01 | Senhorita Íris

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Por isso, eu vou viver sem nada mais perder
E sem me apressar, um dia de cada vez
O que eu quero mais é te chamar de Pai
E ter o Teu amor vivendo aqui em mim
— Um Dia de Cada Vez, Alexandre Magnani e Marcela Taís.

Por isso, eu vou viver sem nada mais perderE sem me apressar, um dia de cada vezO que eu quero mais é te chamar de PaiE ter o Teu amor vivendo aqui em mim— Um Dia de Cada Vez, Alexandre Magnani e Marcela Taís

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Os momentos em que eu corria pela universidade, esbarrando nas pessoas e me desculpando, buscando chegar à sala de aula a tempo de não ser considerada atrasada, eram pura adrenalina. Era tudo ou nada; correr ou ficar para fora da sala, principalmente nas quartas-feiras.

Mesmo assim não consegui evitar que um sorriso estampasse meu rosto. Fazia três meses que eu havia começado minhas aulas no curso de Arquitetura, mas ainda não havia me acostumado ao fato de ser uma universitária. Era surreal! Eu sonhava com uma faculdade desde que era uma criança e agora tudo se concretizava à minha frente, graças ao meu Pai celestial. Eu era grata todos os dias por sempre ter desejado algo que fazia parte da Sua vontade para a minha vida — antes mesmo que eu compreendesse quem Ele era ou O escolhesse para servir e amar —, e esperava que essa gratidão me fortalecesse nos momentos em que eu quisesse arrancar os cabelos por causa de algum trabalho complicado ou com pouco prazo de entrega.

Assim que alcancei a central de aulas onde minha sala estava, diminuí um pouco a velocidade. Alcancei a porta de número 12, que, para meu alívio, ainda estava aberta. No entanto, quando fui cruzá-la, bati de frente com um dos meus colegas. Um dos livros que eu carregava foi ao chão, enquanto que os outros ameaçavam copiá-lo.

Segurei-os com mais força, vendo meu colega se abaixar e pegar meu livro fujão para mim.

— Me desculpa, Martin! Nem vi você — pedi, oferecendo-lhe um sorriso envergonhado.

— Imagina. — Ele sorriu também, entregando-me o livro. — Mais um minuto e você estaria encrencada, senhorita.

— Nem me fale! — exclamei, arrumando meus livros sobre o peito. — Muito obrigada, boa noite e boa aula para nós dois! — desejei, já entrando na sala, ouvindo o riso de Martin misturado a um “amém”.

Encontrei meu lugar entre minhas amigas, na parte direita da sala, mais à frente, e me sentei, cumprimentando-as e ajeitando minhas coisas rapidamente para não perder o momento em que o professor começasse a aula.

Júlio Bonatto era o mais rígido de todos os nossos professores. Se um aluno chegasse atrasado, não entraria na aula dele — por isso minha correria às quartas-feiras; se ele visse qualquer ato de desrespeito para com sua aula (como, por exemplo, mexer no celular enquanto ele falava), o aluno não assistiria mais nenhuma no semestre; se flagrasse um ato de cola, ele o repetiria na matéria. Se algumas das atitudes dele eram legais, nós não sabíamos e também não estávamos dispostos a tentar descobrir.

— Boa noite a todos. — O professor cumprimentou assim que Martin voltou, trazendo consigo um papel para entregar ao docente. — Vamos começar.

Assim, a aula começou. Eu abri meu caderno e fui anotando cada palavra que julgasse importante, do meu jeito. Era minha forma de aprender: ouvir e anotar.

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