobin perguntou ainda agarrado ao braço de Yeonjun

- Sim, ele foi deixado no pronto socorro por uma mulher que saiu logo depois, ela deixou uma criança aqui também. — A mulher respondeu.

- E deixou algum recado?

- Ela disse que mandaria alguém... seriam vocês? — Era visível que ela estava ficando impaciente já.

- Vocês? - Foi só então que ele notou que ainda estava segurando o loiro pelo braço - Ah... Sim... Nos.

- Então deixe - me falar sobre as condições dele - Ela começou tendo um aceno positivo do castanho - Ele está com hemorragia interna, além de alguns ferimentos por todo o corpo, em relação à hemorragia ele precisaria de uma cirurgia para estancar o sangram entender por completo, no momento apenas demos à ele alguns remédios para diminuir a perda de sangue.

- O que precisam para fazer a cirurgia? - Ele tentava se manter calmo.

- A permissão por meio de uma assinatura de um responsável, no caso vocês.

- Certo, acho que posso fazer isso...- Soobin estudava em sua mente todos os ricos, afinal, ele era médico.

- Se vai realmente fazer isso, venha comigo e assine algumas coisas - Ha-na chamou voltando pelo corredor.

- Fique com ele, por favor, eu volto já - O castanho pediu soltando o braço de Yeonjun.

Yeonjun e Beomgyu conversaram um pouco antes de Soobin voltar ao quarto tendo Nabih consigo.

- Oi Nabih - O garoto de fios pretos forçou um sorriso.

- Irmão! - A garota correu o abraçando.

- Nabih, como você está? Onde está sua mãe? - As perguntas foram lançadas de forma preocupada.

- A mamãe disse que iria resolver algo... Ela deve voltar logo.

O silêncio tomou conta do local, Beom encarava sua irmã, tão pequena... Ele tinha raiva, muita raiva do homem que se intitulava seu pai.

💎💎

Os dias seguintes foram cansativos, o castanho ficava entre casa e hospital.

"Foram realmente dias cansativos, eu fui ao hospital todos os dias, isso estava me lembrando meus dias de trabalho, o ambiente caótico, porém, dessa vez eu era o acompanhante preocupado e não o médico entregando uma notícia ruim, era tão ruim estar do outro lado..."

- Olá - Yeon se escorou na grade ao lado de Soobin.

- Oi, você ainda não me contou como veio parar aqui - Disse sem tirar os olhos do horizonte.

- Ah... Bem, o seu pai por algum motivo estava na casa de meus pais no dia em que fui expulso...- Foi cortado.

- Você foi expulso de casa? - O castanho o olhou desacreditado.

- Sim... Na verdade, acho que eu pedi para ir embora.

- E por que?

- Achei que já estivesse na hora, afinal, já sou um adulto, mas pensando bem acho que foi uma decisão bem impulsiva.

- Se arrependeu?

- Não posso dizer que me arrependi, eu estou conseguindo tocar a vida, já até encontrei um emprego.

- É sério? Você não me disse isso.

- Convenhamos, você está sempre bem ocupado esses dias - Logo que terminou sua frase ouviu o castanho suspirar.

"Não era uma mentira, eu passava a maior parte de meu tempo entre casa e hospital".

- Reconheço que não tive muito tempo esses dias, quando prometi aos meus pais que iria sair de casa, não pensei que fosse assim.

- Parece que foi o jeito que o universo achou de te fazer sair.

- Talvez… — Ele não realmente acreditava naquilo.

💎💎

Soobin estava na porta de sua casa, tinha acabado de voltar com Yeonjun. Ele estava olhando o carro parado em frente a sua casa, de repente memórias vieram à sua cabeça como um flash.

Uma madrugada onde ele estava viajando com sua esposa e filha, a estrada estava escura e seus faróis estavam baixos.

Ele se lembrava da velocidade que estava andando, era bem maior que a permitida na vida, Sadski, sua esposa, lhe advertiu para ir mais devagar, ele porém, não tirou o pé do acelerador, a pressa lhe envolvia.

Em algum ele cansado das muitas horas dirigindo, cochilou no volante, foram necessários apenas alguns segundos para que o carro saísse da estrada e despencasse o penhasco a baixo.

Por algum motivo Soobin sobreviveu com poucos ferimentos, enquanto sua filha Mei foi arremessada para fora do carro e lançada ao um poço, nem sequer seu corpo foi encontrado. Já Sadski teve morte cerebral ao chegar no hospital.

"Eu gostaria muito de entender o porquê é que eu fiquei, por que eu sobrevivi? Se a única pessoa naquele carro que estava errada era eu? Eu gostaria mesmo de uma resposta para isso".

Os pais de Soobin insistiram bastante para consertar o carro dele, o mesmo queria apenas deixá-lo em algum ferro velho ou coisa possível. Livrar - se de qualquer possível lembrança era o seu propósito.

É isso que ele fez... Ou talvez não completamente.

💎💎

Beomgyu estava em seu quarto quando ouviu a porta abrir devagar e um garoto entrar segurando sua bolsa de soro em um suporte.

- Taehyun - Ele proferiu com um sorriso - O que faz aqui? - Sentou - se rapidamente na cama.

- Consegui dar uma escapada do meu quarto - Ele se sentou na beirada da cama - Como vai a vida?

- Não sei dizer, esses pontos doem as vezes - Ele apontou para o local da cirurgia - E a comida aqui não é nada boa, sem contar que sinto falta da minha... - Ele fez uma pausa sentindo uma lágrima rolar.

- Da sua o que?

- Eu ia dizer casa... Mas eu não tenho mais um lugar confortável para chamar de casa - Abaixou a cabeça sentindo as lágrimas rolarem.

- Está tudo bem, você tem um irmão incrível, sei que ele não te deixaria na mão - O loiro acariciou os fios escuros do garoto o escutando suspirar.

- Obrigado - Disse em tom baixo - Até hoje você não me disse por que está internado Tae - Seus olhos se encontraram com o do loiro que desviou a cabeça imediatamente.

- Isso não é importante, não é nada demais - Beomgyu presumiu que seria assunto de Taehyun e então resolveu deixar aquilo quieto - Mas me diga, seu pai sempre te tratou assim? Tudo se não quiser me dizer.

- Está tudo bem, já estou bem para falar sobre isso - Ele mentiu - Venha aqui - Sinalizou para o loiro sentar ao seu lado e assim o garoto fez - O meu pai nem sempre foi assim, ele era o exemplo de pai perfeito até os meus dez anos, mas depois disso o trabalho dele começou o enlouquecer e então ele começou com as agressões, sempre que qualquer coisa que eu fazia saia errado isso era motivo para apanhar.

- Com o que ele trabalhava? - O loiro voltou a acariciar os fios escuros do amigo.

- Eu não sei exatamente, ele dizia ser cientista, passava o dia em um laboratório, uma vez o peguei testando uma fórmula nele mesmo.

- Beomgyu eu realmente sinto muito. Aquele homem não merecia ser seu pai, você é um garoto incrível,  eu não te conheço a muito tempo, mas posso dizer que você não se parece nada com ele - Passou o braço pelos ombros do garoto - Pode contar comigo amigo.

- Obrigado Taehy - Escorou a cabeça no ombro do loiro e acabou adormecendo ali mesmo.

Continua…

Corredeiras Da Alma [Yeonbin]Onde histórias criam vida. Descubra agora