Tormenta Favorita

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'' O prazer é meu

e o seu prazer

é o meu prazer''

 Pleasure - Feist

Cidade do México

'' — Alfonso, podemos conversar? — ''

Alfonso piscou repetidas vezes para ter certeza de que não estava alucinando. De repente se sentiu tonto, como se o ar estivesse denso, contaminado e impossível de ser respirado. O cheiro doce de Anahí, agora mais próximo do que quando o recebera na soleira da porta de sua casa, estava o inebriando, tirando seus sentidos de órbita e roubando tudo dele para si.

Egoísta!

Bem, para Anahí o clima não estava muito diferente. Podia sentir com clareza os vários arrepios que perpassavam sua espinha, e o suor molhando suas palmas. Aqueles olhos verdes líquido, tão profundos, sempre foram seu ponto fraco. Meu Deus! Como ela sentia falta de Alfonso. Como ela gostaria de o puxar pelas mãos e sair com ele para o primeiro lugar privado que encontrasse, como ela gostaria de voltar a ser aquela Anahí inconsequente, que no arroubo da paixão avassaladora que nutria – e ainda nutre – por ele, deixava qualquer outra coisa para trás e se jogava do precipício, em queda livre, para cair diretamente nos braços daquela tormenta que era ela e Alfonso juntos.

Sem dúvidas, a sua tormenta favorita de toda a vida.

Entretanto, os tempos eram outros e agora, ela não podia mais se dar ao luxo de agir impensadamente. Estava casada, com o homem que ele, Alfonso, mais odiou na vida, mesmo que sob circunstâncias um tanto quanto estranhas, e era mãe, de dois filhos que não eram do homem que mais amou em toda sua existência. Mas, como calar a voz do coração? Existe um ditado que diz que o coração quer o que ele quer, e esta era a verdade do século. No caso de Anahí, não era somente o coração que queria Alfonso, era toda ela. Cada célula de seu corpo, cada membrana, cada átomo, cada traço de seu DNA queria aquele homem. Em todos os sentidos da palavra, mesmo que fosse por uma última vez. Já fazia-se tanto tempo longe dele, do calor de seus braços, do gosto de sua pele e dos beijos mais apaixonados que Anahí já trocara na vida. Se fechasse os olhos conseguiria ouvir com convicção a voz sussurrada dele em seu ouvido na última vez que se amaram, enquanto ela gozava em seus braços, dopada de tanto prazer.

— Conversar? Você enlouqueceu, Anahí? — Alfonso quase gritou, sentindo-se vergonhosamente ultrajado pela afronta dela. Aquele diabo loiro nunca perdia a mania de achar que podia fazer o que quisesse na hora em que quisesse.

 — Shii! Fala baixo, caramba! — Anahí gesticulou, nervosa, fazendo um sinal para que ele se calasse, olhando ao redor para constatar de que Chris ainda estava ajudando-a. Alfonso sorriu debochado, arqueando uma sobrancelha, enquanto cruzava os fortes braços sobre o peito musculoso. É preciso dizer que Anahí quase viu estrelas naquele momento. De fato, os constantes treinos estavam surtindo efeito.

Encontrou algo que tenha gostado, cariño? — A percepção de que ela o secava descaradamente, fez o ego de Alfonso transbordar de tanto contentamento. Apesar de tudo, ele era homem e saber que a mulher que mais desejava na vida, também o queria com tanta gana, o enlouquecia de uma satisfação genuína.

— Não seja cretino seu ridículo! — Anahí bradou, suspirando irritada, empurrando os cabelos para trás da orelha. Tinha sido pega no flagra, ótimo! Alfonso sempre fora narcisista, sabia do quanto era bonito e gostoso e se aproveitava disso. Tudo que menos precisava era ele vendo-a o comendo com os olhos.

— Ok, vamos fingir que eu não peguei você me olhando como um cachorro faminto vendo um pedaço de bife. — Dissera divertido, arrumando as mangas do suéter, em um gesto tremendamente sexy e casual. Anahí arregalou tanto os olhos, mais vermelha que um tomate, que ele podia jurar que eles saltariam das órbitas. — Alfonso, não somos mais crianças, por favor. Você está desviando do assunto e eu tenho pressa. — Ela estava nervosa, olhando a todo momento para os lados e ele percebera que era por conta de Velasco. Se ele ainda não havia aparecido ali àquela altura, era porque ela havia dado um jeito de despistá-lo.

O Rio Entre Nós (AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora