Capítulo 6

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No dia seguinte Marília esperou por Maraisa no café e procurou na rua por ela. Maraisa finalmente entrou a passos largos pela porta, e da mesma maneira que antes, seus olhos se encontraram. Quando seu olhar começou a se afastar, Marília se forçou a abordá-la.

"Maraisa, você tem um minuto?" Ela manteve o olhar para o chão de uma forma verdadeiramente submissa.

O silêncio que seguiu torceu seu coração. Maraisa a rejeitaria como ela a rejeitou? Ela teria toda razão para fazer isso.

"Claro." Seu tom implicava indiferença, mas ela pediu seu sanduíche de almôndega e sentou em sua mesa. Marília apertou as mãos juntas para evitar ficar se mexendo enquanto o medo rasgava seu coração dolorido. Ela atirou um olhar para Maraisa. Distante e impassível. Não sabia o que ela estava pensando ou sentindo.

"Eu..." Marília engoliu o nó em sua garganta. "Eu tive uma conversa com Henrique ontem à noite."

"Então?" Uma única palavra dita sem emoção.

"Acho que reagi exageradamente na semana passada. Eu gostaria de explicar."

"Entendo." Nada. Nenhuma emoção.

"Mas não aqui." Ela torceu em sua cadeira.

"Onde você sugeriria?"

Maraisa lançava pequenos olhares para Marília. Seus olhos eram amêndoas frias, mas não iria voltar atrás agora. Se dissesse a Maraisa e ela não lhe desse uma segunda chance, teria que lidar com isso.

"Eu pergunto se você viria até minha casa para jantar hoje à noite... se for conveniente." Formal, sim, mas Marília conseguiu.

Maraisa enxugou sua boca com o guardanapo e olhou fixamente para ela. Emoção passava por seus olhos, mas ela não podia dizer se era raiva ou desejo. "Eu posso fazer isto. Que horas?"

O alívio nervoso quase a fez rir, mas Marília conseguiu conter-se. "Sete horas seria muito tarde?" Ela baixou o olhar para a mesa novamente.

"Estarei lá."

-x-

A antecipação corria ao longo das veias de Maraisa quando chegou perto do apartamento minúsculo de Marília. Ela não tinha nenhuma ideia do que iria encontrar, mas quando ela abriu a porta depois de uma batida, estava certa que Marília tinha esperado por ela, nervosa. Ela parecia rigidamente nervosa, e seus olhos vacilavam de seu rosto até o chão e de volta. Sim, ela estava definitivamente nervosa.

Maraisa tomou um tempo observando seu espaço. Marília estava permitindo que ela entrasse em sua vida privada, e queria aprender quem ela era sem a máscara, sem as roupas de couro.

Não existia nenhum retrato de família, mas peças de arte estavam em todas as paredes. Ela preferia temas mais escuros com tons abstratos, e Maraisa se viu perdida em uma das pinturas a óleo em sua sala de estar. A pintura mostrava uma criatura metade homem, metade lobo com uma máscara sobreposta acima de seu rosto de lobo. A máscara humana benigna cobria o grunhido animal embaixo disso. Na mente de Maraisa, aquilo revelava muito sobre a mulher que tinha comprado a pintura.

O resto do apartamento era limpo, arrumado, imaculado sem uma fagulha de vida. Não existia nenhuma flor ou bibelôs, apenas estantes lotadas de livros sobre tudo do estilo de vida de BDSM até fantasias escuras.

Enquanto Maraisa esquadrinhava o quarto, ela colocou a mesa pequena na cozinha e serviu uma travessa de lasanha no centro da mesa. Com um pequeno gesto de mão, Marília indicou uma das cadeiras e Maraisa sentou. Maraisa a estudou enquanto ela começou a servir uma porção grande e colocou na frente dela.

A MÁSCARA QUE ELA USA | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora