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Reino de Han, Pavilhão das Mil Flores

Fu Heng encarava o lado de fora do pavilhão da Primeira Princesa irritado. Ela havia sumido de novo. Era como se o sol a queimasse e ela simplesmente evaporasse. Com os passos apressados ele entrou nos aposentos privados da princesa e não havia encontrado nada. Nem sequer um vestígio de onde poderia ter ido, exceto por sua serva.

A serva pessoal da princesa sorriu desdenhosa, seus olhos transmitiam irritação, ela não gostava dele. Ele simplesmente respirou fundo, não iria cair no jogo da menina que sempre tentava fazê-lo querer matá-la.

— Onde está a Primeira Princesa?

A serva franziu a testa e sem conter o sorriso malicioso respondeu:

— Como uma serva saberia onde sua senhorita vai? Você, capitão, pergunta ao rei onde ele vai?

O homem respirou fundo mais uma vez. Ah, se ele pudesse, a mataria facilmente e lentamente.

— Certo. Vou procurar por mim mesmo.

— Com que autorização? — A serva se colocou na frente do capitão, as mãos estendidas formando uma barreira humana.

— A. Princesa. Está. Desaparecida — disse pausadamente, o sangue fervendo e a paciência se esvaindo.

Xiao Bai voltou a franzir a testa em confusão, mas o sorriso zombeteiro ainda estava lá para infernizar a vida do capitão.

— Quem disse que ela está desaparecida? Só porque não a viu sair, não significa que desapareceu, capitão. Apenas diz que seu trabalho é uma porcaria.

A narina do capitão se dilatou ao ódio tempestuoso que se formava no fundo de seu estômago. A mão do capitão repousou sobre o punho de sua espada embainhada, precisou de muita força de vontade para não empunhá-la e matar a maldita serva bocuda.

— Eu vou procurá-la e quando encontrá-la, Xiao — o termo dos escravos foi usado de forma tão suja que a mulher semicerrou os olhos, ela quis socá-lo na boca do estômago — você será punida por seu serviço desleal.

— Vá à merda, Fu Heng — disse a serva entre dentes sem se importar em utilizar o nome do homem ao invés de seu título.

Ele desembainhou a espada, o ódio subindo-lhe à cabeça, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa tola, uma voz tão suave surgiu dos fundos dos aposentos da princesa e ele se conteve.

— A que devo a honra, capitão?

O homem se curvou lentamente, embainhando a espada novamente, os olhos atentos à forma sedutora da Primeira Princesa.

— Saudações, Alteza.

Em passos lentos e silenciosos — ele anotou essa informação, ela conseguia ser tão silenciosa quanto os assassinos — a princesa surgiu em suas lindas vestes hanfu. Seu vestido possuía duas cores, um bege na parte superior e no colarinho de seu hanfu tradicional, e na parte inferior da saia um verde esmeralda que deslizava por suas longas pernas. No torso um bordado de lótus, enquanto pelos braços, o tecido se mesclava entre verde esmeralda e bege, as folhas verdes foram bordadas com delicadeza. Ondas que representavam os lagos do palácio foram bordadas com fios brancos suavemente, e carpas saltavam das ondas e gotas rodeavam os peixes que foram implantados cuidadosamente por suas laterais e costas. Linhas brancas entrecortadas foram bordadas na parte inferior da saia frontal, e pequenos lótus foram ornamentados. Um vestido digno apenas da Primeira Princesa.

Os cabelos soltos em grandes cascatas negras contrastavam com sua pele pálida. Suas bochechas rosadas e os lábios avermelhados com o último dos novos recursos de beleza. E em seus cabelos, acessórios de ouro adornavam seus fios escuros. Nas orelhas três brincos — que a nobreza feminina utilizava como forma de status — de lótus esculpidos no ouro com pedras quartzos por sua circunferência.

[1] Desejo e Poder, O Império de Han [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora