Capítulo 4

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No sábado à noite, Marília vestiu-se no mesmo quarto que usava desde que frequentava as reuniões de Henrique. Em vez de antecipação agradável, tudo que sentia era medo.

Ainda que ela e Henrique não tivessem discutido sobre isso, assumiu que ele escolheria outro parceiro anônimo para afastar a lembrança de seu último encontro. Ela tinha os sentimentos confusos sobre isso. Uma parte dela sabia que outro encontro sexual regularia o último, colocaria a lembrança no local onde deveria estar em sua memória. Ela tinha dado importância demais ao encontro da semana anterior.

Uma ansiedade que nunca tinha experimentado antes precipitou sobre ela, fez com que seus músculos se apertassem e sua garganta doesse. Conforme ela ajustou as tiras e zíper para cobrir o rosto, a claustrofobia a inundou como a primeira vez que colocou a máscara. Tinham passado anos desde que se sentiu tão insegura, com tanto medo. Sua respiração era superficial e curta.

Se ela olhasse para isto honestamente, era claro que evitava intimidade com um parceiro sexual. Ela sabia por que era necessário e isso não tinha mudado. Então, por que estava com tanto medo?

Seu coração sussurrou "Porque ela era diferente."

Ela ignorou a voz. Não, ela não tinha sido diferente. Ela tinha sido um corpo, um par de mãos. Isso era tudo.

Mas seu coração sabia que era mentira mesmo quando sua mente não pensava assim.

Ela endireitou os ombros e girou o pescoço para aliviar a tensão nervosa. Quando ela abriu a porta do quarto, Henrique estava lá, como sempre. Era reconfortante que estivesse alguém que não mudava ou oscilava.

"Bem, amor, você está pronta?"

Ela não podia movimentar a cabeça de uma forma ou de outra, desde que realmente não sabia. Ela permaneceu imóvel na soleira, com medo de sair, com medo de ficar.

A preocupação em seus olhos a tocou. "Você não tem que sair. Eu posso apenas escolher um Dom. Você sabe que a maior parte dos Doms no salão sabem as regras e nenhum deles tem que ver você."

Ela agitou sua cabeça vigorosamente. Esconder-se no quarto parecia covardia. Esta não era a experiência que ela procurava. Avançando, ela tomou seu braço indicando sua prontidão para descer ao porão.

Haviam mais convidados que habitualmente, e ela esquadrinhou o quarto. Qual era ela? Ela estava aqui esta noite? Filtrando doms e subs, ela tentou identificar se sua última amante misteriosa estava lá, esperando.

Sua tensão deve ter traduzido algo para Henrique. Ele bateu levemente em seu ombro. "Deixe-me lidar com isto. Você vai cedo para o quarto esta noite."

Marília movimentou a cabeça, mas quando ela dirigiu-se aos degraus, relanceou acima do ombro e permitiu que o medo em seu olhar comunicasse sua vulnerabilidade para Henrique. Seus olhos cinzentos encontraram os dela, e ele pareceu entender. Ela tinha que confiar nele.

O caminho para o quarto era o mais longo que já tinha feito. Era muito mais longo e mais destruidor para os nervos do que na primeira vez que confiou em Henrique para escolher por ela. Era agoniante. De alguma maneira, ela tinha que administrar isso. Confiar nele foi o primeiro passo para afastar o medo que tinha dominado sua vida.

Ela também tinha que confiar em si mesma. Era sua escolha, sua decisão. Vulnerável, mas resolvida, ergueu a cabeça e entrou no quarto.

Assim que Maraisa viu Marília indo para cima, andou do canto onde tinha estado longe da vista. O comportamento de Henrique era tranquilo e plácido quando Maraisa andou a passos largos para confrontá-lo.

"Qual é o seu plano para ela?" Ela não quis soar agressiva, mas não estava acostumada a lidar com sentimentos protetores tão fortes.

Olhos dele se chocaram com seus olhos. "Qual é o seu?"

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