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Reino de Han, Pousada Paraíso do Continente

O sol havia se escondido há muito tempo, a lua brilhava no céu e as estrelas piscavam no alto. Shi Rong as olhava com esperança, dias tinham se passado desde a última vez que pode olhar para a Primeira Princesa de Han. Seu coração batia forte, ele praticamente ignorava o homem que estava sentado à sua frente. A comida já tinha esfriado, e ele não se importava.

O homem deu leves batidas na madeira da mesa, chamando a atenção do príncipe.

— O Rei não aceitou de forma alguma sua renúncia à coroa — disse o emissário do Reino de Yuan. Os cabelos longos grisalhos estavam semi trançados. As roupas peludas e quentes o aqueciam naquela noite gelada.

Shi Rong suspirou, era compreensível, entre todos os seus irmãos, ele era o melhor, mas isso não significava que não havia ninguém incapaz de substituí-lo.

— O Terceiro Príncipe fará um ótimo trabalho, Ha Sakar. Eu sei que ele é capaz de cuidar de si mesmo e do Reino de Yuan.

O emissário, Ha Sakar, negou com a cabeça devagar. Seus olhos tão distantes e tristes incomodaram o príncipe.

— Seu irmão foi preso assim que entrou no Presságio da Morte, Alteza. Seus inimigos estão aparecendo cada vez mais e mais no reino do inverno.

Shi Rong apertou as mãos com força. Tudo o que ele sempre quis era uma companheira, alguém para dividir as alegrias e tristezas, assim que decidiu correr atrás dos seus desejos mais profundos, tudo começou a dar errado. Será que ele não deveria ter saído do Reino de Yuan? Ele fechou os olhos com força.

— Eu o treinei pessoalmente, Ha Sakar — murmurou, seus olhos agora abertos encararam a comida à frente, e seu estômago embrulhou.

— Eu me lembro — o homem barbudo sorriu complacente, se lembrava muito bem de vê-los juntos debaixo de tempestade e sol, entre espadas e arcos — Até me lembro de quando o ensinou a caçar.

— Obrigação de meu pai — disse entre dentes, o ódio fervendo em sua pele, a forma que seu pai tratava os outros filhos o enfurecia.

Concordou o homem mais velho, o sorriso aos poucos murchando.

— Alteza, volte para o Reino de Yuan — pediu o homem, com a voz baixa e sombria. O príncipe o encarou e seu coração doeu ao vê-lo derrotado — Precisamos do senhor.

Ha Sakar sempre foi respeitoso e cuidadoso com suas palavras. Ele não precisava dizer que o Reino de Yuan estava condenado se o príncipe não voltasse o mais breve possível, seus olhos diziam tudo. Suas feições denunciavam sua preocupação. Não era exagero, o pai do príncipe iria terminar de condenar o reino.

— Qual foi a acusação?

O homem se encolheu ao responder:

— Conspiração com o inimigo.

As mãos do príncipe foram de encontro à mesa e um som alto soou, e imediatamente uma mulher entrou no aposento, preocupada com o que quer que estivesse acontecendo. Os olhos da atendente percorreram o aposento, notando que não havia nada de errado, ela se curvou e se desculpou pela intromissão.

— Acalme-se, Alteza — sussurrou o homem mais velho com as mãos acariciando a barba grisalha — não queremos alertar os guardas lá embaixo — se referia aos soldados do Quarto Príncipe que os escoltaram até a pousada, e agora os protegiam.

— Eu estou furioso — seus olhos encontraram os do emissário e o homem barbudo podia jurar ver o fogo queimar sob o seu olhar enraivecido — Se eu estivesse lá cortaria as cabeças daqueles inúteis.

[1] Desejo e Poder, O Império de Han [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora