𝐒𝐡𝐚𝐝𝐞𝐬 𝐨𝐟 𝐛𝐥𝐚𝐜𝐤 | 𝐉𝐞𝐨𝐧 𝐉𝐞𝐨𝐧𝐠𝐠𝐮𝐤

𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 01

I put a spell on you
Because you're mine
You better stop the things you do
I tell you, I ain't lying
I ain't lying
You know I can't stand it
You're running around
You know better daddy
I can't stand it 'cause you put me down
Oh, no
I put a spell on you
Because you're mine
You know I love you
I love you
I love you...

(I Put a Spell on You) Annie Lennox

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Eu olho com frustração para mim mesma no espelho. Maldito cabelo, ele simplesmente não se aquieta e maldita Min-jin por estar doente e me convenceu a fazer essa loucura. Eu devia estar estudando para meus exames finais, que será na semana que vem, mas estou aqui tentando amansar essa juba de leão que chamo de cabelo até que eles se submetam. Eu definitivamente não posso dormir sem touca. Tento, mais uma vez, escová-lo até dominá-lo.---Cuidar do meu cabelo não é uma tarefa muito fácil, eu acordava todos os dias cedo para poder arrumá-lo, eu odiava isso com toda minha alma -. Reviro meus olhos em exasperação e fito a garota de pele escura de cabelos negros com olhos castanhos claros grande de mais para seu rosto olhando para mim e desisto. Minha única opção é prender o cabelo em um coque e esperar que eu fique mais ou menos apresentável.

Min-jin é a garota com quem divido a casa, e escolheu logo hoje para ser vencida pela gripe. Portanto, não poderá fazer a entrevista que conseguiu, com um mega magnata industrial de quem eu nunca ouvi falar, para o jornal da Faculdade. Então ela me "convidou" como voluntária.

Preciso tomar vergonha na cara e começar estudar para as provas finais, tenho um ensaio para terminar, e devia ir trabalhar hoje à tarde, mas não: vou dirigir duzentos e setenta quilômetros até o centro de Seul para encontrar o enigmático CEO da Jeon's Enterprise. Como um empresário excepcional e benfeito importante de nossa Universidade, seu tempo é extraordinariamente precioso- e muito mais precioso que o meu-, mas ele concedeu uma entrevista a Min-jin. Uma grande conquista, diz ela. Maldita atividades extracurriculares.

- Di, eu sinto muito. Demorei exatamente nove meses para conseguir essa entrevista. Vou levar mais seis para remarcar, e a essa altura nós duas já estaremos formadas. Como editora, não posso cancelar tudo. Por favor, -- Min-jin implora, com a voz rouca por causa da dor de garganta.

Como ela faz isso? Mesmo doente, está graciosa e muito bonita, o cabelo castanho claro e olhos castanhos brilhantes, embora agora avermelhado e com coriza nasal. Eu ignoro minha pontada de simpatia e compaixão indesejada.

- Claro que eu vou Min. Você deve voltar para cama. Você gostaria de um pouco de remédio?

- Sim, por favor. Aqui estão as perguntas e meu gravador. Basta apertar aqui. Tome notas, que transcreverei tudo.

- Eu não sei nada sobre ele,---eu murmuro, tentando suprimir meu pânico crescente.

- As perguntas vão ajudar você. Vá. A viagem é longa. Não quero que se atrase.

- Tudo bem. Estou indo. E você volte para sua cama. Eu fiz miyeko-guk para você se aquecer mais tarde, eu sei que é seu predileto.-- Olho para ela com carinho. Só por você, Min eu faria isso.

- Vou esquentar. Boa sorte. E obrigada Di, como sempre, você é minha salva-vidas.

Pego minha mochila, lanço-lhe um sorriso irônico e depois saio para pegar o carro. Não posso acreditar que Min-jin me convenceu a fazer isso. Entretanto ela consegue convencer qualquer um de fazer qualquer coisa com seu charme e carisma. Ela vai ser uma jornalista excepcional. Sabe se expressar, e forte, inteligente, persuasiva, argumentativa, é bonita- e é minha melhor amiga.

As ruas estão vazias quando eu saio de Incheon em direção à rodovia. É cedo, e não preciso estar em Seul antes das duas da tarde. Felizmente, Min-jin me emprestou a sua Mercedes esportiva. Não sei bem se com Wanda, meu fusca velho, eu chegaria a tempo. Ah, a Mercedes é gostosa de dirigir, e os quilômetros deslizam à medida que piso fundo no acelerador.