04 | Senhor Abamias

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Então me sinto bem com isso
Me sinto bem com isso
Estou envolto em cada promessa que Você faz
Eu nem vou me preocupar mais
— I Feel Good About It, Foothills Collective

O dia se passou vagarosamente, como se quisesse esfregar na minha cara que fazia o que queria e não iria se apressar simplesmente porque uma certa moça de cabelos cacheados não deixava os meus pensamentos

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O dia se passou vagarosamente, como se quisesse esfregar na minha cara que fazia o que queria e não iria se apressar simplesmente porque uma certa moça de cabelos cacheados não deixava os meus pensamentos. Eu que me virasse sozinho com Jesus.

Quando cheguei em casa após deixar o trabalho, minha mãe já estava preparando o café da tarde. Beijei sua bochecha sem me pronunciar antes, o que a fez ficar brava, não feliz.

— Martin! — Me bateu com o pano de prato que antes estava em seu ombro. — Me assustou, menino!

— Oi, minha rainha. — Abracei-a de lado, feliz por vê-la. Normalmente, por causa do trabalho dela, nos víamos só antes de dormir, depois que eu chegasse da universidade. Ela sempre me esperava acordada, para se certificar de que eu chegaria bem. — Que bom que saiu mais cedo.

— Também fiquei feliz. — Ela beijou a minha bochecha e eu a soltei. — Já passei o café. Tem pão de queijo e salada de fruta. Coma bastante.

— Só se a senhora vir comer comigo. A louça espera — comecei a puxá-la da pia.

Minha mãe riu. Dona de cabelos curtos e ralos, com cachinhos sobreviventes da química, tinha o mesmo tom de pele que eu, um porte avantajado e era quase que metros mais baixa. Deus agraciou o melhor conteúdo do mundo com o menor pote.

Sentamo-nos à mesa. Enquanto ela me instruía a comer além do que eu sabia que comeria, ponderei se deveria contar a ela sobre Thamyres. Não demorei muito a decidir que sim.

— Aconteceu uma coisa ontem que quero te contar — comecei.

— Vixi — ela respondeu, me olhando de forma investigativa e engraçada. — O quê?

— Tem uma moça na minha sala...

— Meu Deus! — Ela logo disse.

Eu ri.

— Deixa eu falar, dona Ana Maria! — pedi, ao que ela riu. — Ontem aconteceu uma coisa bem desagradável com essa moça, que na verdade vem acontecendo há alguns meses.

Contei a ela todo o episódio de Lourence com Thamyres e a posterior resposta bíblica dela.

— Nossa — disse minha mãe. — Isso é coisa séria, Martin. É assédio.

— Foi o que eu percebi. — Tomei um gole do café quente antes de continuar. — No começo pareceu só uma brincadeira... De mau gosto, claro, mas uma brincadeira. Foi ficando tão chato que ela não aguentou mais ficar calada.

— Imagino. Que desconfortável. — Ela balançou a cabeça. — Mas e depois? O que deu?

Contei que Lourence não mexeu com Thamyres depois, e ela ficou feliz pela moça. Mas depois voltei à quarta-feira e contei sobre o interesse que ela despertou em mim de conhecê-la melhor. Falei que escrevi uma carta para a moça, mas ela a rasgou.

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