Nine

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Não, eu não morri.
Vocês acharam mesmo que se livrariam de mim tão fácil assim? Vão sonhando KSKJKSKJ

Luana estava atrasada. Ela respirou fundo entrando no ônibus, pensando que era um péssimo dia para chegar tarde ao seu encontro, afinal, as coisas não iam muito bem com Wednesday. Mesmo assim, a jovem tinha a sensação de que não iria importar, e que a sua namorada só daria de ombros com um sorriso conformado. Às vezes, Luana se perguntava como era possível se sentir tão solitária em um relacionamento, e como as coisas ficaram daquele jeito.

Sendo estudante de psicologia, Luana nem sempre resistia à analisar a própria namorada. Era acidental, e acontecia antes que ela se desse conta. Quando Wednesday não estava brigando com a mãe, o relacionamento delas era frio e distante. Sempre havia sido assim.

-Uma vez eu disse pra minha mãe que queria que ela tivesse tido uma filha que pudesse gostar.- Wednesday desabafou no colo dela um dia. - Primeiro ela disse que eu tava insinuando que queria outra mãe. Depois ela falou que me amava do jeito que eu sou.

Ela se sentou, interrompendo o cafuné de Luana, e baixou a cabeça.

-Existe uma diferença entre amar e gostar. Eu amo a minha mãe e não gosto dela. Ela também é assim, só não admite. Mas não gosta de como eu me visto, de como eu arrumo o cabelo, do curso que eu faço, de... - Wednesday pausou bruscamente antes de dizer a última parte. - De quem eu gosto. Não tem como gostar de mim.

Luana sabia que não era aceita pela sogra. As poucas vezes que elas se viram foram bem no início. do rolo dela com Wednesday, e a garota foi apresentada como uma "amiga", mas a mulher mais velha sabia a verdade. A mãe de Wednesday a tratou com frieza em todas as vezes. O que Luana não sabia era que ela também brigava com a filha depois, dizendo "Pra que tu traz essa sapatão até mim? É pra me afrontar? Tu quer me ver morta?", forçando a namorada dela a segurar as lágrimas.

- Amor, tá tudo bem. Eu entendo que não dá pra ir na sua casa e tudo mais. - Luana tentava consolá-la com frequência.

-Tu merece muito mais que isso. Eu queria poder te ter em reunião de família, eu....

Quando ela estava à beira de lágrimas, Luana a abraçava e mudava de assunto. Pra ser sincera, a situação realmente a machucava. Parecia um romance proibido, secreto, e ela estava velha demais pra brincar de "Romeu e Julieta", mas Luana jamais culparia Wednesday por isso. No mais, ela queria livrar a amada de toda a ansiedade que aquele namoro a causava, e se sentia culpada por... Por insistir em tê-la, talvez.

Desde antes do primeiro beijo, Luana sabia que queria estar com ela. Wednesday podia aparentar ser agressiva, explosiva, confiante e decidida, porém era tão frágil. Luana queria beijá-la tanto quanto queria embalar uma sessão de terapia de presente pra garota, e, para ela, esse era o primeiro sinal de que se importava com aquela doida de um metro e cinquenta e sete de altura.

-Lu... Eu preciso ter uma conversa bem sincera com você. - Wednesday soltou quando as coisas estavam começando a ficar sérias entre elas, e o coração de Luana parou por alguns segundos. Nunca era bom sinal, e ela já estava se apaixonando rápido demais pra frear. - Antes de você aparecer, tinha uma garota.

Luana riu.

- Wednesday, antes de você aparecer tinham várias garotas. Eu não me importo.

Mas Wednesday permaneceu séria.

— Não é o que eu quero dizer. É sobre como eu me sentia por ela. Sobre como...

- Sobre como você se sente agora? - Luana engoliu em seco. "É inevitável. Eu sempre esbarro nas meninas que não superaram a ex.", pensou.

O amor nunca vai embora. (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora