Thamyres Brunnet é caloura do curso de Arquitetura, e cada dia parece ser ainda mais maravilhoso que o anterior toda vez que pisa no terreno da universidade. No entanto, ela logo começa a chamar a atenção de um rapaz de sua sala, que insiste em irri...
Nunca falha, governante do meu coração Eterno, amante da minha alma Na montanha alta ou baixa no vale O Rei do amor é meu pastor — King Of Love, I Am They
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Meu estômago revirou em resposta às palavras de Lourence. Não me aguentei e levantei do meu lugar, para me sentar em uma área bem distante da completa falta de bom senso — usando de muito eufemismo — dele.
Eu não queria me intrometer na vida da Thamyres, mas nunca senti tanta vontade de denunciar aquele cara como naquele momento. Sempre que eu intentava fazer isso, já com o celular em mãos para discar o número da polícia, algo acontecia e eu era impedido de fazê-lo. Depois, tendo uma memória de pouco armazenamento, eu me esquecia da situação até acontecer novamente, e eu intentar denunciar, e não conseguir, e esquecer novamente, e acontecer novamente. Que ciclo sem fim!
A voz da Thamyres interrompeu meus pensamentos.
— Provérbios 31:10: "Mulher virtuosa, quem a acharás? O seu valor excede o de rubis." — Nesse momento, Lourence riu e eu tive vontade de abandonar todo o domínio próprio que o Espírito Santo construiu em mim e simplesmente socar a cara daquele infeliz até ele ficar desacordado. — Se a própria Bíblia diz isso sobre mim, quem é você para que eu precise provar alguma coisa?
Aplausos e gritos se seguiram a isso, e eu fiquei imensamente surpreso. Um sorriso se formou no meu rosto, meu peito se enchendo de orgulho! Quase me rendi ao meu sentimento infantil de dizer para Lourence: engole essa, energúmeno!
Meu eu criança não usaria tal palavra. Mas meu eu criança dentro de meu eu adulto usaria.
— Lourence, é sério, pare com isso. Eu sou crente, não trouxa — acrescentou ela, como se o avisasse que tomaria uma atitude se aquilo perpetuasse.
Com isso, Thamyres ganhou minha admiração por completo. Como quis simplesmente me levantar e aplaudi-la freneticamente.
Lourence não ficou feliz com o que ouviu, mas era difícil tirar dele aquele sorrisinho arrogante. Respirei fundo diversas vezes em meu lugar, enquanto ouvia um pouco do diálogo que ele passou a travar com seu grupo de amigos, todos com todas as qualidades do primeiro. Todos uma vergonha.
Pedi ao Senhor ajuda para continuar no meu lugar até estar sozinho na sala de aula. Era hora do intervalo, mas eu não costumava sair. Devido à minha rotina agitada, eu aproveitava aqueles vinte minutos para orar ou ler a Bíblia, quando não conseguia fazê-los em meu horário de almoço. Por mais curto que fosse o tempo, se fosse regado à sinceridade, o Senhor havia me ensinado que aprovaria. Ele sempre me surpreendia ao falar comigo das formas mais inesperadas.
E, movido pelo versículo que Thamyres havia recitado, procurei por Provérbios 31 e o li avidamente, como se estivesse devorando um hambúrguer após um dia inteiro de jejum. Mas a Palavra de Deus não me faria mal como um hambúrguer como desjejum.
