Aquele com o tribunal

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O pequeno galho estalou embaixo dos meus pés e eu me abaixei, a varinha erguida contra o nada, o coração acelerado.

- Harry?

- Hermione?

Onde eles estavam? Eles não poderiam ter aparatado já, poderiam? Fiquei em poder daqueles sequestradores tempo demais.

As árvores pareciam todas iguais, a trilha fazia uma leve virada para direita e eu resolvi contrariar, indo para a esquerda. Eu deveria me desiludir? Deveria, é, acho que sim. Lancei então um feitiço rápido e um abaffiato virado para mim mesmo, sem saber, no entanto, se ia me fazer silencioso. Eu poderia usar silencioso nos pés, entretanto. A relva estava seca e eu fazia muito barulho triturando os galhinhos do chão. Ou não fazia barulho algum, e era tudo que eu conseguia escutar porque estava muito silencioso. Andei por muito tempo, desviando toda vez que via a trilha, mas sempre encontrava com ela de novo.

Uma pegada! Isso, uma pegada! Agora sim, estou no caminho certo, deve pertencer a Harry, é grande demais para Hermione...coloquei meu pé sobre a pegada e se encaixou perfeitamente. Me abaixei e verifiquei os detalhes da pegada, idênticos aos da sola do meu sapato. Merda! O sol estava nascendo, mesmo desiludido, ficaria perigoso aqui.

Me concentrei e aparatei novamente em Tinworth. A casa estava escura e quieta, ninguém havia acordado ainda. Espalhei o mapa do reino unido na desgastada mesa da cozinha e observei os milhares de "x" em vermelho que eu havia feito, todas áreas que eu já havia esquadrinhado.

Bill surgiu ao meu lado, seu rosto mais magro e mais enrugado do que eu me lembrara. De repente, toda a casa parecia mais velha e mais destruída.

- Você ainda está procurando, Ronald?

- Eu vou achá-los, Bill, eu sei que vou.

- Ron, eles se foram há mais de trinta anos. Você tem que deixá-los ir...

Com um gemido, me olhei no espelho que ficava em cima da pequena pia decorada com conchas da praia. Meu rosto era cheio de manchas e enrugado, meu cabelo, o pouco que restava, estava completamente branco.

- Amanhã, amanhã eu vou achá-los.

Acordei com um enorme susto. Meu coração estava batendo tão forte que não sei como não acordou Hermione, que dormia profundamente, suas costas recostadas ao meu peito.

Ela estava aqui. Eu tateei seu corpo, sem nenhuma delicadeza. Era ela de verdade, era ela. Ela estava a salvo. Eu os achei. Consegui controlar a respiração e o tremor nas mãos lentamente. Expirei, aliviado. Precisava agora checar Harry. Precisava saber que ele estava vivo, e bem. Me desvencilhei de Hermione, notando que ela esticava as costas, procurando meu calor.

- Eu já volto, meu amor – eu sussurrei, me levantando devagar.

Embora tenha saído na ponta dos pés para não acordá-la, uma vez no corredor, eu andei mais rápido. Tentava me acalmar no curto caminho, não havia motivos para exasperação. Eu os achei, os dois, e Harry morreu, mas depois voltou e acabou a guerra e eu atravessei o corredor rapidamente, precisava apenas vê-lo, só por um instante, e então voltaria para cama, apenas vê-lo e abri a porta.

Harry estava lá, dormindo sereno, enrolado em...

Eu entrei no quarto e circulei a cama, não acreditando nos meus olhos que teimavam em enxergar uma figura pequena e ruiva na colher que o corpo de meu amigo formava. Ela tinha o lençol cobrindo seus seios, mas os ombros estavam nus.

- Gina?

- expulso

Eu mal tinha começado a me indignar quando voei contra a parede e tudo ficou escuro...

Sempre o tom de surpresaOnde histórias criam vida. Descubra agora