Febres de saudades

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Depois de ter ficado entusiasmado por pensar que o emir havia chegado, fiquei triste. Decidi que queria me refrescar um pouco por causa do calor intenso que estava sentindo. Chamei minha acompanhante para convocar as comadres para me ajudarem com o banho. Quando ouvi o barulho delas, soube que o banho já estava pronto e fui me juntar a elas. Apesar de todos os esforços delas em me animar, neste momento não estava sendo fácil levantar meu ânimo. Terminando o banho, fui aos meus aposentos passar os óleos perfumados e me preparar para dormir. Depois de duas horas dormindo, minha mãe, como de hábito, trouxe um copo de leite quente com canela para ajudar a dormir melhor. Ouvi de longe ela gritando por ajuda e, em pouco tempo, meu quarto estava cheio de pessoas, mas eu não conseguia abrir os olhos, estava ardendo de febre, todos meus lençóis estavam molhados e eu convulsionava. O médico do palácio veio rapidamente para me atender e Mussa teve que reportar ao emir imediatamente o que estava acontecendo.

Mussa: Peço-lhe perdão, emir, por acordá-lo.

Emir: Espero que não tenha sonhado comigo e que tenha tido saudades, meu amor.

Mussa: Infelizmente, hoje lhe trago más notícias sobre sua gazela.

Emir: O que está acontecendo? Fale logo, por Allah, diga!

Mussa: Ela está com febres altas e o médico do palácio diz que nunca tinha visto algo assim. A febre não cede e tivemos que chamar amigos que também são médicos para vê-la. Até agora, não temos uma solução. Foram feitos exames sanguíneos durante a madrugada, mas não ajudaram a chegar a um diagnóstico. Peço perdão, emir.

Emir: Devia mandar você para as masmorras por só me informar agora sobre a saúde da minha gazela.

Mussa: Peço perdão, emir. Aconteceu tudo muito rápido.

Emir: Não diga a ninguém, mas chego aí em poucas horas. Mandem o helicóptero vir nos buscar no final do dia. Quero estar com a Dassy.

Sem mais demora, o piloto e o co-piloto já estavam em direção à fronteira para levar o emir, que já estava a rugir como um leão, pois estava muito nervoso ao pensar na situação de sua noiva.

Raj: Fique calmo, meu amigo. Omar, quem te ver assim diz que estás apaixonado de verdade.

Omar: Não sabes o trabalho que tive para lhe mostrar que estou super apaixonado e convencer o conselho de que estou a me casar por amor. Sabes que, se meu pai não tivesse imposto regras para aceder a todo meu património, nunca me casaria com uma estrangeira. Pois com ela, será mais fácil convencer com uma grande soma de dinheiro a cumprir com meus planos futuros depois do casamento.

Raj: E quais são os teus planos, meu amigo? Sempre falas, mas não contas. Se o fazes, é porque é uma merda. O que vais fazer? Depois, não venhas atrás de mim para pedir ajuda. Desta vez, não irei te dar, pois não participei em nada do início.

Omar: Na hora certa, irei contar. Relaxa, meu amigo. Agora, vamos. Ouço o som do aparelho aéreo chegando.

O voo foi tranquilo, sem sobressaltos. Chegamos ao palácio quando eram 23 horas, mas a casa estava toda acordada. No quarto, minha futura sogra e os tios estavam chorando, e os amigos mal falavam. Nem Mussa estava fazendo piadas. Então, a situação é séria.

Omar: Não quero ver ninguém chorando ou ouvir barulho. Minha noiva vive ainda. Saiam do meu caminho. Quero todos fora do quarto. Quero ficar a sós com ela. Rápido, saiam.

Todos saíram rapidamente do quarto e foram para a sala. Foi quando pude ver minha Dassy deitada em lençóis finos, delirando. Coloquei minha mão em sua testa e percebi que estava com febre alta.

Muito poucos sabiam, mas quando minha amada mãe nasceu, ela ficou muito doente, o que a impossibilitou de ter mais filhos e de me amamentar. Então, tive que ser amamentado por uma cigana que havia perdido seu filho, mas tinha muito leite ainda no peito. Ela se apegou bastante a mim, ao ponto de pedir para minha mãe que desejava ser minha empregada, e minha mãe sentia gratidão pela boa mulher e seu pedido foi concedido, já que meu pai fazia tudo o que a sua rainha pedia.

Ninguém sabia sobre sua origem, mas ela era uma verdadeira curandeira e ensinou quase tudo para mim. Ela também fez uma poção de proteção para mim antes de sua morte. Lembro-me dela sempre, minha doce Milena, e ela me fez prometer que, se um dia eu tivesse filhos, deveria conceder-lhes esse milagre e dar seu nome à minha filha.

Vendo a situação, fui ao meu jardim pessoal, onde plantava ervas especiais, colhi tudo o que precisava usando a passagem secreta entre nossos quartos e depois pedi água quente. Assim que Mussa trouxe, fiz a infusão e comecei a dar aos poucos para minha Dassy. Depois disso, levei-a para a varanda para apanhar um ar fresco da madrugada. Ela se aninhou ainda mais ao meu colo e pude sentir que a febre estava baixando, e ouvi sua voz.

Dassy: Diz que não estou delirando, Aezizi?

Com minha voz grossa e firme, respondi que ela não estava sonhando e que eu estava mesmo ali. Senti meus lábios sendo beijados com fome e desejo.

Omar: Vamos entrar, habib. Tenho que dizer aos nossos familiares que você está melhor. Estão todos tristes por sua causa. Ainda não entendi muito bem o que aconteceu com você. Você teve uma febre por sentir minha falta, é isso?

Dassy: Estava preocupada com você, e o medo me levou a um estado febril. Talvez se me abraçar mais um pouco e ficar em silêncio, eu melhore.

Ficamos assim por um bom tempo até que a levei para a cama para que pudesse descansar um pouco.

Como enlouquecer um Sheik Árabe!Onde histórias criam vida. Descubra agora