Elementares: O Mistério Do Diário

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟑_ 𝐑𝐚𝐲

A cada palavra que Aidan soltava, era impossível não se impressionar ainda mais. Às vezes, me pegava pensando que ele realmente precisava de um espaço para relaxar, um lugar onde pudesse se acalmar e repensar suas atitudes. Mesmo sabendo que, mais tarde, a gente iria conversar e talvez até rir disso, o comportamento dele me deixava agitado, como se eu estivesse esperando a hora de desabafar.

— Bora, fi — ele disse, quebrando o silêncio, como se nada tivesse acontecido.

— Bora, se vai jogar? — perguntei, tentando manter a calma, sem mostrar que eu estava um pouco irritado com o jeito dele.

— Vou. — A resposta dele foi curta e direta, como se fosse algo óbvio.

— Beleza. — Respondi, tentando não parecer impaciente, já que sabia que o pior ainda estava por vir.

Quando chegamos à quadra, o ambiente estava tenso. Era um lugar onde as pessoas não tinham filtro, e todo mundo se sentia à vontade para opinar sobre a vida dos outros, principalmente quando se tratava de Aidan e Lian.

— Oh, magrelo, vai jogar ou não? — uma voz chamou a atenção, com um tom desdenhoso que eu preferia ignorar, mas não podia deixar passar. Isso era um trabalho para Aidan, já que ele sabia como lidar com esse tipo de coisa.

— Ah, é verdade, tem que tomar cuidado para não sair voando. — O ser soltou uma risada, como se estivesse fazendo uma piada.

— É isso mesmo, cara — eu disse, tentando não demonstrar que estava incomodado. Meu olhar encontrou Aidan, que estava ali perto do grupo de provocadores.

— Oh Aidan, cola aqui! — gritei, vendo o provocador se encolher com meu chamado. Isso ia ser bom.

— O que foi? Algum problema? — Aidan se aproximou rapidamente, ainda com a atitude despreocupada, mas com aquele olhar de quem estava pronto para resolver qualquer coisa.

— Mano, além do fato de o ser ter me zuado e me enchendo o saco, não — eu disse, mantendo o tom calmo, mas um pouco desafiador.

— Qual foi? — Aidan perguntou, olhando para o provocador com aquela expressão que mais parecia de quem ia devorar a pessoa com os olhos.

— Que foi? Ficou mudo agora? — Eu perguntei, dando uma risada irônica enquanto esperava a resposta do provocador.

— Nada, já estava de saída. — O ser respondeu, desviando o olhar de Aidan e se afastando rapidamente, como se fosse mais fácil ignorar a situação do que tentar enfrentá-la.

— Valeu — agradeci a Aidan, que não parecia nem um pouco surpreso com a cena.

— Sempre que precisar — ele respondeu, dando uma piscada antes de se afastar, com a calma de quem não se abalava por nada.

Eu fiquei ali, observando os seres jogando futebol. Às vezes, me perguntava como alguém poderia gostar de um jogo tão sem propósito. Eu não entendia o apelo. Mas quando olhei para a bancada, a cena mudou. Lian estava com uma garota, e eu não pude deixar de notar. Aidan, do meu lado, também percebeu e virou o rosto para mim, um sorriso de canto se formando.

Sabíamos exatamente o que o outro estava pensando.

Quando os times foram divididos, a tensão aumentou. Lian e Aidan ficaram em times opostos, e eu não pude evitar um sorriso irônico. A situação estava prestes a esquentar. Aidan, como sempre, fez o primeiro gol e, ao olhar para a garota que Lian estava acompanhando, piscou para ela com aquele sorriso de canto que fazia qualquer um sentir a pressão. Lian, furioso, correu até o gol adversário e fez um gol ainda mais impressionante, acompanhando-o de um coração para a menina.