"A loucura é uma ilha perdida no oceano da razão" - Machado de Assis
Ps.: É muito importante que escutem a música enquanto leem.
Cidade Do México
Uma leve brisa entrava pela janela semiaberta do apartamento, carregando o cheiro fresco da manhã, mas Alfonso continuava mergulhado em seu sono pesado. Na cama, Alfonso dormia profundamente, deitado de lado, o lençol branco cobrindo sua cintura, deixando à mostra o abdômen forte e as pernas esticadas. Sua barba estava cheia, e os cabelos um pouco despenteados, mas ainda arrumados de forma que realçava sua aparência marcante. Vestia apenas uma cueca boxer preta, e a luz suave do amanhecer começava a penetrar no quarto.
Já havia se passado uma semana desde a noite intensa de amor entre Anahí e ele no apartamento de solteiro. O pensamento daquela noite ainda o assombrava, o jeito como os corpos se conectaram com tanta paixão e entrega e também a briga, que fora umas das mais fortes e mais dolorosas que haviam tido. Desde então, ele não havia conseguido tirar Anahí da cabeça. Ainda que o corpo estivesse exausto dos trabalhos do ano, sua mente girava em torno daquela conexão inesquecível que teve com ela. Era uma lembrança quente, cheia de desejo, que tomava seus pensamentos com frequência.
O ano estava terminando, e com as gravações e compromissos encerrados, ele só voltaria ao trabalho em fevereiro. O descanso merecido, no entanto, vinha acompanhado de pensamentos conflitantes, especialmente sobre Ana de La Reguera, a mulher com quem ele mantinha um relacionamento cheio de segredos.
Ana, que fora sua amante enquanto ele ainda estava casado com Diana, a mãe de seus filhos. Eles haviam se envolvido durante as filmagens de Que viva México, e aquilo havia se transformado em algo que Alfonso nunca planejou. A verdade é que ele não gostava de Ana, sentia repulsa por ela. O relacionamento entre eles era sustentado por uma promessa: ela garantiria a carreira internacional que ele sempre sonhou, abrindo portas para Hollywood.
Ela, agora era sua atual, havia sido sua amante, mas o relacionamento era um fardo para ele. A verdade é que ele não sentia nada por ela, exceto repulsa. Mas continuava com ela por uma única razão. Por mais que o relacionamento o enojasse, Alfonso permanecia ali, por puro interesse.
De repente, o silêncio da manhã foi interrompido pelo toque insistente de seu iPhone, vibrando na mesa de cabeceira. Alfonso resmungou incomodado, levando a mão ao rosto antes de esticar o braço para pegar o telefone. Seus olhos ainda pesados forçaram-se a abrir, e ele viu o nome "Ana" na tela. Soltou um suspiro impaciente antes de atender.
— O que você quer, Ana? — perguntou, com a voz rouca e irritada, ainda de olhos fechados.
Do outro lado da linha, Ana falava com um tom sedutor e empolgado, mas que o irritava profundamente.
— Alfonso... estou morrendo de saudades de você, amor, — ela disse com uma voz melosa. — Por que você não vem me ver em Los Angeles? Estou tão sozinha aqui... e com tanta saudade do seu corpo... — a voz dela se arrastava, cheia de segundas intenções.
Ao ouvir essas palavras, Alfonso sentiu um nó no estômago. Uma sensação de nojo percorreu seu corpo. Ele fechou os olhos com força, tentando controlar a repulsa. O som da voz dela, o jeito como ela falava dele, o fazia se sentir sujo. Ele não queria estar com ela, não queria ouvir aquilo.
— Ana, já falei que estou ocupado. — Sua voz estava fria, ríspida.
Ela ignorou o tom dele, continuando a insistir.
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O Rio Entre Nós (AyA)
RomansaUma história AyA Era para ser somente um reencontro entre seis amigos de longos anos passados. Porém quando o karma entra em cena, todo o resto flutua, coexiste, se abriga no secundário, em segundo plano. Ela tinha algo que não o deixava ir, ele tin...