Eu caminhava pelos corredores do colégio com passos firmes, mas o silêncio ao meu redor pesava mais do que qualquer palavra dita. As conversas paravam assim que eu passava. Meu olhar, penetrante como fogo prestes a se alastrar, fazia com que todos ao meu redor se apressassem em desviar os olhos, e não era por educação. Era medo. As pessoas baixavam a cabeça, como se tentassem desaparecer no próprio ambiente.
Os rumores sobre meus poderes circulavam pelos cantos do colégio como um incêndio incontrolável. Alguns alunos até paravam de andar ao me ver passar, preferindo se encolher nas sombras, tentando me evitar ao máximo. Os professores, tentando disfarçar o desconforto, mal conseguiam esconder a ansiedade em seus rostos. Havia um respeito misturado com um receio nítido. Eu era a personificação do que temiam.
— O Príncipe do Fogo... — ouvi um ser sussurrar por trás de mim. As palavras ecoaram, mas ninguém se atreveu a repetir.
Minha expressão não variou, estava neutra, como sempre. Não me importava. Meus olhos, porém, queimavam com a mesma intensidade que as chamas internas que eu controlava. Eu sabia o que causava, e, embora não demonstrasse, eu sentia prazer na reação dos outros. Era como se minha presença fosse uma prova de que eu não podia ser ignorado.
Enquanto andava, o caminho parecia se abrir diante de mim, os seres dando passagem sem uma palavra. Mas o silêncio, agora, estava carregado de algo mais. Quando virei um corredor, me deparei com um Ondina. Elementar de água. O ser que eu tanto odiava.
O estresse de ter que lidar com ele me deixou ainda mais irritado, mas eu não pude evitar o olhar furioso que lançava em sua direção. Um ser que se achava mais puro por poder controlar as águas. Para mim, isso só significava uma coisa: eles tentavam apagar o que os Salamandras representavam, o que eu representava.
— Retire-se do meu caminho, ser insignificante — minha voz cortou o ar com uma frieza implacável.
Ele deu um passo para trás, o olhar de medo bem visível.
— De-desculpa... — ele gaguejou, o tom de medo evidente em suas palavras.
— Sem desculpas. Apenas... retire-se! — rosnei, o fogo começando a se manifestar em minhas mãos, como uma ameaça silenciosa.
Ele fez uma reverência rápida e saiu, ainda com os olhos baixos, sem ousar olhar para trás. Eu respiro fundo. Não havia mais necessidade de violência, mas o desejo de queimá-lo ainda estava ali.
Com passos pesados, me dirigi ao meu armário. Ray estava lá, me esperando com aquele sorriso irreverente de sempre. Aquele amigo que não tinha medo de nada — ou pelo menos, fingia não ter.
— E aí, Aidan? Tudo beleza? — Ray falou, um sorriso fácil nos lábios, como se nada tivesse acontecido.
— Tô estressado! — Eu deixei claro, sem rodeios. — Nem chega com essa animação toda, beleza?
Ray riu, conhecendo minha rotina de reclamações.
— Caramba, quando você não tá estressado? — Ele fez uma careta de brincadeira. — Estava só zoando, mano. O que rolou?
— A mesma coisa de sempre! — resmunguei, jogando os livros com raiva dentro do armário. O som dos livros batendo no metal ecoou no corredor.
Ray observou tudo com um olhar tranquilo, como se já soubesse o que estava por vir.
— Relaxa, mano. Não é nada sério, só um elemental de água. — Ele fez um gesto de desdém, como se estivesse tentando minimizar a situação.
— Ah, relaxa... é só um elemental de água? — Eu ergui uma sobrancelha, completamente irritado com sua fala.
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Elementares: O Mistério Do Diário
FantasíaEm um universo vibrante onde magia e elementos coexistem, um grupo destemido de adolescentes elementares enfrenta desafios épicos para evitar a iminente catástrofe que ameaça consumir seu mundo. Dotados de habilidades mágicas ligadas à natureza, ess...