Capítulo 2 - Aquele com as runas.

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A chegada em Covent Garden foi sincronizada, gente de todo o reino unido e até da América vieram ajudar, e conseguimos guiar os comensais para o grande mercado coberto na Apple Market. Feitiços anti- desaparatações estavam em cada centímetro ao redor e tínhamos que garantir que os comensais procurados não passassem por nós.

O mercado estava, como sempre, cheio de trouxas. Seu teto de vidro e arcos abobadados poderiam até ter capturado minha atenção em outro dia, mas só o que pensava hoje era em como isso dificultava nosso trabalho, as curvas confundiam o limite das visões e o teto de vidro criava uma sombra longa e fina de lua.

A evacuação foi difícil, com averiguações de assinatura mágica e obliviações, um por um, cada trouxa, cada homem, mulher ou criança foi testado. Já estava quase amanhecendo e nós estávamos na estaca zero. Soltei um bufo de frustração. Pelas colunas azuis do mercado, conseguia ver a sombra de outros aurores se esgueirando e então se evanescendo enquanto eles se desiludiam. Minha mente de volta à Toca; como eles estariam? Mamãe teria colocado Harry para dormir sozinho e Hermione no quarto de Gina? Esperava que não...Hermione ainda se sente mais segura quando tem Harry sobre seus olhos. Pisquei os olhos e meu melhor amigo morto nos braços de Hagrid invadiram minha visão. Ele estava morto, ele estava realmente morto e daí... não estava. Balancei a cabeça para me livrar da imagem medonha.

Percy me cutucou e segurou a barra da minha camiseta para me indicar a direção em que estava me levando. Varinhas em punho, nos acomodamos em mais um ponto de espera. Senti a ponta da varinha de Percy batendo em meu cocuruto e a familiar sensação de água gelada escorreu pela minha espinha.

- Brrrr – eu estremeci e ouvi meu irmão fazer um barulhinho típico dele, aquele que ele fazia quando queria rir, mas o decoro estava no caminho. Fred falaria "tire o cabo de vassoura da bunda Percy, e viva um pouco" e então ele recolheria o sorriso e nos olharia a todos com condescendência. Meu lábio inferior se projetou ao pensamento de que Fred nunca mais diria uma obscenidade dessas quando percebi o ar ao meu redor ondular e adivinhei que Percy estava se movimentando. Vi uma linha no chão brilhar fracamente e logo sumir enquanto ele a riscava com a varinha, um círculo pequeno que abrangia somente nós dois. Senti seu antebraço me empurrando e me movi, dando alguns passos para a esquerda. Onde estava meus pés, ele começou a marcar uma figura rúnica no chão e ela brilhou por apenas um instante antes de apagar por completo. O que Percy estava fazendo? Seus dedos se firmaram em meu punho e ele me trouxe de volta para o círculo ao mesmo tempo que desfazia a desilusão em si mesmo. Eu ofeguei com a visão de seu corpo desprotegido e dei um passo para fora do círculo, vendo com assombro que ele sumiu novamente. Mais um passo para a direita e ...lá está ele. O filha da mãe me olhava com um sorrisinho sacana nos lábios. Lancei um muffiato silencioso e o parabenizei.

- Truque legal esse seu.

- Shhhhh – ele começou a querer me calar, mas sacou rapidamente o que estava acontecendo – bom, o seu também. Não conhecia esse feitiço, é de Hermione?

- De Harry, na verdade, ou devo dizer, de Snape – por trás das minhas pálpebras dançou uma lembrança de nós três em meu quarto, Harry lançou o feitiço em minha porta e Hermione fechou o semblante. Meu coração se aqueceu com uma onda de carinho e eu sorri.

- Falando em Hermione, vi que estavam de mãos dadas, vocês estão, tipo...juntos? – Percy abria as vestes enquanto falava e tirou dali um cigarro.

Intrigado e não querendo dar muitas explicações, dei de ombros. Percy estalou os dedos e um pequeno fogo se iniciou em seu polegar, ele aproximou o dedo do cigarro e chupou fracamente, a ponta do cigarro acendeu. Meus olhos brilharam. Desde quando Percy era...descolado?

Sempre o tom de surpresaOnde histórias criam vida. Descubra agora