𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟕_ 𝐌𝐢𝐚

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Lian, com sua expressão furiosa, lançou um olhar cortante em minha direção. Sua postura rígida e os punhos cerrados eram sinais claros de sua insatisfação. Quando falou, sua voz saiu baixa, mas carregada de reprovação. 

— Eu te avisei, Mia. Eu tentei. Mas você nunca escuta. — Ele balançou a cabeça, visivelmente frustrado. 

— Eu sei, Lian, e peço desculpas. Mas Aidan pediu que eu ficasse, e eu... — tentei justificar, mas ele me interrompeu antes que eu pudesse terminar. 

— E você simplesmente ficou? — Sua voz se elevou, com uma mistura de preocupação e fúria. — Você é imprudente, Mia! Ele é uma Salamandra! Você tem noção do perigo? Não se deve confiar neles, especialmente no Aidan. 

— Nem todos são iguais! — retruquei, tentando manter a calma, mesmo que meu coração estivesse acelerado. — O Aidan só precisa de ajuda, e eu sei que posso ajudá-lo. 

— Não! — Kai explodiu, avançando alguns passos e pegando meu pulso enfaixado com força. — Você não vai se aproximar dele novamente. Está ouvindo? Nunca mais! 

A dor no meu pulso me fez puxar o braço de volta com um gemido, libertando-me do aperto dele. 

— Kai, isso dói! E quer saber? Não vou aceitar isso de você. Sempre obedeci, sempre fiz tudo o que pedem de mim, mas acredito que ajudar Aidan é o certo. E nem você, nem ninguém vai me impedir. — Minha voz saiu firme, mas meu peito doía de nervosismo. 

Antes que Lian pudesse responder, uma gargalhada ressoou do outro lado da sala. Aphodite, encostada displicentemente na parede, nos observava com um sorriso irônico. 

— Era só o que faltava... Ele conseguiu fazer lavagem cerebral nela. — zombou, cruzando os braços.

— Aphodite, cala a boca! — Kai rosnou, virando-se para ela com um olhar tão afiado quanto uma lâmina. 

— Grosso! — Aphodite rebateu, fingindo indignação. — Ela te enfrenta e eu levo a culpa? Que injustiça. — Fez um biquinho teatral antes de se afastar com um revirar de olhos. 

Eu respirei fundo, tentando ignorar os comentários ácidos dela, mas a tensão no ar parecia sufocante. Lian passou a mão pelos cabelos, visivelmente tentando se recompor. 

— Mia, eu só quero que você priorize a sua segurança. Você é... importante demais. Como princesa, precisa pensar no seu papel, no seu povo. — Ele disse com um tom mais calmo, mas ainda carregado de preocupação. 

— Meu papel? Vocês realmente acreditam que posso ser uma princesa de verdade? Que um dia alcançarei meu poder máximo? Sou a primeira a nascer com sangue real sem atingir 100%. Nem sabemos se conseguirei ser uma rainha legítima! — Minha voz tremeu, e meus olhos se encheram de lágrimas. 

— Mia! — Kai chamou meu nome com intensidade, mas era tarde demais.  

— Tornar-me rainha é uma incerteza, mas farei o que estiver ao meu alcance. Minha habilidade primordial é auxiliar os outros. Se não têm respeito pelos Salamandras e desconsideram a igualdade, isso é uma questão de escolha. Contudo, almejo um futuro onde todos possam viver em paz e harmonia. E não será vocês que me impedirão de buscar isso. — Fiz uma pausa, notando os olhares incrédulos de Kai e Lian. Seus olhos estavam arregalados, como se não acreditassem nas palavras que saíam da minha boca. — Tenham uma boa tarde. Irei repousar para me recuperar.

Deixei-os no salão principal, um silêncio desconfortável pairando no ar, e segui para meu quarto. O corredor parecia mais longo que o normal, e meus passos ecoavam como se pesassem toneladas. Ao entrar, notei imediatamente a ausência de Aphodite. A janela estava aberta, as cortinas balançando suavemente com a brisa. Pelo visto, ela havia saído novamente. Suspirei, cansada, e me joguei na cama. 

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