Reino de Han, Pavilhão das Mil Flores
Diferente dos palácios, os pavilhões eram extensões menores, mas ainda assim, maiores do que muitas mansões na capital. A Primeira Princesa havia renomeado há uns anos atrás o seu lar como o Pavilhão das Mil Flores, ninguém havia compreendido a profundidade de suas ações, e bastava que apenas ela soubesse.
O pavilhão da princesa, ao contrário dos outros, possuía mais eunucos do que servas, a presença masculina em seus aposentos era um conhecimento de todos, mas ninguém nunca questionou suas ações, até porque muitos serviços pesados eram feitos em seus aposentos nos últimos anos. Li Hua estava se preparando para a tomada do trono havia anos, e as obras constantes em seu pavilhão eram voltadas a fundos secretos e entradas ocultas.
Por outro lado, fora as construções em excesso, ela realmente gostava da companhia masculina, eram agradáveis, gentis e uma bela visão.
Deitada na grama de seu jardim, sua serva massageava seus pés, enquanto sua cabeça estava apoiada no colo de um eunuco sorridente que suavemente massageava sua cabeça.
— O quanto de informação colheu, desta vez? — Perguntou a Primeira Princesa, anteriormente havia ordenado que investigasse outro ministro, e aparentemente a serva acabou ficando na mansão do homem por algumas horas a mais.
A menina suspirou, os cabelos trançados pela princesa se moveram para frente, e ela os jogou novamente para trás.
— Não foi fácil, o homem possui mãos inquietas — estremeceu, a princesa que até então estava relaxada, ficou tensa.
— Ele a tocou? — a voz baixa, como Xiao Bai conhecia, era uma ameaça.
Xiao Bai conseguiu sorrir ao notar o olhar cortante de sua senhorita. O eunuco estremeceu ao sentir a tensão no ar.
— Não, Alteza — o olhar investigativo da princesa continuou, e os ombros da menina caíram para frente — Sim, — a princesa ergueu o tronco, pronta para levantar e ir cometer um assassinato, a serva logo se apressou, as mãos erguidas no alto balançando freneticamente — mas está tudo bem, não foi nada muito... profundo. Ele desmaiou minutos depois — a princesa relaxou — eu utilizei aquele incenso que me deu — a menina voltou a tocar os pés da princesa e a massageá-los — não se preocupe. Não farei nada que eu não consiga lidar.
— Esse é o problema — suspirou a princesa — eu não quero que homens imundos a toquem. Eu tenho uma dívida enorme com a sua família e quero lhe entregar pura para o seu futuro marido.
A garota sorriu ao dizer — isso vai demorar.
Li Hua negou.
— Há muitos homens belos na guarda, e há aqueles que são os servos dos nobres.
Xiao Bai deu de ombros.
— Eles não me interessam.
— Que mentirosa — a princesa gargalhou.
A menina sorriu em divertimento, estava de olho em um ou dois rapazes que achou interessantes, mas nunca chegou a conversar com eles. Balançando a cabeça, forçou-se a esquecer do assunto, e então pigarreou, voltando ao que interessava.
— Peguei o livro de contas — ela olhou para a princesa que se ergueu instantaneamente, sentando-se na grama. Os olhos arregalados e a boca aberta mostravam o quanto havia surpreendido sua senhorita, e então abriu um sorriso orgulhoso por seu trabalho de captura.
— Eu não acredito — a princesa conseguiu dizer por fim, os olhos ainda arregalados, a boca entreaberta, e o canto dos lábios repuxado em um pequeno sorriso.
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[1] Desejo e Poder, O Império de Han [DEGUSTAÇÃO]
Roman d'amourLi Hua é uma jovem que, à primeira vista, se revela doce, delicada e frágil. Contudo, como a Primeira Princesa do Reino de Han, ela compreende plenamente os seus direitos como herdeira do trono. Confrontada pela realidade de ser uma mulher em um mun...