— Susu, acorde.
Uma voz feminina suave e trêmula tocou os meus ouvidos. Estava perto, muito perto. Era gentil e reconfortante também. Mãos balançavam o meu corpo com pouca força na intenção de me acordar, mas eu não estava dormindo e sim a ignorando propositalmente.
— Susu, acorde a mamãe quer conversar. — Outra vez ela chamou.
Meus olhos, antes fechados firmemente por medo, se abriram instantaneamente assim que a palavra mamãe chegou até mim. Já era estranho que aquela voz — Qual obviamente me chamava — usasse um apelido tão carinhoso e incomum para mim. Agora ela também se denominava minha mãe.
Mamãe, eu nunca tive alguém para chamar de mãe e não sentia falta disso. Acredito que não se pode sentir falta de algo que nunca teve, pois aprendeu a viver sem aquilo. A primeira vez em que eu disse mamãe foi por ter visto em um livro qualquer fiquei curiosa sobre e acabei por dizer a palavra diante de algumas empregadas que limpavam o quarto. Seus olhos se arregalaram tanto que pensei que fossem cair. Eu me perguntei o porquê daquelas reações tão exageradas, talvez eu não tivesse uma mãe, mas de acordo com o livro todas elas inclusive a vovó poderiam ser minha mãe.
Então, qual o motivo de algo assim vir de repente?
Ao piscar algumas vezes identifiquei o lugar onde estava, de volta ao meu quarto sufocante. Mas ele tinha partes diferentes do que me lembrava como se tivessem retirado boa parte dos brinquedos e colocado papéis de parede fantasiosos no lugar. A luz que raramente era ligado durante a noite estava acesa, no entanto não havia ninguém além de mim, quem era dona da voz?
Eu soltei um suspiro. Era apenas coisa da minha cabeça. Acalmei meu coração e me levantei somente assim consegui perceber alguém atrás de mim.
— Oh… Desculpe por tirar do sono, querida. — sua mão afastou o cabelo que escondia meu rosto, o que me fez olhar para ele, parecia maior.
Sem pensar muito no que estava fazendo, empurrei a mão para longe com um tapa. Em nenhum momento quis olhar para pessoa desconhecida.
Quando virei minha cabeça totalmente para frente, passei os olhos de relance no meu próprio corpo. Com toda certeza era imaginação, mas eu estava menor e mais gordinha.
Não, na verdade não era imaginação. Parecia que eu tinha voltado há alguns anos e agora era uma garota de mais ou menos cinco anos.
De forma desesperada comecei a me tocar por todas as partes. Rosto, braços, pernas e pés. O que estava acontecendo?
Eu fui presa dentro do sótão e depois de ter chorado o quanto podia fiquei encolhida no canto das paredes procurando me aquecer. De repente apareci em meu quarto acompanhada de uma mulher que eu não conhecia. Por um lado isso podia ser bom, por outro lado seria muito ruim.
— O que foi? – Ela me despertou dos meus devaneios confusos.
Não respondi, no entanto tentei reunir a pouca coragem que tinha e ergui a cabeça para olhá-la. A mulher se aproximou ao notar meu nervosismo. Era muito bonita e eu achei que tínhamos bastantes semelhanças. Exceto por seus olhos azuis que brilhavam pelas lágrimas que ela insistia em segurar e o corpo mais maduro coberto pelo seu vestido simples mas elegante, claramente éramos parecidas.
Essa mulher não podia ser fruto da minha imaginação, nem mesmo um sonho. Não teria motivo para a imaginar desta forma.
Eu não resisti e continuei a encarar seu rosto cansado. A mulher sofria de uma visível tristeza, talvez carregasse a dor da culpa, por algo relacionado a mim. A maneira que ela me olhava me deixava triste, me fazia sentir que era alguém digna de pena. E eu não gostei nada daquilo.
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𝐀 𝐌𝐀𝐑𝐈𝐎𝐍𝐄𝐓𝐄˖ ࣪, Bnha
FanficO nome Enokida passou a ser reconhecido e bastante comentado após o talento de Tsuki ser descoberto pelo mundo. Suas habilidades trouxeram sucesso e conquistas a sua família durante anos e anos. Quando sua adorável neta desperta sua individualidade...