- Nossa, como é bom sentir o calor do sol! Como seria andar na terra sentindo esse calor? - Perguntou uma sereia para a sua amiga.
- Deve ser desconfortavelmente quente e seco, é bom sentir o calor da grande estrela, mas só se estivermos na água - respondeu a amiga.
- Hm... - pensou a primeira sereia pensativa. Ela tinha passado os últimos anos imaginando como seria andar na terra e sentir o calor direto sob a sua pele.
- Vamos! Não podemos perder a caçada - avisou sua amiga, pois hoje era dia de caçar baleias.
Depois da caçada, todas as sereias foram dormir para descansar e continuarem a caçada no dia seguinte. Enquanto todas estavam adormecidas, a nossa sereia que estava apaixonada pelo calor do sol, não conseguia dormir por conta da sua inquietação. Ela tinha 147 anos e nos últimos 99 anos, ela não conseguia parar de pensar na sensação que teria se tivesse pernas e pudesse caminhar durante o dia na praia ou até mesmo nas grandes cidades de pedra entre os humanos. Ela nadou para longe de suas amigas e mães e foi até a anciã. A velha sereia morava sozinha em uma caverna profunda.
- Quem vem a minha caverna importunar o meu silencio hein? - Perguntou a anciã.
- Eu. Meu nome é Luz da Lua e venho até sua morada para pedir auxílio.
- Que tipo de auxílio você procura, Luz da Lua?
- Eu quero sentir o calor da grande estrela no céu na minha pele, mas que seja de uma forma natural, assim como é para as humanas que tem pernas.
- Você está me pedindo muito e não está oferecendo nada em troca, o que vai me oferecer? - Perguntou a anciã.
- Eu posso oferecer a melhor parte de carne de baleia, estamos em temporada de caça, amanhã mesmo posso te trazer.
- E o que mais?
- Você quer carne de tubarão? - Falou a nossa sereia com o coração pulsando.
- Não quero carne de tubarão, o que mais pode me oferecer além de comida?
- Você quer armas?
- Continue...
- Ofereço uma lança afiada com a ponta feita com um dente de tubarão branco, a minha arma mais letal que tenho.
- Sim, aceito a oferenda, mas para pagar o preço que você está exigindo, preciso de mais.
Luz da Lua pensou e pensou até que finalmente disse:
- Ofereço meus olhos. Eu não preciso deles para poder sentir o calor na pele.
- Certo, agora temos um acordo. Me traga amanhã todos os itens no mesmo horário e faço o feitiço para você. Sobre o último item, eu posso ajudá-la a retirar. Agora, vá.
A sereia nadou até a caverna de suas amigas e mães. Ela não conseguia dormir de tão ansiosa que estava. No dia seguinte, depois da caçada, ela voltou à caverna no mesmo horário levando a carne de baleia e sua melhor lança. Encontrou a anciã iniciando o feitiço, ela foi gentil e ajudou Luz da Lua a retirar seus olhos. A velha completou o feitiço e deixou um aviso para a sereia mais jovem.
- Você tem doze horas, se fosse ficar na terra depois desse tempo, não posso mais te proteger, você não poderá voltar a ter cauda e guelras - disse a anciã.
Luz da Lua estava tão feliz que nem ouviu a anciã falar o último conselho, ela agradeceu por tudo e foi nadando o mais rápido que pôde até a superfície. Localizou a praia pelo som das ondas e foi em direção à praia. Conforme ia se aproximando, sua cauda estava se desfazendo, pois no lugar estava aparecendo pernas de humanas. Ela sentiu pela primeira vez areia entre os chamados dedos dos pés e, afinal, ela tinha pés agora. Sorrindo, ela caminhou e caminhou, mas como não enxergava nada, ela decidiu se sentar entre duas pedras na areia e esperar pelo nascer do sol.
O sol nasceu e com ele veio o calor, Luz da Lua chorou de alegria, nunca tinha sentido algo igual, ela ficou horas e horas sentada apenas saboreando aquela sensação e então ela dormiu. E o dia seguinte chegou, havia passado mais de doze horas que Luz da Lua estava em terra. Quando ela acordou, foi cambaleando em direção ao mar, mas quando ela estava na água, sua cauda e guelras não voltaram e nunca mais voltariam. Ela chorou novamente, mas dessa vez de tristeza, lamentando para suas irmãs e mães o que tinha feito consigo mesma. Ela foi andando pela extensão da praia, achou uma gruta e ali ela fez sua morada. Depois de um ano em terra, a anciã fez uma visita a Luz da Lua, pois a gruta da ex sereia tinha duas entradas, uma por terra e outra por mar, a velha sereia entrou pela entrada do mar e chamou pela Luz da Lua.
- Pobre criança, eu avisei!
- Sim, você avisou e eu no momento estava tão feliz que não me importei com seus avisos, eu estou pagando o preço, mas devo dizer que já estou me acostumando com essa nova vida e aprendi muito nesse ano que passou. Aprendi a língua das pessoas que vivem na terra, desenvolvi roupas e cobertores a partir de algas e até tentei criar poções e remédios, mas que não deram muito certo.
- Querida, devo dizer que a sua situação me cativou, eu estou morrendo e quero deixar o meu livro de feitiços para você, isso, pegue. Ele agora é seu para fazer o que bem entender - falou a anciã.
Luz da Lua ficou muito feliz por receber o livro de feitiços, isso significava que ela era considerada sábia, apesar de que agora ela não fazia mais parte da comunidade que vivia, porém ela não se importava com isso. A partir de agora, ela faria a sua própria comunidade. A anciã se despediu e voltou para o fundo do mar enquanto Luz da Lua lia cada página do livro de feitiços. A anciã havia escrito o livro em braille. Ela passou mais alguns anos tentando desenvolver uma poção que pudesse criar e dar vida a sua própria comunidade, mas todas elas falharam, até que um dia apareceu uma oportunidade que ela não pôde recusar.
A sua gruta não era totalmente secreta, às vezes alguns humanos exploravam a praia e acabam encontrando a gruta de Luz da Lua por coincidência. Um dia, uma senhora de 63 anos estava catando conchas na areia da praia de manhã e encontrou a gruta da ex sereia. Ela entrou e ficou admirada com a beleza interna da gruta, assim, Luz da Lua apareceu sorrateiramente e matou a velha senhora com uma pedrada na cabeça. Ela encontrou o ingrediente perfeito que estava faltando na sua poção, sangue de humano! Ela fez a poção e bebeu até o último gole. Ela esperou algumas horas e logo a sua barriga já estava inchada, mais um dia e sua barriga estava com a aparência de uma barriga de gestante de 9 meses. Ela deu a luz durante a noite e das suas entranhas nasceram as aranhas do mar.
Suas aranhas do mar, ou quero dizer, seus filhos, causaram muito terror aos marinheiros e marinheiras, mas ela os amava mesmo assim. Por conta disso, causou um grande alvoroço na pequena cidade, não demorou muito para que os humanos desconfiassem que alguma coisa estava errada, que estava fora do lugar. Alguns corajosos haviam se aventurado na gruta da ex sereia e sobreviveram para contar histórias de algo maligno que estava vivendo escondido na praia. Os humanos então começaram a temer, criaram toque de recolher e regras restritas aos moradores e turistas. Pelos anos seguintes, a ex sereia virou uma lenda, a lenda de a "Bruxa da Gruta". Aterrorizando e amedrontando os moradores e os turistas com as suas aranhas do mar.
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Contos de terror
HorrorContos de terror para ler quando não está com sono. Está com insônia? Não consegue dormir? É melhor abrir o YouTube e procurar por músicas de ninar porque esses contos não te deixarão dormir! Este livro é dedicado aos monstros que habitam em todos n...