Capítulo 14 - Dos benefícios de ter alguém

981 108 36
                                    

Luiza

A prova havia sido difícil como imaginei, mas consegui me sair bem até. Com a correção saindo na hora consegui ficar um ponto acima da média e, para quem tinha tanto medo da escola, aquilo era uma tremenda conquista.

Valentina tinha uma parcela de culpa nisso. Não uma negativa, mas sim algo finalmente bom. Suas palavras de incentivo, o fato de ter ficado com o Léo para que eu pudesse vir tranquila tinham chegado até mim.

Além disso, a maneira como ela não parecia que ia me engolir a cada três palavras também havia melhorado e muito nossa convivência e, pincipalmente, nossa relação. Ainda era cedo para dar muita confiança, mas parecia que ela tinha consciente ou inconscientemente entendido que conforme me tratasse bem eu só devolveria nesses termos. E que isso era bom para as duas.

Valentina agora não parecia tão horrível aos meus olhos. Poderia admitir que achava até seu jeitinho insuportável até menos intragável.

No caminho de casa levei para ela alguma coisa para comer. Não sabia se ela tinha jantado então como eu já ia comer decidi que era uma boa ideia, no entanto, sequer tivemos a chance de tocar juntas na comida.

Quando cheguei fui direto checar o Léo e para minha surpresa estava o menino deitado na cama contando uma história para Valentina agarrada no meu travesseiro e no colo do meu filho. Uma folga tamanha.

— O que está acontecendo... — Comecei a falar, mas Leonardo colocou seu dedinho nos lábios em sinal de que eu me calasse e olhou para baixo, continuando o carinho que estava fazendo na cabeça da morena.

Valentina parecia outra pessoa tão quieta. Com a postura mais calma, os ombros menos rijos, parecia aparentar muito mais a pouca idade que tinha. Ficava até muito mais bonita. Era possível acompanhar os traços suaves do seu rosto, as bochechas rosadas e até seus lábios que pareciam muito mais macios agora.

— Preciso levar a Valentina para cama dela — Falei baixinho. Não poderíamos ficar os três ali. De jeito nenhum.

— Ela tá dormindo tão gostoso... Você seria mesmo capaz? — Ele perguntou dando um beijinho no topo da cabeça de Valentina e eu estava realmente tentando entender o que eu não acompanhei. Desde quando ela e Leonardo estavam assim?

— Ela não pode dormir na nossa cama Leonardo — Argumentei para aquele senhor de seis anos.

— A cama é grande. Não seja egoísta — Ele me deu uma senhora lição às dez horas da noite. Que menininho esperto eu estava criando, hein? E pela primeira vez não gostei.

— Você nem gostava dela e agora defende a Valentina com unhas e dentes — Cutuquei mudando de assunto.

— Percebi que ela é como aquele coleguinha que ninguém quer brincar. É só dar abertura porque ele só precisa de amor — Ele disse e deu um beijinho nela de novo, o que fez Valentina se mexer e passar o abraço do travesseiro para o corpinho do Léo.

Merda eu não podia deixar ela ser o coleguinha excluído. Não se faz isso com criança. Porcaria de filho empático e amoroso que eu estava criando. Eu estava orgulhosa e muito puta da minha vida ao mesmo tempo.

— Você sabe que tem vezes que é muito chato? — Questionei com uma certa irritação e ele só revirou os olhinhos.

— Eu também te amo Lulu — Ele disse mostrando a linguinha e me expulsando logo depois para que eu me preparasse para dormir.

A família que eu herdei (Versão Valu)Onde histórias criam vida. Descubra agora