Capítulo 1

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As luzes amareladas atravessavam o vidro escuro das janelas do carro, fazendo com que Cate Blanchett, se sentisse fora de seus pensamentos, enquanto seus olhos fechados lhe trazem calma para ouvir sua própria respiração e batimento cardíaco entre os gritos contínuos e altos direcionados a ela com apenas um nome: "Cate!" e os disparos das câmeras fotográficas por todos os lados, além de passos e música ambiente.

A mulher de belos olhos azuis, cabelo loiro e acima dos ombros, corpo magro, sorriso meigo e provocador, pela clara e considerada uma das melhores atrizes da nova geração para críticos de cinema e pessoas amantes de cinema, com os seus mais de 40 anos de carreira, não chamava apenas a atenção pela bela atuação em seus inúmeros trabalhos como O Curioso Caso de Benjamin Burton, Cinderela, Blue Jasmine, Carol, Thor Ragnarok, O Beco do Pesadelo, O Aviador ou Oito Mulheres e um Segredo, mas pela forma carinhosa e direta que tratava sua vida diante às câmeras e o quanto era discreta sobre sua vida pessoal, não sendo alvo de paparazzi, algo bastante incomum para alguém com um patamar tão elevado de reconhecimento.

Catherine Elise Blanchett ou apenas Cate Blanchett, a mulher impecável e insubstituível, naquele momento e dentro daquele veículo preto e importado, queria apenas uma coisa: voltar para sua casa e abraçar seus quatro filhos, entrar dentro de sua piscina e ficar abraçada ao seu marido, sentindo a água sendo testemunha de o quanto seu casamente de anos ainda era vivo, mas não poderia simplesmente sair de onde estava e sumir, pois, muitas coisas poderiam acontecer se essa atitude fosse feita e ela jamais fugia de sua responsabilidade, pois sabia que no fim de tudo, ela choraria seus males em seu sofrimento isolado, e independente de como sua mente estivesse, ela precisava abrir a porta, levantar a cabeça, sorrir para as câmeras, lançar provocações para que sua imagem de Femme Fatale jamais fosse apagada, dar autógrafos e discursar perante uma plateia de pessoas importantes o quanto foi bom e desafiador viver Lydia Tár, nos cinemas em um filme chamado Tár.

Cate respirou fundo mais de uma vez, focando que isso tudo iria acabar no fim da noite ou madrugada, a fim de voltar para onde estava.

A mulher ouviu a maçaneta da porta ser aberta, olhando para o lado e vendo seu marido saindo e já de pé, com um terno azul e conversando com alguns seguranças sobre sua segurança o decorrer do trajeto, até que a porta ao seu lado foi aberta e os gritos eufóricos de vozes que nunca ouviu antes, se tornaram muito maior e ensurdecedores, lhe mostrando que a calma e pensamento de fuga havia ido embora, pois, não podia mais sair.

Cate Blanchett, pisou para fora do carro, se erguendo como uma rainha que era e começou a caminhar ao lado de quatro seguranças, além de seu marido, sobre um largo e longo tapete vermelho com um vestido Givenchy, cuja saia era em degradê com a parte de cima em preto, costa aberta e cinto grosso na cintura.

Para onde seus olhos azuis olhavam, viam flashs e mais flashs, lhe causando agonia em todos quererem sua atenção. Seu coração estava acelerado e sua respiração seguia o mesmo ritmo, mas quem lhe olhava, via apenas a impecável atriz australiana de traços fortes e beleza única, não vendo sua pele trêmula, seu peito subindo e descendo aceleradamente e seus olhos confusos, e ela sabia que ninguém a veria, pois essa era a parte ruim de ser uma das melhores atrizes da atualidade, pois cada uma das pessoas em sua frente: fotógrafos, repórteres e anônimos, não estavam ali para ver Catherine, nascida na Austrália em 1969, mãe de quatro filhos e que não os via a meses, se sentindo uma mulher completamente vazia e sem vontade de continuar ali. Não! Todos estavam ali por Cate Blanchett, a mulher perfeita dos cinemas e capas de revistas, então falou para si própria:

- Para e vai! - respirou profundamente e começou seu desfile sobre o Red Carpet, olhando para cada lente e fazendo suas caras e bocas, enquanto todos gritavam seu nome, não lhe fazendo se sentir o centro das atenções, mas vontade de ir embora o mais rápido possível, mas iria ser a atriz perfeita daquela noite, atuando sua personagem favorita, a atriz ganhadora de dois Oscar, três Globos de Ouro e inúmeros outros prêmios memoráveis para uma atriz ou ator. A Catherine iria ser Cate Blanchett.

A mulher alta em 1.74m, se aproximou de uma mureta de proteção que a separava dos fãs eufóricos e que não paravam de gritar em nenhum momento, enquanto seguravam fotografias, DVDs e capas de revistas em sua direção, com súplicas e implorando para que ela apenas colocasse seu nome como autógrafo, mas outros lhe pediam selfies, lhe arrancando um sorriso meigo e usando das vastas pessoas para não as tirar, porque sua mente realmente não queria estar ali, mas jamais se recusou a algo, fazendo tais fotos quando sua alma e mente estavam com ela, já que cada uma das pessoas em sua frente lhe amava e ela nem sabia seus nomes, mas naquele momento, seu modo automático segurava a caneta e assinava, não percebendo como estava fazendo, apenas riscando e para muitos, isso era uma grande vitória.

Cate olhou o grande percurso que ainda precisaria percorrer, dando por encerrado a sessão com os fãs, e assim que autografou a última foto e a segurando com uma das mãos, leu:

"Eu vejo em seus olhos que você não queria estar aqui, e não está bem, Catherine!"

A mulher de vestido longo e caro, arregalou os olhos de imediato, começando uma busca entre as centenas de pessoas em sua frente, mas todas eram diferentes demais para que ela conseguisse achar a mão feminina por trás do que havia lido, pois essa pessoa foi a única entre centenas ou milhares, que a viu realmente. Sua expressão de aflição e curiosidade, não passou despercebido por quem estava em sua frente, assim que perceberam que a mesma buscava alguém, enquanto segurava a foto dela própria com a frase escrita a punho, começando a olhar ao redor em busca de alguém que nem sabiam quem era.

Um toque calmo e carinhoso foi sentido por Cate, que virou rapidamente, vendo seu marido a olhando aflito, mas tentando sorrir, enquanto lhe perguntava:

- Algum problema, meu amor? Você está gelada!

- Não! Estou bem! - sorriu e lhe depositou um selinho, voltando a olhar todos em uma última busca falha, então se despediu da primeira sessão de autógrafos da noite, mas segurando a fotografia com cuidado, pois ela era uma peça rara entre todos.


Espero que gostem e deixem seu comentário e voto, pois, vai me ajudar muito a continuar essa história com vocês  :)

Fuja, Cate Blanchett!Onde histórias criam vida. Descubra agora