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Reino de Han, Capital Shanyao, Casa dos Prazeres

A Casa dos Prazeres era uma construção chamativa. Grandes colunas negras sustentavam e erguiam as paredes de madeira escura, pinturas vermelhas e douradas rodeavam as pilastras. Luzes vermelhas estavam penduradas por toda a frente. Como o sol ainda brilhava, os servos e servas do estabelecimento limpavam as colunas e janelas para as apresentações da noite.

Li Hua vestia roupas simples e seu cabelo trançado disfarçava quem ela era. Caminhando pela frente, sozinha, a estrutura imponente recebia alguns olhares estranhos. As pessoas ainda tinham preconceito com damas de companhia e afins.

Os servos se curvaram ao notar a presença de sua ilustre senhora.

— Seja bem-vinda, Senhora Li.

Ela apenas assentiu e caminhou para dentro da propriedade.

Quando as servas abriram as portas, elas rangeram. Precisava lubrificar novamente, lembrou Li Hua. E logo as portas se fecharam quando atravessou o grande portal negro e colorido pelas pinturas.

Uma moça se aproximou, seu sorriso sedutor cumprimentou a princesa.

— Como estão os preparativos? — Perguntou a princesa à mulher.

— Estamos treinando e ensaiando há semanas, princesa. Em breve teremos a performance perfeita para recebermos os emissários.

A princesa sorriu maliciosamente.

— Perfeito. Não sei quanto aos príncipes, mas tenho certeza que os velhos virão ao bordel. Estejam atentas.

Assentiu a mulher e então a princesa a dispensou com um aceno de mão. Ela continuou caminhando pelo longo tapete negro que levava as escadas do palco de metal, última atualização que fizera. Madeira era interessante, mas com a tecnologia chegando e o metal sendo moldado e transformado com facilidade, era hora de inovar.

Ao redor do palco, mesas e cadeiras foram espalhadas, assim os clientes poderiam desfrutar da boa comida e do bom vinho enquanto assistiam uma peça ou dança sensual. As mãos da princesa percorreram as mesas e as cadeiras, checando a limpeza do lugar. Tudo estava perfeito.

Se dirigindo para um dos corredores, a princesa conferiu os quartos secretos, onde clientes de todos os tipos chegavam discretamente pelas portas do fundo e se esqueciam do mundo doente que viviam.

E no final do corredor — para onde ela caminhava — estava o seu escritório. Com a mão esquerda ela empurrou a porta escura e entrou. A mesa estava limpa, a papelada organizada, as cadeiras dos visitantes alinhadas com a mesa, o sofá com as almofadas lançadas de qualquer jeito da forma que a princesa gostava, e um jarro de flores em cima da mesa de centro que ficava entre o sofá e as cadeiras da mesa e do outro lado, sua cadeira acolchoada.

Li Hua relaxou ao sentar-se em seu estofado. O cheiro suave do incenso de cerejeira a acalmou. Precisava organizar algumas papeladas e definir as próximas missões das assassinas e informantes. Por um momento ela parou, com a porta ainda entreaberta, olhou através do longo corredor e o movimento animado de suas meninas, então se lembrou da primeira vez que entrou naquele lugar. Dez anos atrás.

Sua avó era um pouco mais nova e mais ativa naquela época, sua mão segurava firmemente o braço da princesa, que na época tinha apenas oito anos. Qi Zhi Lan, Rainha Viúva do Reino de Han, se divertia puxando a menina pelos arredores da capital. Serpenteavam pelas esquinas da cidade, corriam entre os vendedores ambulantes e gargalhavam dos xingamentos e sustos que davam ao correr entre as pessoas.

Li Hua era muito pequena para entender que sua avó, na verdade, despistava os guardas e os servos pessoais. A menina acreditava que apenas brincavam. De repente pararam de correr e rir, estavam diante de uma imensa porta vermelha. Havia apenas uma insígnia desenhada em branco naquela porta. Uma flor. A peônia.

[1] Desejo e Poder, O Império de Han [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora