– Conseguiu? – perguntei, deitado na cama, os olhos fixos em Ray, largado no sofá com os pés para cima e o celular na mão.
– Ela caiu fácil nos meus papos – respondeu ele, sem tirar os olhos da tela, um sorriso de canto no rosto.
– Também é óbvio que ela gostava de você – comentei, quase rindo.
– Poisé, elfa idiota – disse ele, finalmente largando o celular para se espreguiçar.
– Nem me fale... aquela lá está quase no nível da Ondina mendiga. – Fiz uma careta, lembrando das últimas interações com ela.
– Pior que tá quase chegando lá mesmo. Aquela nem percebe as coisas. – Ele riu, ajeitando os cabelos. – E a Mia? O que você acha que ela vai fazer de caso descobrir?
– A Mia é só uma peça descartável. Se ela desistir, tenho a outra irmã, a Aphodite. Você sabe disso. A elfa é só pra facilitar, sabe como são as elementares femininas, né? Elas adoram fofocar entre si, é sempre assim. – Me sentei na beira da cama, observando ele com um olhar que tentava ser calculista. – Só espero que você não vacile na parte fácil.
– Relaxa, eu sei o que tô fazendo. – Ele balançou a cabeça com confiança, como se não houvesse o menor risco. – Já te disse, tudo está sob controle.
– Só espero que esteja preparado pra qualquer merda que venha depois. – Cruzei os braços, estudando sua reação, mas não podia negar que confiava nele, mesmo que isso me incomodasse.
– Eu tô. Confia em mim, tá? – Ele se levantou e olhou pra mim com uma expressão séria, uma rara mudança em sua postura. – Deixa o fácil comigo, vou lá embaixo pegar algo pra comer.
– Beleza. – Dei de ombros.
Quando ele saiu, o silêncio tomou conta do quarto. Me joguei de volta na cama, olhando para o teto. Era um momento meu, onde tudo parecia caminhar exatamente como eu queria, mas, ao mesmo tempo, um peso estava crescendo dentro de mim. A dúvida. A questão: será que eu estava mesmo controlando tudo, ou apenas seguindo uma ilusão?
Me levantei devagar e fui até a janela. O céu lá fora estava tingido de um alaranjado profundo, como se refletisse o turbilhão dentro de mim. E, pela primeira vez, eu não conseguia desviar os pensamentos. Eles estavam começando a me consumir.
– E se eu errar? O que vai acontecer? – murmurei, mais para mim mesmo do que qualquer outra coisa.
Mas dei de ombros, tentando afastar a sensação de apreensão. Sempre improviso quando preciso. Isso era parte do jogo. E eu sempre jogava para ganhar.
Passei os dedos pelos meus cabelos, tentando afastar a dúvida. Não era só diversão, eu sabia disso. Havia algo mais. Algo que eu não conseguia explicar, mas que queimava como uma necessidade, de controle, de ser aquele que dita as regras. Talvez fosse orgulho.
– Você não controla nada, sabia? – A voz ecoou na minha mente, familiar e irritante.
Respirei fundo. Aquela voz, de novo. Fechei os olhos, tentando afastá-la. Mas a pressão no meu peito só aumentava. O que estava acontecendo comigo?
"Você não pode fugir de mim, Aidan."
– Para! – gritei, mas não adiantou. A voz só se intensificou.
"Você tem certeza de que esse é o seu irmão?"
– Para, por favor! – Meu coração apertava, como se estivesse sendo espremido. As palavras começaram a pesar como uma pedra em meu peito, e logo vi as lágrimas começando a ameaçar. Não podia deixá-las cair. Não agora.
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Elementares: O Mistério Do Diário
FantasíaEm um universo vibrante onde magia e elementos coexistem, um grupo destemido de adolescentes elementares enfrenta desafios épicos para evitar a iminente catástrofe que ameaça consumir seu mundo. Dotados de habilidades mágicas ligadas à natureza, ess...