Capítulo 3

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A respiração de Maraisa veio em fôlegos curtos conforme se afastou da mulher. Lutou contra o desejo de arrancar a máscara, tocar nela com mais que só seu corpo. Tudo que queria em uma amante estava lá nesta mulher. Um olhar em direção ao espelho de duas faces refletia seu rosto, uma máscara de agonia e desejo que até o orgasmo poderoso não extinguiu.

E isso a assustava infernalmente.

Ela pegou suas roupas e saiu porta afora. Despida, ela fugiu para um banheiro do corredor e se vestiu com as mãos trêmulas. Seus dedos cuidadosamente limparam o suor que escorria por seu rosto, e quase gemeu quando colocou sua calcinha. Um golpe na porta a fez quase cair.

"Maraisa?" a voz de Henrique estava amortizada pela porta.

Colocando a roupa, Maraisa abriu a porta e enfrentou o homem mais velho. "Todos que você envia para ela reagem desta forma?" Ela se sentia como uma boba, usada. Entretanto o encontro inteiro tinha sido como ela imaginara, sabia de alguma maneira que esta mulher arrancaria o verniz que sempre tinha conseguido manter. Ela tinha entrado sob sua pele, e isso era a primeira para ela. Uma das razões pela qual ela era boa com submissas como ela era sua habilidade de ir embora, deixar o encontro terminar.

Não desta vez.

"Não." Henrique pareceu preocupado. "Ela estava... diferente desta vez."

Transtornada por suas próprias reações Maraisa queria partir. "O que você quer dizer?"

"Eu quero dizer que quando tirei as amarras, ela arrancou a máscara e começou a chorar."

As mãos de Maraisa permaneciam na fivela na cintura. "Ela está bem? Eu não a machuquei."

"Eu sei." a voz de Henrique estava calma. "Eu não estou certo sobre o que aconteceu lá, mas ela não é a mesma mulher que entrou naquele quarto uma hora atrás. Algum bloqueio que ela tinha por muito tempo se desintegrou." Ele suspirou. "Eu gostaria de saber o que isso quer dizer."

"Eu nunca pretendi..." Ela passou a mão por seu cabelo, alinhando delicadamente e colocando no lugar os fios soltos do seu rabo de cavalo frouxo.

"Você estará aqui semana que vem?" Henrique perguntou.

Estaria? Sua confiança estava abalada. Seus encontros com submissas tinham sido algo agradável até aquele momento, não obsessivo. Ela não estava certa se esta mulher não tinha acabado de se tornar algo perigoso para ela. E poderia, talvez, ser perigosa para ela.

Mas estaria aqui?

"Você quer que eu venha?"

Henrique pareceu olhar direito através dela. Então finalmente respondeu. "Sim. Sim, eu quero."

"Então sim, estarei aqui."

Os dedos de Marília tremiam enquanto se vestia no quarto escuro. Que diabo tinha acabado de acontecer? Normalmente, tinha satisfação com uma relação amorosa anônima. Isto era diferente. Algo sobre o toque daquela mulher tinha criado uma conexão emocional que ela tentava evitar. E aquela conexão estava fazendo com que reavaliasse seus próprios desejos sexuais.

Anteriormente, tinha dificuldade em não se conectar com outros. Relacionamentos pareciam mais desafiadores para ela do que para qualquer outra pessoa que conhecesse. Não era só que quisesse se submeter. Ela não queria absolutamente nenhum controle. Evitando o controle, evitava ser machucada ou machucar outra pessoa. Não ajudava o fato de que sua mãe tinha ido atrás de homens como Marília ia por papel higiênico. Nenhum deles durou e sua mãe acabou devastada e só. Em certo momento, Marília decidiu que estar só era mais seguro.

Então ela tinha tido as fantasias.

Sua primeira experiência sexual foi um desastre. Isso criou novas necessidades, novos fetiches. O que ela queria era ser tocada, desejada, mas não se conectar. O único controle que ela se permitia era a privação de seu rosto. Sempre funcionou. Não beijar, nenhum contato de olhos e nenhuma comunicação verbal durante o sexo não provocaria nenhum choque emocional.

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