𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟭

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Em toda a minha vida, carreguei o sentimento de ser apenas uma pessoa inútil ocupando espaço no mundo

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Em toda a minha vida, carreguei o sentimento de ser apenas uma pessoa inútil ocupando espaço no mundo. Eu não era importante para ninguém, nunca fiz nada que pudesse impressionar, que fizesse as pessoas pensarem " ela é incrível ". Eu só queria ter atenção, queria os holofotes virados para mim, mas no fim descobri que esse não era o meu desejo, eu precisava de algo bem simples.

Durante treze anos vi o sol por uma grande janela que havia no meu quarto, ás vezes eu ia até o parapeito para sentir melhor o vento e ver as cores vibrantes do jardim que para mim era o único lugar sem os tons entediantes de preto e branco.

Por algum motivo, eu não tinha permissão para sair daquele quarto. Quando as mulheres uniformizadas vinham para trazer comida ou me ajudar a me arrumar, sempre fazia a mesma pergunta para sempre ter a mesma resposta.

- Somi-sama, é melhor para você e para todos na casa que seja assim. - elas falavam de forma suave, como se tivessem medo de me assustar e fossem punidas por isso.

- Por que? Eu não sou os monstrinhos das histórias que leio, pensam que vou machucar vocês?

Assim elas ficavam nervosas, sorriam de um jeito estranho e mudavam de assunto, claramente pedindo para que eu esquecesse daquilo.

Na minha cabeça todos ali guardavam um certo medo, não de mim, mas da vovó. Aquela que mandava em tudo e todos.

O sobrenome Enokida era conhecido em todo Japão e fora dele. Por muito tempo nossas individualidades foram alvo de questionamento da mídia. Alguns não entendiam porque as individualidades pareciam ser mais poderosas ou mais evoluídas que as outras em geral, outros genuinamente nos admiravam e claro existiam aqueles com inveja.

Nossos heróis e heroínas nunca decepcionaram o público. As empresas e agências muitas vezes no topo, e quem cuidava dos negócios da família, era a vovó, Tsuki Enokida.

A fama e glória do nosso nome começou com ela.

Ainda adolescente, no festival deportivo da Yūei, a maior escola de heróis do Japão, sua individualidade foi revelada para o mundo sendo bastante comentada, não apenas por ser diferente, mas também pelo talento de Tsuki e a facilidade que tinha para controlá-la.

Depois de se formar, ela criou sua própria agência e investiu em outros tipos de negócios.

Por causa de seu poder muitos a temiam. Dentro da mansão Enokida isso não seria diferente. As poucas vezes que recebia suas visitas eu notava sua personalidade forte. A vovó resolvia os problemas que surgiam impondo autoridade. Ela tentava mostrar uma paciência inexistente na minha presença, mas me tratava com carinho, se preocupava.

- Como está se sentindo hoje?

De novo, de novo e de novo. Ela começava com a mesma pergunta de sempre.

- Como eu deveria me sentir, vovó? Eu estou muito bem. Mas também muito entediada. Não tenho machucados, já que não há maneiras de machucar aqui, não estou doente porque não tenho como adoecer. Então, o que eu deveria sentir?

Seu olhar profundo procurava algo em mim, porém não havia nada.

- Você está falando muito ultimamente. - Ela acariciou meu cabelo. - Se as coisas andarem como planejado, logo você poderá viver uma vida normal.

- Mesmo? Eu vou poder sair?

Eu comecei a me animar e ficar agitada, pulando em cima da cama.

Não importava que coisas precisavam ir como planejado, o importante era que finalmente viveria ao lado dela, seria realmente sua neta, uma pessoa normal.

- Você vai. Mas tem que continuar a ser obediente, entendeu?

Assenti.

Dias após o meu décimo terceiro aniversário, ela voltou a me fazer uma visita, enquanto eu brincava sozinha com algumas bonecas, deitada sobre o tapete do quarto.

- Finalmente chegou o dia, Somi.

Eu apenas esperava sair de sua boca as palavras que queria ouvir.

- O que acha de irmos passear um pouco lá fora?

Jamais poderia explicar a felicidade e a sensação de enfim poder sentir a liberdade. Rapidamente pulei em seus braços, ansiosa pela primeira vez fora daquele quarto. Ver o jardim de perto, tocar as flores. Era tão simples mas parecia algo grande para meus olhos de criança.

Porém, o que eu não imaginava é que essa liberdade nunca significaria realmente estar livre.

- Você gostou? É bem mais bonito de perto não é? - Ela se aproximou cuidadosamente, me olhando com atenção.

- Sim, é muito bonito, vovó.

- Me dê sua mão, nós vamos conhecer outro lugar agora.

Ansiosa, segurei sua mão deixando que ela me guiasse. Caminhamos um pouco até chegarmos a um espaço afastado do jardim ainda do lado de fora da mansão.

Vovó abriu a porta e entramos.

- Você ficará aqui por boa parte do tempo.

- Como assim, vovó? Eu pensei que agora eu poderia andar livremente pela mansão.

- Você vai. Mas tem algo que precisa saber. - ela se agachou apoiando os joelhos no chão. Uma de suas mãos foi ao peito. - Somi, existe algo dentro de você que pode salvar a humanidade e para que isso aconteça, este dom precisa ser treinado e desenvolvido. Usaremos esta sala para te treinar, entende?

Saber que eu poderia ser alguém importante para o mundo me encheu de alegria. Mas com o decorrer daquele ano, os dias se tornavam cada vez mais difíceis de suportar. O meu corpo não aguentava um treinamento árduo. Eu me forçava o quanto podia para aguentar, caso contrário o que me esperava seria pior.

Um ano depois, a vovó decidiu me colocar em uma academia de heróis. A mesma academia em que ela estudou antes de se tornar o que é hoje.

A Yūei.

A Yūei

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𝐀 𝐌𝐀𝐑𝐈𝐎𝐍𝐄𝐓𝐄˖ ࣪, BnhaOnde histórias criam vida. Descubra agora