𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏_ 𝐀𝐢𝐝𝐚𝐧

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Eu percorria os corredores do colégio com passos confiantes, mas o silêncio que me acompanhava era mais intimidante do que qualquer conversa. Meu olhar, penetrante como as chamas, estava deixando todo mundo meio tenso. Os alunos e professores, ao notarem minha presença, abaixavam a cabeça, evitando meu olhar como se me temessem.

Os boatos sobre meus poderes circulavam pelos cantos do colégio, transformando os corredores em um cenário de medo. Alguns alunos evitavam cruzar meu caminho, enquanto outros sussurravam histórias sobre minhas habilidades e crueldades, criando uma aura de mistério e medo ao meu redor. Os professores, apesar de tentarem manter a compostura, não conseguiam esconder o nervosismo em seus rostos quando eu passava.

Mantive uma expressão séria, como se nem percebesse a tensão que estava causando. Meus olhos, porém, revelavam um entendimento profundo da situação, como se estivesse ciente do impacto que meus poderes tinham sobre os outros, mas isso não me incomodava.

Enquanto seguia meu caminho, os corredores iam virando um cenário de respeito e medo. O fogo que me acompanhava, mesmo que apenas metaforicamente, iluminava meu trajeto, deixando claro que o "Príncipe do Fogo" era uma figura que não passava despercebida no colégio, onde o medo estava presente a cada passo que eu dava. E mais um ondina, um ser que eu odeio, infelizmente para ele, não tinha me visto passando ainda...

— Retire-se do meu caminho, ser insignificante — declarei após colidir com um elemental de água.

— De-desculpa.

— Sem desculpas. Apenas retire-se!

O ondina se afastou com uma postura recuada, o que considerei lamentável. Logo em seguida, dirigi-me ao meu armário, onde observei a presença de Ray ao lado, aguardando-me para seguirmos ao refeitório, conforme nossa rotina habitual.

— E aí, Aidan? Tudo beleza? — disse ele, todo animado.

— Tô estressado! Nem chega com toda essa animação pra cima de mim, beleza?

— Caramba, quando que você não tá estressado? — Ele só me olhou, e já sacou. — Estava só zuando, mano. O que rolou? — Sei lá por que ele pergunta, já sabe a parada.

— A mesma coisa de sempre! — declarei, jogando os livros de qualquer jeito dentro do maldito armário.

— Relaxa, mano, não é nada sério, só um elemental de água.

— Ah, relaxa, é só um elemental de água? Tá de sacanagem?

Ray deu uma olhada pro chão e soltou uma risada.

— Pô, sério, só não te meto fogo porque a gente é amigo há anos. Se fosse outro falando isso e rindo, eu já tinha tostado o cara.

— Ah, que fofinho, também te amo, mano.

— Vai se foder, Ray.

— Bora, mano, tô morrendo de fome — disse, passando a mão na barriga.

— Tá, tá com fome, sei. Eu já conheço esse truque, tu pega duas garfadas e me empurra o resto, falando "aí, não aguento mais".

— Pô, mano, pra que inimigos com um camarada desses? — Ray cruzou os braços.

— Cara, tu parece um palito, saca? Entendo que me dá a comida, mas se couber mais que duas garfadas, já ia achar estranho.

— Ah, vai se fu... — já estava sem paciência, puxei o braço do Ray pra ir pro refeitório antes que a treta não acabasse nunca. E, chegando lá, esbarrei em mais uns caras do elemento água.

— Tá tirando, vacilão? — Pô, o cara se achando o dono do pedaço?

— Como é que é? — disse, sentindo os meus olhos queimarem.

Elementares: O Mistério Do DiárioOnde histórias criam vida. Descubra agora