Novas sensações♟

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GIZELLY

Fiquei o tempo todo ao lado de Marcella, enquanto ela tentava desbloquear o maldito notebook que mais parecia morto. Ivy estava focada em analisar o sistema do Governo, e os dados informados pelo sistema da Enterprise. A invasão silenciosa só reafirmava que não estávamos lidando com amadores. Muito pelo contrário. O preparo tecnológico e intelectual era tão alto como os que tínhamos em nossa base; o que me deixava ainda mais frustrada. As palavras de José ecoavam em minha cabeça, repetidas vezes, atormentando meus pensamentos com a verdade.

Eu estava fazendo um péssimo trabalho, ele tinha razão.

- Acho que a placa queimou. Eu vou ter que abrir a máquina.- A Oficial Ribeiro falou enquanto retirava os cabos conectados ao aparelho.

- Isso vai demorar?- Perguntei em sussurro, enquanto massageava as têmporas.

- Um pouco, agente Bicalho. Eu praticamente vou ter que monta-la outra vez.-

Olhei para o relógio, vendo os pequenos ponteiros marcarem dez e treze da noite. Eu me encontrava simplesmente exausta. Tanto de maneira física quanto psicológica. Fechei os olhos e ergui um pouco a coluna, tentando relaxar a musculatura tensa de meu corpo rígido. Aquele havia sido o pior dia desde que coloquei meus pés no Rio de Janeiro.

- Gi, é melhor você ir pra casa. Tente relaxar.- Ivy falou ao se levantar da cadeira giratória.

- Não posso.-

- Claro que pode. Não vai ter proveito algum nervosa desse jeito. E muito menos cansada.-

- Eu preciso resolver isso, agente.- Murmurei mal humorada.

- Vai demorar algumas horas para montar tudo, mas não me importo em ficar.- Marcella voltou a dizer calmamente.

- Não quero abusar, agente Ribeiro, mas preciso.-

- E nem vai.-

- Amanhã vamos continuar. Você disse que iria sair... Desistiu?- A pergunta de Ivy me fez arregalar os olhos.

No mesmo instante lembrei o combinado com Rafaella, e só agora senti a real vontade de sair daquela sala.

- Estava quase esquecendo...- Falei ao me levantar. - Eu preciso mesmo ir. Amanhã estou aqui bem cedo.-

- Certo, vou esperar você pra continuar. - Marcella falou por fim, antes de eu sair da sala.

- Tranquem tudo!-

....

Depois de passar em meu apartamento, para tomar um bom banho e trocar de roupa, segui caminho para a mansão, onde certamente Rafaella estava a minha espera.

O trajeto era longo, já que meu apartamento ficava para o lado oposto de onde o casal tinha sua residência. Mas eu não me importaria de demorar alguns minutos, na verdade, nada me impediria de fazer o que eu planejei a tarde inteira.

O ar imponente e arrogante do empresário ainda me causava ânsia. Suas palavras sarcásticas se repetiam em minha cabeça como um cd furado. Apertei os dedos no volante de meu carro, vendo as juntas esbranquiçadas pela força que eu empregava ali.

"Você está fazendo um péssimo trabalho, e está me causando um fodido prejuízo. Se quer ser uma das melhores agentes, é melhor treinar mais um pouco."

- Eu sou a melhor, José Loreto. Muito melhor do que você... e será Rafaella quem dirá isso.-

Meus pensamentos ainda corriam frenéticos desde a hora que acordei, como se um milhão de ideias passassem em segundos por minha cabeça. Tudo muito rápido e turbulento. Uma pessoa normal voltaria para casa, e depois de uma boa ducha, deitaria na cama para descansar. Mas eu não! Eu faria diferente. O dia péssimo que tive apenas serviu de combustível para que eu abrisse os olhos e acordasse para a real situação.

XM. Ataque Decisivo (Girafa gip)Onde histórias criam vida. Descubra agora