Thirteen

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Wednesday acordou no dia seguinte determinada. Na verdade, Wednesday acordou com uma enxaqueca debilitante, e quando lembrou da conversa com Sayuri quase vomitou no travesseiro. Depois de um Tylenol e duas horas refletindo sobre o tópico, ela estava realmente determinada a terminar com Luana.

Acontece que Wednesday nunca havia terminado com alguém antes, e ela gostava muito de Luana. Terminar com alguém que te fez algo terrível no calor do momento parecia mais fácil. Agora ela precisava desvendar como fazer doer o mínimo possível, ciente de que estaria partindo o coração da única pessoa que se importou de ensinar ela a amar. Não que Enid não tivesse ajudado a seu modo em algum passado distante, mas eram situações diferentes.

Quando elas começaram a namorar, Wednesday estava apavorada. Relacionamentos não são simples, nem vêm com manual de instruções, e a maioria das pessoas oferecendo conselhos não têm a menor ideia do que estão falando. Os pais dela eram divorciados e o mais próximo que ela tinha chegado do amor havia sido aquele desastre indefinido com sua "melhor amiga". Então, Wednesday fez o que qualquer pessoa sensível faria e comunicou tudo isso à Luana. Talvez a confissão fosse o bastante para afugentar a garota e deixar Wednesday na sua zona de conforto, solitária para sempre. Ela quase se convenceu de que era a intenção dela, mas seria mentira. Wednesday queria ser amada de volta.

-Talvez eu esteja me metendo em uma fria, é isso? -Luana riu franzindo o nariz quando escutou.- Ah, Wed, todo mundo tem a sua primeira vez. Você também merece a sua, ok? É só irmos com calma.

E com calma elas foram. Quando Wednesday estava confortável com beijos e andar de mãos dadas, elas começaram a experimentar a palavra "namorada". Parecia um termo alienígena no começo e ela travava quase toda vez que falava ou ouvia, mas ela se acostumou. Sexo também era cheio de gatilhos por um tempo, associado a algumas memórias ruins e salpicado de culpa quando Wednesday lembrava algum comentário da mãe. Luana obviamente nunca a forçou a nada. Muitas noites elas estavam contentes em apenas ficarem de conchinha, fazendo cafuné e aproveitando o silêncio antes de caírem no sono.

Eventualmente, Wednesday sentiu que havia dominado esse lance de namorar. Ela conseguiu o que parecia impossível ao se tornar uma boa namorada. Wednesday não era sonsa, sabia que se não tomasse cuidado poderia ser tóxica. Às vezes sua mente passava um replay das vezes que ela havia sido babaca, mas era como um interruptor que Wednesday não conseguia controlar e que a fazia ceder aos seus impulsos sem filtro. Ela imediatamente se arrependia enquanto as palavras saíam da boca, mas sempre era tarde demais. Luana atenuou esse lado dela, de alguma forma mágica. Wednesday se sentia menos zangada no geral.

Wednesday era tão, tão grata à Luana. Mas e agora?

As duas dançaram ao redor dessa questão por tempo demais. Houve tentativas de reparar a relação por parte de ambas. Acontece que o problema estava um pouco fora do controle delas. Às vezes, você pode fazer tudo certo e ainda assim o relacionamento acabar. Wednesday não acreditava que tinha feito tudo certo, mas sabia que não haveria tanta diferença se fosse o caso.

- Pai, como se termina com uma pessoa? - Ela mal notou que havia pegado o celular e ligado para o pai até ele atender com a voz rouca.

- Você perguntou pra pessoa errada. Eu nunca soube fazer isso sem levar um tapa na cara. - Ele riu e ela pressionou um sorriso contra o celular.- Vai terminar com a menina?

-É. - O coração de Wednesday acelerou, porque quanto mais ela falava sobre isso, mais real ficava.

-Ela te fez algo?

Wednesday quis rir. Talvez seu pai quebrasse a perna de quem partisse seu coração. Ela sempre quis ver seu pai ficando super protetor com os sentimentos dela, como num clichê adolescente. Infelizmente, era mais provável ela ser quem precisasse de uma surra.

O amor nunca vai embora. (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora