Onde me mandares ir, eu sigo
Tudo o que o Senhor disser, repito
Já não vivo eu
Sou inteiramente Teu
Se não for do Teu querer, eu nego
Cada plano em Tuas mãos entrego
Já não vivo eu
Sou inteiramente Teu
— Eu Sou Teu, Pedro Valença e Joyce CarnassaleHavia se passado algumas semanas desde que Thamyres e eu começamos a conversar. Dia após dia, mais eu me interessava por ela e queria ficar perto, mas conversarmos de forma satisfatória na universidade era impossível, assim como nas redes sociais. Eu não tinha tempo para isso.
Por isso, a solução que encontrei foi chamá-la para sair. Combinamos de ir tomar um sorvete no shopping da cidade dela, coisa simples, para termos um tempo de qualidade juntos.
Eu havia buscado a moça às sete, com a promessa de trazê-la de volta à sua casa nove e meia da noite.
Caminhávamos pelo shopping imenso em busca da sorveteira preferida dela.
— Então, você adorou — constatei.
— Adoro só a Deus.
— Agora sei que você é assembleiana, mesmo — respondi, rindo.
— Bom, eu amei o livro — ela continuou, me ignorando. Falávamos sobre Meu Querido Caipira, o livro que eu emprestei e ela havia conseguido parar para ler só recentemente. — Achei linda aquela reflexão da Lara sobre a possibilidade de Deus ter colocado um desejo pelas viagens no coração dela, antes mesmo que ela O conhecesse, porque queria que ela fosse missionária. É o que eu penso com relação à Arquitetura, que é um sonho de Deus para mim. — Ela sorria. — Aliás, tem uma coisa que eu quero muito te perguntar.
— Manda.
— Qual é o seu chamado? — perguntou, de novo. Abri a boca para responder, mas ela me interrompeu. — Eu não quero rodeios agora, Martin. Quero a resposta nua e crua.
— Que exigente — reclamei, cruzando os braços.
Chegamos na tal sorveteira. Era um ambiente repleto de madeira rústica e música clássica ao fundo, com luzes amareladas, confortáveis. Entendi porque Thamyres gostava dali.
Pegamos potes descartáveis e nos servimos. Eu segui a indicação dela: nata com morango, chocolate com menta e maracujá com cereja — tudo no mesmo pote. Dizia ela que os seis sabores tomados no mesmo momento era uma explosão boa na boca.
Assim que nos sentamos, tomei um pouco do sorvete antes de responder à pergunta dela.
— Deus me chamou para participar da obra missionária, senhorita. Gente, não é que maracujá com cereja combina? — perguntei, abismado. — Isso aqui é bom!
— Foco, Martin! — Thamyres brigou.
Forcei uma expressão de poucos amigos para ela.
— Deus me chamou para exercer a Arquitetura nas missões — continuei. — Sabe quando acontece terremotos e tsunamis, e só o que resta é a destruição? Quem sabe, Deus queira que eu use minha formação para me juntar a uma instituição missionária e reconstruir casas e, através disso, pregar o evangelho. É como a Construide*, conhece? Só que é do exterior, se chama Living for the Sky**.
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Os Olhos Sobre Você
KurzgeschichtenThamyres Brunnet é caloura do curso de Arquitetura, e cada dia parece ser ainda mais maravilhoso que o anterior toda vez que pisa no terreno da universidade. No entanto, ela logo começa a chamar a atenção de um rapaz de sua sala, que insiste em irri...