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Reino de Wei, Cidade de Zizhou

Os cabelos brancos do Terceiro Príncipe de Wei foram sacudidos enquanto galopava em seu cavalo na direção da Cidade de Zizhou. O sol tentava ultrapassar as árvores negras do Reino de Wei, mas sem sucesso. O Rei havia ordenado que fosse inspecionar os presentes que seriam enviados para o Reino de Han, suspeitava que o governador fosse escolher algo medíocre para a realeza.

Chegando em Zizhou, o príncipe diminuiu a velocidade e trotou até o edifício em que o governador da cidade trabalhava e preparava os presentes. O soldado que o acompanhava também diminuiu a velocidade, agora trotando ao lado do príncipe oferecendo um pão sem fermento.

— Obrigado — agradeceu o jovem príncipe com um pequeno sorriso e então empurrando o pão para a boca e o mastigando com força.

Era nítido quando haviam pessoas de fora, os moradores encaravam e andavam apontando e cochichando, não eram rudes, mas também não aparentavam ser amigáveis. A população de Wei era assim, muitos eram fechados e tímidos, em contrapartida, poucos deles eram sorridentes e engraçados.

O prédio do governo possuía uma abóbada escura e portais em tons metálicos, o homem de vestes escuras e de cabelos prateados amarrados no topo de sua cabeça em um coque firme aguardava na entrada com um sorriso amigável.

— Seja bem-vindo, Vossa Alteza, Terceiro Príncipe. Estive aguardando sua chegada — anunciou o Governador de Zizhou.

Dois servos se aproximaram quando o príncipe e o soldado que o acompanhava desceram dos cavalos, os servos puxaram os cavalos para um caminho que levava ao estábulo do governo.

— Agradeço, Governador — o príncipe fez uma pequena reverência com a cabeça e o governador a devolveu.

— Venha, irei lhe mostrar o que temos preparado para o Reino de Han.

— Claro — sorriu o príncipe.

— Por aqui — o homem apontou para a entrada do edifício e com um sorriso disse — depois de Vossa Alteza.

E então o príncipe entrou no prédio do governo seguido pelo soldado que o escoltava e, por fim, pelo governador.

Pilastras escuras preenchiam os vãos da construção, homens espalhados pelo edifício trabalhavam em suas coisas enquanto o governador de Zizhou passava entre eles verificando seus trabalhos e se dirigindo ao seu espaço privado.

— Há muitos trabalhadores — observou o Príncipe de Wei, o governador se virou para o príncipe com um sorriso congelado nos lábios e assentiu devagar até se virar mais uma vez para a frente — Por ser uma cidade pequena, não acreditei que poderiam haver tantos servidores — o governador desta vez apenas virou o rosto na direção do príncipe, e aquele sorriso estático ainda estava colado nos lábios, o soldado descansou a mão sobre o cabo da espada embainhada.

— Os negócios aumentaram — disse apenas.

O príncipe olhou de soslaio para o soldado, o homem que o acompanhava agora observava o ambiente, os trabalhadores. Aos olhos do soldado, todas aquelas pessoas não eram operárias e nem mesmo funcionárias ou servas, eram outra coisa.

— É por aqui, Alteza — o governador voltou a falar, os guiando a um aposento no final do corredor mal iluminado. O príncipe levou uma das mãos às costas, onde uma adaga estava escondida.

O aposento era muito mal iluminado, as velas não conseguiam fazer o trabalho corretamente. O aposento era grande demais para a quantidade inadequada de velas.

— Chegamos — anunciou o governador ao entrar no cômodo e se virar com um sorriso.

— Como quer que eu faça o meu trabalho se não consigo ver a qualidade do material? — Apontou com o queixo para os baús abertos, seus olhos se estreitaram ao ver as poucas joias.

[1] Desejo e Poder, O Império de Han [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora