Capítulo 11 - Quebra de contrato

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Valentina

Luiza não só não caiu em nada na minha armação como ainda me confrontou de forma direta. E para piorar sequer pude dizer com todas as letras para ela que eu quis sim ter sentido prazer em feri-la.

Acontecia só que eu não tinha conseguido. Eu a fiz chorar, a atingi e tudo o que eu me sentia naquele momento era a maldita merda do cavalo do bandido.

A coisa andava tão feia que eu estava há horas parada deitada numa espreguiçadeira em frente à piscina. Não entrava, não dava atenção a Armênia que já tentou conversar comigo mais do que o normal e menos ainda fazia menção de entrar na água. Era unicamente a maior perda de tempo que alguém com piscina poderia exercer.

— Senhorita Valentina me desculpe interromper, mas o doutor Igor está na sala para vê-la — Igor? Não conseguia entender as razões para estar aqui ontem e agora hoje novamente.

— Ele disse a que veio? — Questionei me virando para Armênia que engoliu em seco depois de alguns segundos.

— Na verdade eu que chamei ele e se quiser me demitir por isso eu não ligo mesmo — Ela falou fazendo um biquinho de quem ligava muito. Eu não estava entendendo nada — A senhorita parece muito introspectiva desde ontem à noite. Não tocou no café da manhã, não aceitou meu lanche e nem me olhou nas últimas seis vezes que vim. Não foi trabalhar e não chamou uma amiga, logo nessas condições em que a gente sempre precisa de alguém. Seu Mauro morreu tem um mês, porém tudo bem se você ainda quiser uma companhia constante — A senhora disse como num desabafo é mesmo querendo muito brigar com ela por isso acabei sendo incapaz.

Armênia demonstrou por mim uma preocupação que tinha tempos eu não sentia que alguém teria por mim, logo, mesmo se equivocando inteira ela tentou me ajudar. Era uma atitude muito digna e apesar de eu ser uma pessoa ruim eu não a condenaria por isso.

— Não vou te demitir por isso, porém antes de chamar qualquer pessoa para me ver peço que você me consulte — Pedi a tranquilizando de seu recente maior medo desbloqueado — Agora se puder peça ao Igor para encontrar-me aqui na área da piscina? — Ela assentiu que sim e em um minuto o advogado estava sentado na espreguiçadeira do lado da minha.

— Fiquei bem preocupado com a ligação da Armênia — Igor falou exprimindo sinceridade em seu tom. Não éramos pessoas próximas, mas era possível captar verdade em sua palavra.

— Ela exagerou no que quer que tenha dito. Eu estou ótima Igor, só estou de ressaca, como era de se esperar — Desmenti aquela velha mexeriqueira prontamente.

— Na verdade não exatamente. Nesse último mês tenho te percebido mais sóbria do que nunca, exceto por ontem a noite. Falando no evento aliás, há algo que queira me contar? — Não entendi a razão de sua pergunta, porém não cheguei a olhá-lo.

— Não. Acha que teria algo? — Voltei para ele tentando jogar o verde e colher o maduro. Não sabia onde ele queria chegar, mas preferencialmente eu não queria ir até lugar nenhum.

— Não sei, só acho que na verdade essa tristeza que a Armênia disse pode sim ser uma ressaca, mas uma ressaca moral — Ele mencionou e seu olhar fugiu da piscina. Sem querer o meu passou para o dele também.

— O que você está insinuando Igor? — Me aspei como um animal prestes a iniciar sua auto proteção.

— Eu? Nada. Só estou te dizendo que se colocar a Luiza em situações que a induzam a desistir do acordo do testamento quem acaba perdendo é você. Se configuraria justamente naquela cláusula que discutimos sobre tentar burlar as regras do recebimento da herança — O advogado falou analisando minha postura e meus olhos. Se ele não sabia desconfiava e se desconfiava eu estava fodida.

A família que eu herdei (Versão Valu)Onde histórias criam vida. Descubra agora