𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟒_ 𝐒𝐮𝐬𝐢

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— Miga, o que foi aquilo agora? O ser que mais detesta os ondinas veio falar contigo e te chamou de anjo?! E ainda te deu um beijo na bochecha! — berrei, minha voz ecoando pelo pátio, enquanto tentava processar o que acabara de acontecer.

Mia parecia ainda um pouco envergonhada, tentando organizar suas palavras.

— Ele começou a elogiar o meu desenho e, confesso, não soube bem como reagir quando me chamou de "anjo". Fiquei completamente surpresa e meio sem reação. O momento ficou ainda mais estranho quando ele decidiu dar um beijo na bochecha. Foi realmente uma situação inusitada.

— Então quer dizer que eu estava certa quando falei que o Aidan piscou para você? — insisti.

— Claro que não — respondeu Mia.

— Ah, não sei se você tá se fazendo de lerda ou se é assim mesmo — disse, antes que ela pudesse abrir a boca para protestar. — É burrice mesmo, bora sair antes que a gente leve bronca por ainda estar aqui.

— Por favor, espere um momento enquanto organizo minhas coisas. Além disso, caso tenha interesse em saber, não me considero imprudente; estou sendo realista — Mia respondeu, começando a arrumar as coisas.

Quando estávamos indo para a sala dela, um ser moreno apareceu, gritando por ela. Seu sorriso largo e descontraído parecia destoar do ambiente.

— E aí, Mia — soltou ele, com um sorriso que parecia genuíno. Percebi que ele era um salamandra. Hoje parece ser o dia dos salamandras e da Mia. E, depois do papo do Aidan com ela, qualquer coisa nem me surpreende mais, então nem dei muita bola.

— Oi! — disse Mia, sorrindo de volta.

— Oi para você também, é? — perguntou o ser, olhando para mim.

— Susi — respondi, devolvendo o sorriso.

— É um prazer conhecê-la, Susi. Sou Matheus dos Salamandras — disse ele, beijando as costas da minha mão. Não compreendi o gesto, mas também não questionei.

— O prazer é todo meu — disse, um pouco desconcertada com a formalidade.

— Mia, posso ficar ao seu lado na aula? Meu amigo teve que ir embora — disse, se virando para Mia.

— Pode ficar ao meu lado. No entanto, ocorreu algo com seu amigo? Ele está bem? — Mia perguntou, com uma expressão de preocupação.

— Ele vai ficar... — Matheus passou a mão na nuca, visivelmente desconfortável. — Espero que pelo menos isso. Ele soltou um comentário que o Aidan não curtiu e acabou levando uns socos na cara.

— Nossa, que comentário foi esse? — perguntei, curiosa. Mia me cutucou, percebendo que ele ficou visivelmente desconfortável com a pergunta.

— É melhor nem mexer nisso. Enfim, tchau Susi, vou indo entrar já. Foi um prazer te conhecer.

— Espera aí, vou entrar contigo. Amiga, até depois! — Ela gentilmente depositou um beijo em minha bochecha e se dirigiu para a sala de aula ao lado de Matheus.

— Até, tchau Matheus — disse, enquanto ele virava e me enviava um sorrisinho.

Indo para a sala, dei de cara com um corredor coberto de sangue, escorrendo dos armários. A quantidade era alarmante; se era do amigo de Matheus, ele provavelmente não ia ficar bem. Continuei andando, seguindo o rastro de sangue, e acabei esbarrando em um ser alto e uma aparência esquelética. Sério, parecia que ele estava precisando de um bom hambúrguer.

— Caramba, foi mal... — disse, levantando a cabeça e vendo quem era.

— Ei, fica ligada aí, elfa! Se fosse outro silfo, a parada não ia ser tão amigável? — Ray falou, inclinando-se para me encarar.

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