Capítulo 8

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À rodovia quase vazia e rodeada por árvores, avisaram a Cate e S/N que elas se aproximavam de seu destino desconhecido em algum lugar de Berlim.

Os assuntos conversados dentro do carro e durante o percurso de quase 50 minutos, permaneceram no mesmo, como se estivessem largados para serem esquecidos para sempre.

O ar harmônico e aconchegante as abraçaram, não dando muita importância às diversas pessoas que poderiam estar preocupadas com Cate Blanchett, enquanto um evento estava sendo realizado para entrevistas sobre o filme Tár.

Elas caminharam por um caminho repleto de areia fina e esbranquiçada entre a grama esverdeada que rodeava a mesma, enquanto eram abraçadas por enormes árvores na mata fechada de uma floresta silenciosa.

- Que lugar é esse?

- Minha casa.

- Você literalmente se esconde por conta dele? - estranhou. 

- Sim.

- Mas ele não chegou a ser preso ou algo do tipo? - perguntou Cate, olhando no fim da trilha, uma cabana.

A mulher de intensos olhos azuis, viu a enorme estrutura em madeira maciça das árvores ao redor. Possuía dois andares e duas janelas de vidro em cada uma das paredes. Uma escada levava seu visitante ao segundo andar, e aos olhos de Cate, não existia local perfeito para seu desaparecimento inesperado. 

S/N começou a caminhar até a entrada, abrindo a porta e se afastando, para que a atriz pudesse ser a primeira a entrar no local. 

Blanchett a olhou com um sorriso no rosto, enquanto a voz de Winter ecoava.

- Fique à vontade.

- Com toda certeza! - começou a entrar, sentindo o ar quente lhe abraçando.

Andrew caminhava de um lado para o outro, enquanto olhava as horas e minutos no enorme relógio de ouro em seu pulso, começando a achar o atraso de sua esposa estranha demais.

Carros e mais carros estacionam, mas nenhum trás em seu interior a mulher de cabelos loiros e olhos azuis.

- Cadê você, meu amor?

Um carro preto estacionou em frente ao homem, abrindo a porta e dando esperanças de ser ela, mas não. Nina Hoss, desceu com seu vestido preto de mangas longas e aveludado, tendo uma enorme saia que se iniciava no meio das pernas. Assim que seus olhos encontraram os dela, Andrew teve sua frustração estampada em seu rosto, enquanto Nina perguntava.

- A Cate, ainda não chegou?

- Não! E me avisaram que ela já saiu do hotel.

- Sim. Perguntei por ela. 

- Eu ligo, mas cai na caixa portal.

Nina ouviu seu nome, levando suas atenções a quem lhe chamava, mas sua mente começou a perguntar onde Blanchett poderia estar, já que saiu depois da atriz, seguindo o cronograma da organização. 

A mulher avisou a Andrew que tentaria falar com Cate, e que qualquer informação que ele a informasse.

Então continuou caminhando e assim que pisou para dentro da enorme área em que o evento aconteceria, recebeu uma chuva de gritos e flashes. Sendo o centro das atenções, mas com os pensamentos em Blanchett.

S/N olhava por trás da enorme porta de vidro do segundo andar, Cate ou Catherine, para ela, admirando a paisagem enquanto suas mãos seguravam a mureta de madeira na varanda.

Era estranho para S/N, ver em sua frente uma atriz tão famosa, mas que para ela era apenas Catherine, a jovem de 30 anos atrás. Apenas Catherine. 

Cate virou para olhá-la e manteve contato por longos e intermináveis segundos, pois via o quanto o ano passasse, S/N conseguia mexer com sua mente e corpo, acelerando seu coração e lhe causando palpitações, apenas de estar ali.

- Me sinto uma adolescente de 15 anos. Quando faz algo errado e sabe que vai se arrepender depois. - riu Cate.

- Você sempre foi focada demais!

- Isso é verdade!

Blanchett começou a caminhar a passos lentos para dentro do aconchegante quanto, enquanto S/N permanecia para e com os braços cruzados a vendo se aproximar. 

- O que mais você quer, agora Catherine?

- Dormir - riu, assim que olhou para a cama - Depois voltar. Porque eu preciso voltar!

- Então…

Winter levou suas atenções para a cama, afastando o grosso edredom em preto e vermelho para longe o suficiente, dando espaço para que Cate pudesse se deitar.

Blanchett, caminhou, parando em frente a S/N e olhando para a cama, sorrindo ao imaginar que iria finalmente dormir, por no mínimo 6 horas, já que eram 8 horas da manhã. Então olhou os olhos castanhos claros de Winter, enquanto pensava em lhe agradecer, mas seu corpo falou mais alto que sua própria voz. 

Catherine puxou S/N pela nuca em um gesto rápido e certeiro, colando seus lábios em apenas um. Seu corpo sentia o errado, mas não lhe permitia sentir medo ou frustração, apenas queria matar a saudade de quando algo do tipo entre ambas era normal. Queria poder demonstrar o quanto ela foi e ainda faz seu corpo inteiro desejar uma mulher, mesmo que fale jamais ter se envolvido com uma.

O ar entre ambas foi necessário, lhes fazendo se afastar e olharem um nos olhos da outra, mas por pouco tempo. S/N a puxou pela cintura, lhe dando um beijo mais acalorado, borrando seu batom quase nude e com perfume de rosas, entrelaçando seus dedos nas madeixas loiras e a vendo arrancar a franja colocada e que disse ter cuidado. 

O som do vento batendo na copa das árvores, entrava no quarto onde Cate e S/N estavam. Sendo testemunha de uma traição, talvez?

Não importava mais nada para Cate, pois ela estava sendo tomada por algo muito maior. Ao ponto de sentir o toque das pontas dos dedos de S/N em suas costas, enquanto o zíper deslizava por sua pele. Arrancando suspiros e sorrisos de seus lábios. 

- Você continua a mesma de sempre.

- Mas com alguns números a mais - riu, fazendo Winter rir.

- Mas continua incrível! - a beijou nas costas, sentindo a mesma se arrepiar por inteiro.

Nina Hoss, olhava para inúmeras câmeras fotográficas de diferentes tamanhos e cores, sorrindo e caminhando a passos lentos, se posicionando em frente a todas, saindo depois de 10 minutos.

O salão principal estava cheio com repórteres a perder de vista, que a olharam com um sorriso. Agradecendo a todos, ela continuou, olhando para trás algumas vezes, não vendo Cate, cogitando fortemente que a atriz não iria aparecer.

Hoss lembrou do dia anterior e o exato momento em que Cate pediu para irem à cozinha, pois não queria mais assistir ao ver e ter que ver Lydia Tár novamente. Começando a pensar que a cabeça e corpo de Blanchett, ainda estava ligado a Tár, pois foi uma carga elevada de personalidades negativas que a mesma precisou enfrentar, como egocentrismo, soberba, individualidade, egoísmo e acima de tudo, superioridade exagerada, já que Lydia Tár, poderia ser a mais brilhante maestra, mas o poder a levou ao lado negro de tudo citado, fazendo Blanchett sentir tudo isso, mesmo depois de meses e começando outros trabalhos.

Hoss não iria esperar alguém que sabia e apoiava não estar presente. Então começou a subir no palco, pegar o microfone para a surpresa de todos, se sentou e apenas disse:

- Podemos começar? 

Fuja, Cate Blanchett!Onde histórias criam vida. Descubra agora