Cecília •
Assim que entro no banheiro, bato a porta com força. Estou muito incomodada nesse andar, mas eu quero saber porque meu neném está com essa carinha murcha. Não importa o quão me incomoda ficar aqui, eu não saio enquanto ele não me dizer o que está acontecendo com ele.
"Que susto!" Gustavo tem um sobressalto por causa do barulho do bato da porta. Ele se vira e tira a gravata do pescoço.
"Desculpa!" sorrio e ele sorri de volta. "Não gostei daquela sua carinha lá embaixo. Tudo bem, vida?" Me aproximo e o abraço.
"Você me conhece, né?", ele coloca os braços em volta da minha cintura e beija minha testa.
"Aham. Conheço perfeitamente pra saber quando você tá bem ou não. Não gosto de te ver assim." Pego no rosto dele. Gustavo caminha com nossos corpos para trás e me coloca sentada em cima da pia.
"Adoro o jeito como você se preocupa comigo", ele sorri e beija meus lábios. Envolvo minhas pernas em sua cintura e tiro seu terno.
"Sempre vou me preocupar. Quer me contar o que está acontecendo?" Pergunto enquanto desabotoou os botões de sua camisa social.
"Quer adivinhar?", ele suspira.
"Não sei. Você perdeu algum negócio?"
"Antes fosse… Adolfo me ligou."
"O quê? Pelo seu celular?"
"Não! Número da Rey Café."
"Eu te falei que ele iria entrar em contato novamente."
"Eu sei que ele era o pai do amor da minha vida, mas me ligar pra fazer acusações mentirosas? É claro que eu às vezes me sinto culpado… talvez se eu tivesse impedido ela de fazer aquela loucura…
"Ei, ei, ei… não se culpe por isso! Eu sei que você amava ela. Lembra Gustavo, se a Teresa saiu da casa dos pais foi porque ela te amava e porque ela se sentia livre para fazer o que quisesse. Você não queria ser um marido autoritário na vida dela, né?"
"Não, claro que não!… Não era isso que ela queria! Mas eu deixei ela ir sozinha, fui egoísta!"
"Não… você não foi. Todo mundo tem medos e ninguém espera pela morte de uma pessoa jovem. Você tinha certeza de que iria ver ela de novo… mas a morte não avisa o dia, nem a hora e nem no local. Às vezes temos sinais, por exemplo sonhos, visões… enfim, a verdade é que nunca estamos preparados para perder alguém importante. Você não teve culpa, tá bom? Não se martirize por isso. O senhor Adolfo tá chateado porque ele pensa que se a Teresa estivesse com ele, esse acidente não teria acontecido… mas, acho que todo mundo nasce com uma linha de chegada e uma linha de partida. Umas valem por 10 anos, outras por 20, outras por 80 e outras tem só a sorte de chegada, sabe os bebezinhos que morrem assim que nascem? Mas Deus teve um plano pra cada um, meu amor e se ela morreu é porque a missão dela havia acabado nesta terra."
"Você acha que eu fui um bom marido pra ela?"
"Eu não tenho dúvidas de que você foi o melhor. Não se preocupe com seu ex-sogro. Não existem provas que você matou ela e essa investigação já foi encerrada, você acha mesmo que a polícia vai reabrir esse caso?"
"Eu sei. Não me preocupo com isso… eu me preocupo com a minha filha! Ele nem se quer se importa com a neta e se um dia sentir vontade, ele vai querer colocar ela contra mim! Tenho medo que ele use ela pra uma vingança e ela passe a me odiar como pai."
Rio. "A Dulce te ama muito, Gustavo. Ela sabe o pai que tem e sabe perfeitamente que você amou muito a Teresa também. Olha, chega de pensar besteiras. Que tal você tomar um banho? Porque você não relaxa um pouco." Tiro sua camisa social e beijo seu ombro nu.
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New Life - Depois do Casamento (Parte 2)
FanficGustavo, após ajudar Cecília a publicar uma história na Amazon, viu sua vida se destruir em mil pedacinhos. Como eles poderiam imaginar que uma simples publicação poderia mudar a vida deles pro resto de suas vidas? Talvez não tenha sido a publicação...